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Parte 1: Como eu deveria viver nesse outro mundo

Ele pensou muito sobre como viveria essa nova vida. Praticamente durante a sua infância inteira pensou sobre isso. Mas, primeiro precisamos falar sobre a sua infância.

Lakan nasceu de uma mãe pobre e viciada em drogas — sim, para sua surpresa, ou decepção, nesse mundo também tinha drogas, e sua mãe era uma ferrenha usuária dela. Ela também era uma mulher que vendia seu próprio corpo por uma mixaria, então ele sequer sabia quem era o seu "pai" desse mundo. É engraçado, ele também não ligava muito para o seu outro pai. Mas amava sua mãe. Não essa segunda mãe, pois ela o vendeu — por uma mixaria ainda menor — quando ele ainda tinha menos de cinco anos.

Diante desse cenário, as suas chances de ter uma vida digna era quase zero. Para piorar, a família que o comprou não queria um filho, mas sim um escravo. Apenas o deram o nome de Lakan, que significava algo como "mula" e um pequeno quarto de madeira nos fundos da casa da família. Então, desde muito novo, ele era maltratado, forçado a fazer vários trabalhos manuais que seriam para um adulto fazer. Além dos incontáveis castigos físicos que sofria, às vezes somente por existir. Embora algumas vezes talvez ele merecesse mesmo…

Quando completou quatorze anos, ele já tinha um pouco de conhecimento de como aquele mundo funcionava. Aprendeu a escrever e ler no idioma do reino e nos dialetos dos povos vizinhos. Talvez por já ter tido experiências de aprender outras línguas na sua vida anterior, mas ele não tinha dificuldades para aprender as coisas. Depois disso, na primeira oportunidade que teve, Lakan fugiu das garras daquela família maldita e veio para esse lugar. Desejava sinceramente nunca mais ver nenhum deles, pois poderia matá-los se os visse na sua frente hoje em dia.

Agora que já falamos da sua infância desgastável, vamos focar no seu presente. E, claro, no seu futuro. Que Lakan faria de tudo — tudo mesmo — ao seu alcance para ser tão glorioso quanto o outro. Tirando a parte da sua overdose, claro.

A sua nova vida começava ali, sentado num banco de uma taberna escrota com um copo de cerveja na mão.

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