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1. Sede de sangue das veias de um traidor.

Abri os olhos repentinamente, foi como acordar de um longo sonho. A boca estava seca e os lábios rachados, meus olhos tinham que se acostumar com a luz que entrava na direção do meu rosto. Levei a mão até minha cara impedindo toda aquela iluminação, estava tão faminto, tão sedento por uma veia pulsante para cravar meus dentes pontudos. Me ergui lentamente, o corpo enfraquecido pelos anos que passei na clausura, as imagens vinham em fleche na minha cabeça me lembrando do rosto daquele maldito traidor: TRAIDOR DE MERDA, COMO VOCÊ PODE? Foram minhas últimas palavras nada poéticas. Deitar sobre a alcova de forma obrigada foi sem dúvida a pior sensação que já havia sentindo.

- Senhor Ibraham, nós viemos libertá-lo e servi-lo. – A voz desconhecida vinha do portador do objeto de luz. Segurei seu braço, fazendo com que soltasse aquilo, era tão incomodo. O cheiro de mofo e morte impregnava aquele local. Ainda lembrava das paredes do cemitério no subsolo da capela de São Pedro, tinha imagens religiosas, aqueles incrédulos realmente achavam que símbolos iriam me impedir de despertar? Precisavam de um mago poderoso para selar meu corpo naquela cova rasa de pedra que agora estava quebrada. Olho ao redor, não foi as imagens, as paredes de aspecto envelhecido que me chamou a atenção.

Havia três jovens, duas moças e o rapaz que ousou falar comigo inicialmente, todas crianças da noite, sem nada extraordinário nas suas almas, pareciam pequenos neófitos, acabados de despertar do beijo ou algo do tipo, tremiam diante da minha presença. Seus olhos eram impressionados, todos com etnias diferentes. A moça que vestia roupas escuras e segurava meu alimento, era asiática, possivelmente japonesa, não conseguia definir realmente. A outra de origem Irlandesa, vestia um casaco para se proteger do frio. O rapaz que falará era negro, possivelmente de origem americana ou francesa, seu cheiro era confuso no momento, todos tinham uma vasta linhagem de sangue.

- Em que ano estamos? – Pego a bolsa de sangue da mão da menina, engolindo aquilo de uma vez. Preferia o sangue fresco, mas não estava em posição de exigir algo naquele momento. Até minhas mãos eram secas como a de um cadáver, as vestimentas a muito tinham puído devido ao tempo. A Irlandesa me deu alguns panos modernos, recusei e fiz sinal que deveria me vestir, a menina se aproximou hesitante. Retirou os velhos trajes e foi colocando os novos, particularmente simples. Uma camisa com botões de um tecido de péssima qualidade, a calça de linho que encaixava perfeitamente no meu corpo e os sapatos que pareciam couro sintético.

- Em 2020, meu senhor, janeiro. – O rapaz disse de maneira apressada. Precisava de mais sangue se queria recuperar todos os meus poderes.

- E por qual motivo não trouxeram um sacrifício vivo até mim? – Então estávamos em 2020, 120 anos adormecido naquele lugar pútrido, esquecido naquela prisão de ossos e pedra. Como aquele desgraçado tinha ousado fazer aquilo? Era tão difícil aceitar, foi como se tivesse sido no dia anterior, tão fresco em minha mente. Mas, ao menos o bastardo possivelmente deveria estar morto.

- Achamos que o senhor iria preferir caçar. Nós invadimos a igreja com intuito de traze-lo de volta, mas logo saberão o que fizemos. – A jovem que até então estava calada dizia muito rápido. Entendi, aqueles eram apenas cordeiros para sacrifício, havia alguém querendo usar meus poderes e por isso estava liberto novamente, visto que a muito tinha saído da comunidade vampírica, não tinha muita influencia nas politicas dos sanguessugas. Apesar de que nos meus tempos áureos era o dono daquela cidade, ninguém poderia fazer nada sem minha permissão.

