1 Aproximação

Faz pouco tempo que entrei no sétimo ano e a cada momento sinto que estou mudando, mas não tenho certeza se é para melhor, isso porque uma das minhas grandes dificuldades é entender sentimentos, o que pode parecer simples, só que para mim é algo extremamente confuso. Aconteceram algumas coisas que me fizeram questionar sobre minha personalidade e até agora não tenho respostas. Bem, é melhor não pular etapas então vou contar desde o momento em que as coisas começaram a mudar.

No primeiro dia de aula acordei uma hora mais cedo para me arrumar, eu realmente fico ansioso em datas importantes, a escola é pertinho de casa então cheguei bem adiantado. Não fui logo para sala, parei para conversar com alguns amigos que estudaram comigo no ano anterior, conversamos até bater o sinal e então fui para minha sala. Eu estava tranquilo, nunca tive dificuldade para fazer amizades e também as notas não me preocupavam. Quando entrei na sala tive impressão de que me confundi, todos os alunos aparentavam ser mais velhos e maiores que eu, até aí tudo bem, mas percebi que não conhecia nenhuma pessoa daquela sala. Mesmo achando estranho entrei e fui sentar num canto perto da parede que acho mais confortável, depois de uns três minutos lá entraram mais alguns alunos, fiquei aliviado porque conhecia quatro deles, não que fossemos grandes amigos, mas ao menos eu sabia que estava na sala certa.

As aulas começaram, e eu não falei praticamente nada naquele dia, pra mim isso era diferente, pois eu sempre fui de conversar bastante, mesmo durante as explicações, isso não prejudicava minhas notas então não via problema algum em exagerar. Acabei ficando apenas observando as pessoas e pensando em quem eu tentaria me aproximar, depois de pensar bem achei que seria mais fácil conversar com quem eu já conhecia, mesmo não tendo tanta intimidade com eles.

No segundo dia acabei me atrasando um pouco pra escola, então quando entrei na sala já tinha uma pessoa sentada no canto em que fiquei antes. Tive que me sentar no meio da sala, mas até que foi bom, isso porque uma das pessoas que conhecia, a Lara estava sentada ao meu lado. Fiquei um bom tempo pensando em como iniciaria uma conversa com ela, eu só queria começar a fazer amizades logo, esperei o professor fazer uma pausa então fui falar com ela.

"Ei Lara, não sei você, mas quando cheguei aqui achei muito estranho, todo mundo parece bem mais velho né?". Pensando bem, não sou tão bom assim em puxar uma conversa.

"Não é?" Ela respondeu. "Achei que eu era a única que não conhecia quase ninguém aqui Ryan. De todos conheço você, o Jeferson e a Ayla."

"É, a gente não conhece muita gente hahaha, fora os que você disse eu só conheço a Sofia, pelo menos quando tiver um trabalho podemos tentar chamar eles, como somos poucos acho que todos cabemos num só grupo."

"Pode ser, só não sei se a Ayla vai aceitar, ela parece não gostar de falar muito."

"Não tem problema, pode deixar que eu a convenço". Respondi isso, mas não tenho ideia de como vou fazê-la falar comigo.

"Então tá, só espero que o trabalho não seja de matemática hahahaha." Nós rimos um pouco e a conversa acabou ali, sinceramente pensei que seria mais difícil.

Finalmente eu tinha começado a fazer novas amizades, mas por algum motivo eu continuava sem falar muito, esse ambiente diferente me fez agir de uma forma que eu não estava acostumado, não que fosse ruim, apenas era diferente. Depois de uma semana, nossa professora de arte sugeriu um trabalho em grupo, nesse tempo eu e a Lara já conversávamos com o Jeferson e a Sofia. O limite era de 6 pessoas por grupo, então era perfeito, eu só precisava convencer a Ayla para se juntar ao nosso grupo. Bem, foi o que eu pensei, mas eu não tinha ideia de como isso seria difícil.

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