1 A Vida É Curta Demais.

— Oof... E pensar que eu acabaria assim.

Uma luz de tristeza brilha em seus olhos ao lembrar de seu passado. O velho de aparência moribunda não é tão comum quanto parece, o brilho em seus olhos escondem uma história inconcebível... Ainda assim, aquela estrela em ascensão foi engolida pelo buraco negro chamado velhice antes de atingir seu auge.

— Minhas forças já se esvaíram, não sei quanto tempo me resta. Mas não importa mais, só me resta esperar pelo fim.

Em seus últimos minutos de vida o velho relembra seu passado pela ultima vez.

...

— Isso não era para estar acontecendo agora, espero que dê tempo.

Pensa o homem de meia idade enquanto chicoteava os cavalos incessantemente enquanto olhava preocupadamente para a mulher que gritava de dor na parte de trás da carroça.

— Aguente firme, em breve chegaremos no curandeiro, você só precisa aguentar mais um pouco !.

Diz o homem ansiosamente, a mulher então acena com a cabeça, não conseguindo falar devido a dor.

Os sons constantes do casco do cavalo batendo no chão ecoam no ar, enquanto o cavalo corria furiosamente sob as chicotadas frequentes em seu corpo, jogando poeira no ar.

...

Depois de sabe-se lá quanto tempo o homem puxa as rédeas do cavalo rapidamente fazendo o pobre cavalo parar sua corrida desfreada, podendo finalmente descansar.

O homem corre para a carroça e pega sua esposa no colo sem esforço e a leva as pressas para dentro da casa do médico amigo do casal, chutando diretamente a porta, sem se importar com o preço dela, devido a iminência da situação.

— Quem está aí!.

O velho mago levanta rapidamente de sua cama e grita de seu quarto com receio de que sua casa esteja sendo assaltada, não seria a primeira vez que isso acontece, e alem do mais ninguém viria a sua casa a essa hora da noite, e ele só atendia os pacientes de dia.

— Sou eu Henry, venha rápido e me ajude, Melissa já está dando a luz !.

Disse Henry as pressas, com medo de que algo aconteça com sua esposa. O mago então relaxa e vai rapidamente ajudar seus velhos amigos, sabendo do que se trata.

Chegando em sua sala ele encontra Henry segurando Melissa no colo enquanto ela grita de dor.

— Rápido, deite-a em cima da mesa, tranque a porta e espere em alguma lugar longe daqui, não quero ninguém me atrapalhando.

Disse o mago decisivamente vendo Henry parado segurando Melissa. Henry obedece sem questionar pois não queria atrapalhar o nascimento de seu próprio filho. Coloca sua esposa em cima da mesa e sai da casa rapidamente, falhando ao tentar trancar a casa, vendo que tinha quebrado-a anteriormente, ele simplesmente encosta a porta e sai silenciosamente.

Dentro da sala o mago move sua mão em direção a mulher e de repente começa a sussurrar em uma língua estranha em tom quase inaudível, depois de alguns minutos finalmente sai uma luz verde de dentro da sua mão, e vai vagarosamente em direção da mulher, para em cima e seu corpo e vai sua cabeça, assim que a luz entrou em sua cabeça a dor que ela sentia diminui em grande proporção, fazendo ela se acalmar.

— Agora eu preciso que você faça força, no três ok?.

O mago fala calmamente, como se aquela situação fosse cotidiana para ele.

— Ok Doni, só quero que você me prometa que meu filho fique vivo !.

Disse Melissa com preocupação. Doni então responde com confiança.

— Não precisa se Preocupar, já lidei com situações muito piores que essa, isso aqui é moleza pra mim.

Melissa concorda com a cabeça não ligando para oque Doni disse. apenas querendo que seu filho fique bem.

—1, 2, 3, Força !.

...

Depois de repetir esse processo algumas vezes, finalmente o bebe nasce, Doni corta seu cordão umbilical com uma faca, e logo o bebe começa a chorar. Melissa, sua mãe, chora junto ao seu bebe percebendo que seu filho está bem, ao ouvir seu choro.

— Graças a deus. Meu filho está bem.

Melissa diz pra si mesma com um sorriso no rosto, com lagrimas de felicidade escorrendo de seus olhos.

Doni então faz a mesma magia para estabilizar e curar possíveis doenças que a criança tem ou pode ter, logo após isso limpa e embrulha a criança, para protege-la do frio, e entrega o bebe a sua mãe. Que o pega no colo com um sorriso no rosto e o abraça confortavelmente.

— Seu nome será Crawell.

Melissa diz olhando para seu filho, e logo após adormece abraçada ao seu filho, devido ao seu cansaço e dor. Doni sorri vendo essa cena, e vai em direção do lado de fora da casa para noticiar o pai da criança, Henry, que lá esperava.

Passando pela porta vê que a porta está aberta e logo percebe o trinco da porta no chão, logo Doni percebe oque aconteceu e dá um sorriso amargo, mas não culpa Henry pois era inevitável, mas certamente este trinco se tornará motivo de chantagem, então Doni recupera seu sorriso habitual ao perceber que ganhará mais do que perdeu.

Henry que estava sentado no chão, segurando sua cabeça preocupado escuta um barulho vindo de trás e já adivinhando que era Doni, pergunta ansiosamente:

— Meu filho está bem? E minha esposa sobreviveu?.

Pergunta Henry com angustia aparente. Doni com seu sorriso no rosto responde:

— Seu filho e sua esposa estão bem, estão descansando no quarto de hóspedes.

— Obrigado, velho.

Henry fica aliviado imediatamente e entra na casa Silenciosamente para não perturbar o descanso de sua esposa e de seu filho recém-nascido. Entra no quarto de hóspedes e sorri vendo sua mulher e seu filho dormindo, Henry senta na cadeira ao lado calmamente para não acordá-los, e lá adormece, assim toda a família dorme juntos nesse quarto de hóspedes, num vilarejo qualquer, família essa que deu origem a uma lenda, essa criança acaba de nascer, pela primeira vez...

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