- E... ele está vivo, senhor, o homem que fez isso, que te deixou trancado nesse caixão de pedra. Isaac D'Lammor. – O rapaz disse aquilo com tanta convicção, sem mentiras na voz, porém, já tinha ouvido palavras que soavam verdades tão doces antes. Não conseguia acreditar. Issac poderia ser um mago, mas ainda era humano, como poderia ter sobrevivido todo aquele tempo? A não ser que tivesse sangue especial. Não duvidava, pois seus mistérios apenas fizeram com que acabasse naquela alcova, então poderia dizer que havia aquela possibilidade ou alguma magia que tenha incutido em si mesmo, eram poucas possibilidades prováveis que não estava interessado em saber, apesar de que perguntaria antes de cortar sua garganta e bebe seu sangue mágico.

Não pude pergunta mais, ouvi os passos vindo das escadarias de pedra. A única coisa que conseguia pensar era em uma boa refeição. Cinco pessoas, um banquete. Os religiosos apareceram e meus servos foram para trás, sem duvida vampiros totalmente inexperientes. Fui a frente, praticamente não dei tempo daqueles homens de reagirem diante da minha velocidade, não estava tão enferrujado quanto imaginei. A cada garganta um corte limpo, sem tempo para dor e sofrimento. Odiava os gritos das minhas vítimas. O chão ficou marcado de sangue desperdiçado. Peguei dois deles e os suguei até o cadáver está totalmente seco. Recuperando minha aparência e meu aspecto. Fazia tantos anos que não matava humanos, mais anos do que meu sono. Fui subindo as escadas sem esperar os jovens. A igreja nunca foi o lugar mais agradável, apesar da arquitetura esplendorosa e nostálgica.

Antes havia fé, agora apenas a heresia de pessoas que não sabiam orar pelo seu próprio Deus. Fui me retirando do ambiente pela porta da frente até vê finalmente a lua e sentir o cheiro da natureza, misturado a poluição da cidade de Fargos. Estava morto, mas ao mesmo tempo me sentia completamente vivo. Fazia tempo que buscava essa sensação e acabei caindo nos braços de um homem vil, apesar de não poder dizer que era diferente diante da sociedade que olhava os vampiros como monstros nefastos e tinham razão de temer, mostraria isso a Isaac pessoalmente, um motivo para sentir medo. Honraria meus antigos feitos buscando vingança, contudo, aquilo poderia esperar por enquanto, principalmente ao perceber meu redor. Tudo era diferente.

Principalmente iluminado, luzes em todos os locais, veículos passando, pessoas caminhando com roupas curtas ou diferentes da virada do século passado, invenções pensadas apenas por Da Vinci funcionando a minha frente sem precisar da tração de um cavalo. Fui levado até um desses instrumentos de locomoção, estava apreciando a modernidade, poderia aprender com facilidade depois do meu sonho mortal, mas tinha que me atentar onde estávamos indo. O caminho diferente de tudo, prédios e casas com design esplendorosos. Era fascinante como os humanos conseguiram avançar em tão pouco tempo, queria ter visto aquilo acontecer e contribuir, no entanto, essa oportunidade me foi tirado, o que me trazia a questão principal de estar acordado, encontrar Isaac e prendê-lo em um caixão de pedra o fazendo dormir por toda a eternidade, sendo esquecido pela humanidade sem lhe dar a chance de conseguir sair. Enterrar tão profundamente que ninguém, nem a tecnologia mais avançada o conseguiria tirar.

Vamos nos afastando da parte urbana, sabia onde estávamos indo, minha antiga morada no alto da colina Harley, o local tinha uma estrada que chegava até a parte de cima, era considerado amaldiçoado, então ninguém chegava próximo daquela área, sua curiosidade normalmente era recompensada com a morte. Agora tinha uma matéria escura no chão que ajudava na locomoção do veículo que descobri que chamava carro.

Ao longo do caminho também notei pela conversa paralela dos meus supostos servos, seus nomes: a irlandesa era Dafne; a japonesa tinha o nome de Erika e o rapaz, Marcos. Os três pareciam vampiros recém transformados, o que tornava aquela ida até a igreja deveras irresponsável, contudo, sabia o que estava acontecendo, desconfiava e esperava que a pessoa que tinha mandado aqueles jovens até o ambiente religioso tivesse muita carisma, senão estaria morte antes de conseguir terminar a se explicar.

