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Cap 1

Uma dama vestindo uma simples túnica de azul escuro de seda, estava sentada na margem do lago cristalino. Peixes prateados e de muitas cores brincavam ao redor de seus tornozelos como se estivessem muito felizes.

A dama, ao olhar rapidamente, parecia uma pequena e magra estatua de mármore de jardim. Tudo nela era pálido e branco, os longos cabelos levemente ondulados corriam brancos pelas suas costas e descansavam entre as folhas da grama. O rosto tinha um formato quase infantil de coração, com lábios pequenos e grossos cor de rosa claro, o nariz era pequeno, mas com uma ponta redondinha.

Os olhos dela, os mais assombrosos, eram prateados. Não prateados como as pratas das moedas dos homens, mas prateados como joias brilhantes e que rodeavam grandes pedras brancas e transparentes. No interior, haviam duas pupilas muito escuras como um buraco no centro do universo.

Como uma moldura, os cílios eram cinzentos como suas sobrancelhas, e adornavam os olhos de uma forma que parecia fazer o olhar dela parecer ainda mais penetrante.

Seu corpo era quase como o de uma jovem adolescente, mesmo já tendo 22 anos, e havia parado de crescer desde o dia que fizera 17. Isso era a prova da herança do pai dela, o Rei dos Sonhos, que a abençoou com o dom da imortalidade. O que para ela, não era uma benção viver em uma vila onde as pessoas cada vez mais a olhavam de uma forma estranha.

Ersa suspirou fazendo os espíritos prestarem atenção nela.

Ela era, naturalmente, uma pessoa silenciosa. E meses ali, permitiram que os espíritos se acostumassem com isso.

Nunca saia do jardim, todas suas refeições eram preparadas por ela mesma por coisas encontradas ali ou trazidas pelos espíritos e pequenas ninfas do lago. Raramente pedia ajuda, e quando pedia as criaturas ficavam mais do que felizes em ajudar. Tudo o que ela fazia, era cuidar do jardim, das criaturas e espíritos, e purificar o lago a cada 5 dias.

No inicio havia se preocupado com a mãe que foi deixada na vila com os outros 3 filhos, irmãos mais velhos de Ersa. Estava preocupada se comiam bem, se a mãe estava saudável e os irmãos trabalhando bem.

Mas, depois de algum tempo, ela percebeu que sair da Vila foi uma boa ação. Ela nunca foi querida na vila, nunca a respeitaram ou a tratavam bem. Ao contrario dos seus irmãos e mãe, ela sempre foi tratada com hostilidade, mesmo que sua família a protegesse.

Eles a chamavam de pequeno tesouro, como um pequeno cristal muito frágil que eles queriam proteger. Porém, quando sua mãe notou que ela tinha herdado do pai a imortalidade e os poderes da lua, sua família começou a mante-la cada vez mais retida em casa.

"É perigoso, pequeno tesouro" dizia a mãe e os irmãos.

Era perigoso, para os aldeões, para sua família. Não era perigoso para ela, entretanto, ou ela acreditava que não.

O poder da lua trouxe a ela a habilidade de manipular a água, principalmente a noite. Também poderia manipular a mente das pessoas e seus sonhos de uma forma mais superficial que seu pai, e apenas durante a lua cheia. Tudo o que a lua tocava e refletia, ela poderia controlar, mesmo durante o dia.

"Não é nada" ela sorriu para uma sylph que havia chegado perto dos seus tornozelos querendo saber se estava tudo bem

"Só estou um pouco nostálgica, é tudo"

Alguns dos espíritos pairaram ao redor dela, como se quisessem conforta-la.

"Não se preocupem, não estou triste. Apenas estava pensando que ser encontrada por Rihell foi algo bom"

Então ela lembrou de Rihell, um enorme dragão verde, o Deus e Rei dos Céus. Rihell, um dragão já um pouco idoso, estava no comando dos Céus a milênios e havia chamado ela em resposta ao pedido de Anu, o pai de todos.

O Rei havia chegado em um dia em que ela caçava na floresta.

O dragão estava parado numa pradaria sentado em grandes arbustos, um enorme dragão com escamas verde musgo que combinavam com o verde vivido da floresta. Todas as criaturas pequenas ou grandes em um raio de algumas milhas haviam ido acolher o rei, o que a guiou até ele enquanto caçava coelhos.

Quando Ersa chegou, Rihell já sabia que ela viria.

Preenchendo sua cabeça com a voz dele, palavras foram ditas em uma forma envolvente na voz do rei.

"Ersa, filha de Amna e dos nosso irmão Rei e deus dos sonhos Oridel." E então uma vivida imagem de um lago refletindo a lua cheia havia entrado em sua mente. Era como se ela estivesse ali, como se sentisse a dor que cada canto daquele jardim sentia.

Era um chamado, e ela não conseguiria ignorar. Rapidamente ela se despediu de sua família e partiu, guiada por Rihell, até tal jardim. Não sabia como explicar nem se pedissem para mostrar como isso ocorreu, foram necessários percorrer desde caminhos suntuosos, desertos e grandes florestas, até o além e da casa dos mortos para chegar até aquele jardim.

Passaros chegavam e iam do jardim, assim como pequenas e grandes criaturas, mostrando que o jardim em si era conectado a natureza mesmo estando além das terras conhecidas, e em meses ela notou que nenhuma raça mortal ou até mesmo imortal havia entrado ali, que não fossem animais ou Rihell.

O Rei ia visita-la em intervalos irregulares, sempre quando se lembrava do jardim ou dela. A tratava como um pai deveria tratar, e sempre a levava comida, roupa ou livros novos. Então, o tempo de Ersa nunca era entediante ou desperdiçado devido a sua natureza calma e gentil.

As vezes ele também levava algumas noticias de sua família, porém, mesmo que não levasse ela ainda detinha o poder da Lua, que era muito mais forte ali graças a energia celestial que a envolvia.

No lago, em dias de lua cheia, ela poderia ver qualquer coisa que queria. Desde o passado, o presente ou até mesmo o futuro.

Os poderes da lua eram quase ilimitados, e eram afetados por ela, assim como ela também era afetados por ele.

Foi assim, que Ersa viveu por várias centenas de anos, vendo seus irmãos e mãe morrerem, velando pelos descendentes de sua família, era de reis e guerras sangrentas. Porém, Ersa nunca negligenciara seu poder e seu trabalho. Cuidava dos espíritos, da agua do lago, das primeiras chuvas das estações e da cura das aguas mortais. Nunca havia encontrado outros deuses, mas havia enviado a eles agua curativa a partir de Rihell ou das ninfas do lago. Havia curado espíritos consumidos pelo pecado e utilizado da lua para abençoar pequenas crianças.

E nesse tempo, Ersa nunca adoeceu ou sequer envelheceu. Era alheia as ameaças externas, e era a relíquia divina que não se tornou nada além de pequenos rumores entre até mesmo os demais deuses.

Havia sido esquecida, por todos menos por Anu e Rihell.

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