1 [Sem título]

Mesmo com a vontade de escrever, por que devo escrever?

Quem escreve, escreve algo para alguém ler.

Pergunto-me.

Você leria tudo que escrevi até o fim?

Pergunto-me.

Devo parar de escrever?

Pergunto-me.

Algum dia poderei tirar um 'eu te amo' da tua boca?

Pergunto-me.

Para onde vai o homem que guarda o amor no peito ao lado de quem ama?

Pergunto-me.

Deveria doer tanto quanto dói?

Pergunto-me.

Por que pergunto-me sobre tantas coisas?

Quero escrever sobre.

Tantas coisas.

Mas...

Tudo o que ando escrevendo não parece ser suficiente.

Faltam linhas.

Faltam palavras.

Não é apenas o sujeito que se tornou oblíquo.

Todo texto é oculto, todo texto é o sujeito.

Sinto não ser capaz de colocar em palavras tudo o que sinto por ti.

Acho que sou uma cópia ruim de todas as minhas inspirações.

Eu sei por que meus textos são pobres e podres.

Frankenstein.

Sou o Frankenstein e sou também a criatura.

Sou o pai rançoso e cruel que queria ser algo, por isso criei a criatura, criei a mim mesmo.

Criei um monstro, partes desconexas dos mais diversos autores.

Ninguém me ensinou a amar.

70% água.

100% mágoa.

Ou eu desabafo ou...

Eu me mato.

.

.

.

.

.

.

.

. Decidi me matar

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