A mansão era a mesma que lembrava, bela, fúnebre e agora tinha um toque de modernidade, as cores sóbrias e sempre sombrias, a frente alguns servos, agora estava mais movimentada que outrora, os vampiros devem ter se apossado da minha propriedade, era interessante quando notaram a minha presença e ficaram com temor, se afastando ou desviando o olhar, não reconhecia nenhum deles, mas sabia que já os tinha visto em algum momento, ao menos alguns. Nada familiar até entrar na parte do Hall de entrada, alguns noturnos mais poderosos estavam me aguardando, o clã estava reunido novamente e não sabia a quanto tempo.

- Seja bem-vindo, Lorde Há'rim Ibraham, estávamos aguardando a sua chegada. – Silvia se aproximou, aquela mulher era mais falsa que a serpente do jardim do Éden, quem sabe as duas não eram as mesmas criaturas.

- Quem deu permissão para que três neófitos me libertassem? – Pergunto cortando toda aquela cordialidade falaciosa. A mulher engoliu em seco.

- Foi Ramires Fernandez. – A vampira nem mesmo hesitou em denunciar o líder daquela facção que criaram no meu território.

- Erika, me leve até seu mestre. – Digo a menina que me acompanhou até aquele momento. Parecendo surpresa por estar cercada de pessoas supostamente mais fortes e experientes e ter sido escolhida por mim, que obviamente tinha a maior influencia daquele lugar. A moça se antecipou para subir as escadarias, o silencio no salão era mórbido, ninguém parecia se atrever a sussurrar como era comum em festas e eventos similares. Andei até a parte superior, toquei suavemente na madeira escura da escada, lembrava, era como bailar novamente naqueles corredores, vê as antigas estatuas e tapeçarias, agora tudo iluminado com luz elétrica, algo raro na minha época, ninguém tinha acesso e agora as luzes estavam em todas as partes.

E foi naquele lugar os encontros mais intensos que tive com Isaac. Tudo tinha suas lembranças.

- Melhor não ir, Há'rim, você não sabe o que há naquela igreja. – Isaac dizia enquanto me abraçava por trás. Estávamos na sacada, a mansão era o vazio que necessitava, sem nenhuma interferência, seja do mundo vampírico, seja do humano, porém, tinha algo urgente com o qual deveria lidar. Me viro na direção do maior, tocando seus cabelos, eram longos e estavam amarrados em uma trança que descia até o meio das costas, o castanho parecia brilhar com a luz da lua, assim com os olhos de âmbar que enfeitava seu rosto com a barba malfeita que adorava. Tudo no maior parecia perfeitamente sincronizado, mesmo quando acabara de despertar.

- Sabe que preciso, Isaac, não é como se fosse uma escolha, meu irmão pode estar em perigo e não acho que devo deixar aquele inconsequente na mão de caçadores que poderiam chegar até mim em breve e em você também. – Beijo seus lábios, demorando um pouco mais no toque, mesmo que aquela noite não fosse realmente boa para afetividades mais demoradas, queria ficar daquele jeito. Aquele homem foi o único que fez meu coração morto bater em muito tempo.

- Sendo assim, se não posso impedi-lo, irei contigo. Não te deixaria sozinho. – Murmurou brandamente contra minha pele, me fazendo querer ficar confortável naqueles braços. As vezes imaginava o que Isaac pensava de mim, quando me encarava, o que vinha na sua cabeça, se minha aparência era suficiente para lhe arrancar admiração e desejo, sabia que sim, poderia sentir, apesar de não conseguir ler sua mente, ainda sentia que havia o verdadeiro ímpeto de me levar a cama. Era a primeira vez que experimentava tantos sentimentos controversos, desejos, inseguranças, paixão e medo.

