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Bem vindo ao Inferno

Em meio a um céu vermelho escuro e ao forte cheiro de sangue, no topo de uma rocha, havia um garoto de cabelos alaranjados, por volta dos 7 anos de idade. Sua pele era parda e seus olhos verdes com olheiras profundas pareciam contemplar o vazio infinito na escuridão acima.

Sentindo algo, a criança instantemente se levantou e redirecionou seu olhar para a esquerda. A duzentos metros uma figura começava a se tornar visível, gradualmente saindo da nevóa cinzenta, com quatro patas que terminavam com garras afiadas o suficiente para destroçar um adulto. A besta possuía músculos poderosos, aparentes devido à ausência de pele para cobri-los.

Ela cheirou o ar, sentindo o odor de sua próxima presa, instantemente, a criatura parecida com um lobo sem pele avançou em direção ao garoto, ansiando por carne fresca. Quando estava prestes a decapta-lo com suas poderosas mandíbulas, ele rapidamente esquivou-se para o lado.

As unhas do ruivo adquiriram uma tonalidade preta, tornando-se fatalmente afiadas, e ele enfiou seus polegares nos olhos da fera que não teve tempo para reagir, ainda chocada por uma presa tão pequena e frágil ter escapado de seu ataque. Um uivo estrondo e agonizante se seguiu, líquido vermelho e viscoso escorrendo dos globos oculares da besta, mistura de sangue e humor vítreo.

Naquele momento, a fera, com profunda intenção assassina, tentou acabar com a vida do garoto com um ataque de suas garras. Desta vez, a criança, sem esperar que a fera sobrevivesse, não conseguiu se esquivar, mas defendeu-se com o braço, sofrendo ferimentos profundos, mas que não chegaram ao osso.

A besta, agora completamente cega, tentou outra vez cortar o garoto ao meio, mas errou por alguns centímetros. Rapidamente, o pequeno ruivo aproveitou a brecha e fincou novamente suas unhas, agora mais parecidas com garras, mas cavidades oculares da abominação, chegando ao cérebro.

Convulsionando, a besta desabou, sua respiração cessada. O garoto aproximou-se do cadáver, cortando sua barriga e abrindo espaço entre as tripas, um cheiro pungente subiu ao ar, mas o garoto estava acostumado a tal odor, o cheiro da morte.

A criança arrancou o coração vermelho e ainda quente do corpo, e com as mãos ensanguentadas, o levou a boca e o mastigou devagar. Sentido um calor revigorante passando por seu corpo, o garoto sorriu.

Satisfeito com a caçada bem sucedida, voltou a rocha, contemplando seu braço ferido regenerando-se e seu corpo se tornando ainda mais forte, nutrido pela energia demoníaca presente no coração da besta agora caída.

Depois de algum descanso, ele sentiu um calor abrasador, mas extremamente calmante, surgindo das profundezas de sua alma.

"Merda"

Foi a única palavra que conseguiu falar antes de seu corpo começar a se debater, minúsculos raios negros avermelhados saindo de sua pele e entrando novamente em seu corpo, sua alma estava transbordando de energia e crescendo além de seus limites.

Pensamentos de destruição surgiram em sua mente,sussurros incompreensíveis surgiram do além, mas seu significado era claro.

"Liberte-se, deixe que seus desejos assolem o mundo"

"Abrace a sua natureza"

O garoto estava quase que embriagado no poder que aqueles delírios prometiam, mas sua vontade era firme, era um de seus domínios afinal.

Mas ele estava preparado, usando parte da crescente energia demoníaca que tinha para selar a loucura nas profundezas de sua mente. Sua alma tentava se expandir, crescer , mas não conseguia ultrapassar os limites de seu corpo fortalecido pelos minúsculos raios, então começou a se condensar.

Depois de alguns minutos, sua alma e corpo se estabilizaram, mais poderosos do que nunca. Seu coração, o ponto de ancoragem de uma alma imaterial a um corpo físico, batia com vitalidade, levando sangue e energia a todas as regiões do corpo do garoto imóvel.

"Foi mais fácil do que eu esperava"- disse com um pequeno suspiro de alegria.

Porém, naquele momento, algo se libertou do fundo de seu ser, e um nome veio a sua mente.

"Volteris"

O garoto sorriu de empolgação e começou a gritar animado, ele era uma criança afinal.

"Volteris, Volt pra abreviar, eu finalmente tenho um nome, quase tinha esquecido que ia conseguir um quando evoluísse"

Porém, Volt sentiu-se sonolento e letárgico, desmaiando em instantes, a pressão sobre sua existência foi grande e ele precisava de um descanso.