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CAPÍTULO 13 - CAMINHOS DO JARDIM PERDIDO

Totalmente confortável, ele já não sentia mais medo, dor, ou qualquer coisa do tipo. Sua mente tinha sido resgatada para um outro mundo onde tudo emanava uma extrema paz. Seus olhos descansavam pouco a pouco em meio a luz branca que logo se transformou em uma escuridão total.

A escuridão não era exatamente algo físico, era como voar no vazio do espaço. Lá não havia mais perturbação alguma. Os pensamentos estavam zerados e o som do silêncio não era algo torturante, tornando-se a melhor trilha sonora possível.

Ele a pouco tinha ouvido uma suave voz dizer palavras doces enquanto ele era lançado de seu mundo para uma outra dimensão. Sua mente recordou imediatamente daquela voz, por mais de sentir nunca ter a ouvido antes. A sensação confusa que aquele lugar causava era um simples conflito mental que não causava nem mesmo um desconforto no garoto.

Coberto pela paz daquele lugar silencioso, pensou sobre o que tinha visto a pouco. Sua mente recordava a voz e a silhueta da garota que tinha sua aparência coberta por um pano fino de cor escura. Suas recordações sobre isso tinham ligação direta ao vazio onde estava. Parte delas também estavam ligadas diretamente ao local totalmente branco que consumia sua visão.

Satella era o nome da garota na qual tinha revisto em meio a forte luz branca. Sua memória sobre ela tinha ligação com o momento de sua invocação. A partir do momento em que ele pisou novamente na dimensão coberta pelo vazio, era como se as memórias que ele tinha esquecido voltassem claramente à mente. Ele sabia o nome da garota unicamente por ela ter dito para ele em seu primeiro encontro com ela.

Sua mente recebia informações e lembranças na qual ele não se lembrava de ter vivido ou aprendido, porém aquilo não era de forma alguma um peso para ele, ao contrário, era extremamente reconfortante. A memória da sensação agradável que vivia novamente naquele momento de novo o fazia se sentir ainda melhor.

Flutuando em meio ao vazio completo, ele sentiu que não estava mais sozinho em meio ao silêncio absoluto. Sombras tomavam parte daquele lugar e em meio a elas a destacada garota chegava. Era como se seu corpo tivesse um contorno de desenho animado que a destaca de todo o resto.

"Você demorou um pouco."

O garoto sorriu em direção a ela enquanto dizia suas palavras de forma doce. Ela as recebeu com alegria e se manteve andando em direção a ele sem dizer uma palavra.

A aparência dela era praticamente impossível de ser vista. Sua capa tampava seu rosto e cabelo, dando um ar misterioso para a garota que causaria medo em condições comuns, porém que naquele contexto se tornava como um conforto.

Já ao lado do garoto, ela estendeu sua mão em direção ao rosto dele e o tocando fez com que sentisse um conforto extremo do qual poderia viver por toda uma vida. Por outro lado, mãos escuras que saiam das costas da garota rodearam o corpo do garoto e o abraçaram. Aquele abraço não era carinhoso e muito menos reconfortante, na verdade era como a sensação da morte.

"Aaah"

O medo tinha o dominado novamente, sua mente voltou a sentir toda a perturbação do mundo que estava a pouco tempo atrás e aquele ambiente que parecia se tornar um conforto, agora o torturava. Sua mente tentava achar a gravidade e se incomodava extremamente com o fato de voar sobre o nada. Ele sentiu medo extremo da garota que estava ao seu lado e tentando se afastar dela, novamente foi tocado.

O toque suave das mãos dela o trouxeram de volta ao transe que o deixava calmo e sem preocupação, parecia que todo o peso do mundo poderia ser retirado e colocado apenas por um toque suave. Seu medo sumiu e sua mente relaxou. Novamente ele viveu as memórias de antes, as mesmas memórias da invocação. Essas memórias que ele se lembrou repentinamente outra vez tinham sido levadas de sua mente no momento em que sentiu voltar para seu mundo normal. Não era possível levar para seu mundo real as memórias que ele vivia naquele reconfortante lugar.

"O que vai ser de mim e minha mente quando eu voltar?"

O garoto suavemente lançou suas palavras para a garota que ainda calada permanecia em sua frente. Tomando uma posição diferente, ela se afastou dele e decidiu responder sua pergunta:

"Você não pode se livrar do que te faz humano."

A suave e reconfortante voz da garota fez o coração dele se encher ainda mais de uma paz sobrenatural que só podia ser encontrada naquele lugar. Mesmo incomodado com a resposta dela, seria impossível demonstrar esse sentimento naquele lugar.

Já imerso no vazio que o cercava, andou praticamente flutuando em direção a garota que o tinha levado para aquele lugar.

"Porque você novamente me trouxe aqui?"

Visivelmente abalada após pensar em sua resposta, abaixou a cabeça e se comoveu por Tsuki, respondendo:

"Esse mundo cruel não vai te permitir ser amado de forma tão simples."

Em referência a algo terrível que parecia estar por vir, ela usou do termo amar para representar a situação do garoto, que incrivelmente entendeu de primeira as palavras que ela tentava dizer. Estendendo a mão para acariciar Tsuki, ela completou sua fala.

"Se ame mais do que qualquer um poderá te amar. Mesmo podendo consertar as coisas com sua vida, lembre-se de que ela também é valiosa."

As palavras dela deixaram ele confuso, porém não havia mais tempo para aquele questionamento. Logo, a mente do garoto voltou a se conectar com o mundo real e aos poucos todas suas lembranças sobre cada momento vivido naquela imensidão vazia sumia de sua memória. Não demorou muito para que a garota sumisse em meio às sombras e logo junto dela, o jardim de trevas infinitas sumiu.

Tsuki voltou a sua realidade enquanto estava deitado na grama ao lado do campo de flores. Sua mente estava mais calma, porém ele não entendia ao certo o que havia acontecido. Era como se sua mente tivesse dado um flash e voltado, o que logo pensou ter entendido.

"Que droga, péssima hora para dormir."

Se levantando, seguiu novamente em direção ao vilarejo em objetivo de terminar a missão que lhe foi dada por Sakura.