- Depois que isso terminar, vamos a algum lugar ao norte, bem longe dessa cidade, de todos os humanos. – Digo com veracidade, mesmo que o maior não tenha levado meu pedido tão a sério assim. – Algum lugar gelado onde não aja sol.

- Ao menos um vilarejo por perto, pois você ainda precisa se alimentar. – O feiticeiro tinha razão, era necessário manter uma dieta saudável. Desde que começamos aquela relação não matava mais humanos, apenas os mordia e apagava suas memórias, não sentia mais ímpeto da crueldade, talvez por causa do sentimento de amor que vinha cultivando na minha alma. Poderia ser maleável quando precisava. Isaac tinha sangue humano, talvez por isso decidiu me impedir de cometer atrocidades por aqueles que a muito queimaram seus ancestrais, não repeli a ideia, poderia ainda me alimentar normalmente.

- Vamos acabar com isso e voltar para cá, ainda quero ter uma noite de surpresas agradáveis. – Beijei seus lábios pela ultima vez. Suave, terno e mortal. Não teríamos uma linda viagem, não ficaríamos mais juntos. Realmente havia sido uma armadilha para me envolver em uma trama que não era minha, aqueles que queriam vingança por seus parentes mortos reivindicavam minha imortalidade e queriam matar-me.

As lembranças vinham de maneira inevitável, afinal, aquele local estava sendo o inferno nesse sentindo, estavam tão frescas na minha cabeça como se o sono de 120 anos tivesse durado apenas uma noite. Assim que entro no meu escritório, vejo o vampiro responsável por me despertar. Ramires era um homem bonito, alto e musculoso, tinha feições mais quadradas e pele escura, latina, o conheci há algum tempo, tivemos duas reuniões juntos e nunca trocamos mais do que cumprimentos.

- Por favor criança, espere lá fora. – A menina apenas acatou, fechando a porta, minha voz continuava neutra e contida enquanto me aproximava. O homem se ergueu com um sorriso, como se seu plano medíocre tivesse dado certo. – Porque me despertou?

- Senhor Há'rim, já era tempo de acordares, a igreja estava desprotegida, então achei que era propicio que deveria abrir teus olhos nesse momento. – O vampiro dizia e notei que era carismático, seria divertido brincar com o homem.

- Sei que não fizeste por caridade, muito menos porque queria me soltar de fato, há algo acontecendo, algo que exige a presença de vampiros aqui, o único local protegido de fato contra caçadores. Mandastes teus servos mais fracos, pois não seria penoso perde-los, se não fosse por esse inconveniente, continuaria deitado na minha cova rasa. – Digo enquanto caminho pelo escritório, a tapeçaria continuava preservada, os livros ainda eram os mesmos, com exceção de alguns adicionados a coleção, o sofá agora tinha couro negro moderno, havia uma caixa fina na mesa que não consegui identificar o que poderia ser. – Então diga, antes que me canse e te mate aqui e agora, nunca tive compaixão de degolar alguns dos meus.

- Vejo que não posso mentir ao senhor. – O homem tossiu brevemente.

- Honoríficos não são necessários, me chame pelo nome, estamos em posições sociais parecidas, apesar de nossos poderes serem diferentes. – Sim, era fato que agora quem liderava aquele lugar era um vampiro medíocre. Política vampírica sempre foi cansativa de se lidar.

- Claro, é uma honra ser reconhecido, Há'rim. – Bajulador de araque com sua voz macia. Ainda queria ouvi-lo, mesmo impaciente. – De fato, havia uma grande hesitação em traze-lo de volta. Porém, estamos sendo eliminado aos poucos, nada parecido aconteceu desde a inquisição, algo nos está matando com facilidade, não apenas nessa cidade, mas em todo o continente, não há tempo para planejar fugas e sim alguma estratégia para acabar com a rebelião, que é como estamos chamando. E Isaac De'lammor está no meio destes, vimos fotos recentes deste homem. – Ramires virou a caixa fina na minha direção e havia uma imagem, uma foto realista demais, colorida do traidor, estava em um porto, coberto por panos, mas tinha certeza que era o mesmo que me causou tanta dor e tormento.

- E o que espera que faça por pessoas que não merecem nenhum esforço meu? Como disse, não foi por seu bom coração que estou aqui. A igreja estava enfraquecida demais a tempo e aquela era sua oportunidade de fato, contudo, se não houvesse mal não estaria aqui, então o que ganho com isso? – Pergunto me sentando no sofá de couro, acariciando o mesmo, sentindo a textura, era sintético, então agora havia técnicas que se semelhavam a tecidos antigos, era intrigante.

- Vingança. Retomar seu posto. Iremos dividir toda e qualquer informação, e dar a você a oportunidade de ter Isaac aqui, nesse escritório, ajoelhado e pedindo clemencia. – Ramires parecia bem convencido. Não poderia subestimar o mago, porque conseguiu me enganar ao me levar até igreja, então agir sozinho era algo que estava fora do meu alcance. Até ter a localização de Isaac, posso cooperar com aquele pequeno contrato. No entanto, isso não significa que não esteja bastante desconfiado daquele homem a minha frente que tinha a voz macia de maneira proposital. Havia perguntas a serem respondidas sobre meu cárcere e uma investigação a parte deveria ser ministrada cautelosamente.

- Espero que você cumpra sua parte, querido. Vamos discutir o que anda acontecendo e quero um servo pessoal com potencial para me servir, nada de crianças da noite recém mordidas. – Comentei brincando com meus dedos. – Meu quarto será o mesmo, roupas modernas são exigências, obviamente, e sangue fresco sempre que possível. E nada de mortes desnecessárias de humanos que podem levantar suspeitas, já que estamos sob ataque. Esse lugar está sob minha jurisdição. – Ramires hesitou quando disse aquilo, sem acreditar nas minhas exigências, mas já esperava por isso, seu olhar não era surpreso.

- Pois bem, será concedido. Iremos falar sobre o que vem assassinando os nossos e desconfiamos que foi o mesmo grupo que o prendeu, Há'rim. – O vampiro dizia com certa cautela. Apenas levanto o olhar na sua direção, não queria ouvir antigas histórias naquele momento, estava cansado e sabia que minha mente poderia colapsar por excesso de informações.

- Espero que meu quarto esteja devidamente preparado, já que planejou com tanta primazia. – Sabia que Ramires havia mandando os três para morrer, possivelmente queria saber se havia vigília, se era uma possível armadilha para enfraquecer aquela área, já era o tempo do despertar. Ainda foi relativamente simples que aqueles neófitos passassem por possíveis barreiras e quebrassem o feitiço, aquilo era um mistério que iria descobrir. – Depois deliberamos sobre o grupo e o que quer que seja, no momento desejo ficar sozinho. E sobre o grupo de neófitos, espero que nenhum mal aconteça com esses vampiros, se quer mandar alguém verificar algo, mande pessoas devidamente experientes. – Levanto-me diante do olhar de surpresa do vampiro sobre a questão e saio do cômodo. Erika me esperava do lado de fora e apenas dispenso o garoto para ir até meu quarto.

Era na torre mais alta da mansão, ocupando o andar inteiro. E realmente, Ramires parecia ter cuidado de tudo, estava limpo, com moveis novos, mas minha cama continuava a mesma, só os lençóis escuros eram diferentes, a tapeçaria preservada, a estante e os livros da mesma maneira e aquilo não me causava alivio. Fui até o enorme espelho, encarando minha figura depois de muito tempo, continuava o mesmo, lógico, nada havia mudado, ao menos na minha aparência, as cicatrizes continuavam no mesmo lugar, inclusive a que o feiticeiro fez abaixo do meu peito, evitando o coração. E continuava me perguntando o motivo.

- Porque, Isaac. – Murmuro, fechando os olhos como se aquilo pudesse diminuir a sensação de vazio, a sensação de desolação. A solidão nunca foi tão temerosa e agora parecia se alastrar por minha alma. Só queria as respostas e para isso iria me vingar e faze-lo rogar por clemencia.

Minha primeira história nesse site e espero que gostem.

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