8 Carta

Acordei sem preocupações, pronto para hoje.

Era o dia de sair. Mês retrasado, em dezembro, a carta do Castelobruxo veio, eu tinha agora 11 anos.

A carta dizia:

ESCOLA DE MAGIA E XAMANISMO DE CASTELOBRUXO

Diretor: Irerê Ashaninka (Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Xamã, Morubixaba, Cacique Nacional)

Prezado Nauac Sotnas,

É com prazer que informamos a sua vaga estudantil na nossa Escola de Magia e Xamanismo de Castelobruxo. Anexamos abaixo a lista de itens necessários e um mapa da região com instruções detalhadas.

O ano letivo começa em 7 de fevereiro, esperamos sua ave de rapina até 6 de janeiro, no mais tardar.

Atenciosamente,

Marcelo Covarque

Vice-Diretor

Portanto, eu fiz uma carta bem elaborada respondendo-os:

Ok.

Nauac Sotnas

Então usei o Gavião-tesoura dos meus pais para enviá-la.

E assim como nos livros, tem uma área especialmente bruxa de comércio no Brasil.

Meus pais me levaram para o tal lugar que ficava no Rio de Janeiro, mesmo local do Ministério da Magia, onde eu comprei os materiais necessários.

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[Pov 3° Pessoa]

Nauac observou com olhos apáticos o local à sua frente, era um viveiro de plantas focadas em suculentas.

Garden Dramas estava escrito em um cartaz grande acima.

Entrando no local uma mulher loira de meia-idade os atendeu com um sorriso.

"Olá, posso ajudar?"

"Estamos caçando uma frutífera, Anacardium Arcanum, Dona Amélia." Roberto disse.

"Que espetacular bom gosto, homem. Vamos ter duas delas aqui hoje." Amélia fez um rosto de um vendedor vendo uma boa oferta.

Eles se dirigiram até uma parte mais afastada do viveiro na parte das frutíferas que eram grandes e volumosas.

Só quando chegaram de frente para dois cajueiros particularmente volumosos foi que Amélia parou.

"Sr. Cláudio e Sr. Antônio, precisamos passar, portanto, com sua licença..." Ela disse olhando para as árvores em crescimento.

De repente uma delas pareceu soltar um suspiro profundo.

"De novo, Amélia? Estou dolorido, hoje já foram 50 vezes só indo." As folhas na planta da esquerda se mexiam estranhamente, como se fosse realmente uma boca falando.

"Cláudio, você está sendo regado para isso, não reclame de cacho cheio." Amélia disse com um tom firme.

"Tudo bem, tudo bem, eu sei. Vamos, Antônio, estique bem."

Um resmungo de concordância soou da planta na direita.

Em seguida os dois se dobraram para o lado, envergando em uma forma de arco, que revelou atrás deles uma passagem aberta feita de concreto.

Era estranho, pois se olhassem do lado de fora veriam uma grade de ferro e do outro lado o cajueiro em vez de concreto.

Nauac olhou tudo acontecer sem mudar de expressão, mas por dentro ele já estava tomando conta que esse mundo estava completamente construído, mesmo que nada disso tenha aparecido em nenhum dos livros ou filmes. E de alguma forma ele renasceu aqui.

Roberto foi na frente, descendo pela passagem que o obrigava a se abaixar, raspando o cabelo no teto. Nauac adentrou em seguida, com Clara o acompanhando em suas costas.

Ele desceu notando que os degraus eram anormalmente altos e afundavam cada vez que ele pisava, o levando cada vez mais para baixo.

Eventualmente o teto já estava muito acima deles e seu pai em sua frente já não precisava se agachar.

Ele seguiu andando até que a escada eventualmente acabou, e a visão em sua frente era de um tipo de cidade subterrânea.

As pessoas passavam para lá e para cá, entrando em lojas, bares, cassinos, lanchonetes e outros lugares diversos.

"Comprarei os livros primeiramente." Nauac disse.

"A Bruxoteca vende todos os livros acadêmicos, vamos lá." Roberto seguiu a frente.

Nauac olhava as pessoas com roupas estranhas que vagavam por toda parte, era estranho pensar que todos eram bruxos, tendo poder sobre magia, algo que seria uma completa loucura para ele 12 anos atrás.

Mas agora, o único pensamento em sua mente era que ele provavelmente conseguiria lidar com todas essas pessoas de uma vez, mesmo que sejam bruxos. Não era um exagero, sua intuição era extrema, a maioria de seus pensamentos se revelavam realidade eventualmente.

Eles pararam em frente a loja que seu pai falou, as paredes eram de madeira bem esculpida, passava um sentimento digno e arcaico. Nas vidraças tinham 4 livros de cada lado, cada um tendo uma aparência de especial e místico.

Entrando, o sino soou para avisar suas chegadas, e a bruxa na recepção olhou para eles.

Eles se aproximaram e Nauac foi retirando um papelzinho do bolso, onde estava escrita a lista de livros que ele deveria pegar.

"Com licença, Escola Castelobruxo aqui, quero todos os livros dessa lista." Ele colocou o papel sobre o balcão.

A mulher deu uma olhada rápida e acenou com a cabeça, então se levantou e foi com passos apressados nas prateleiras específicas de cada livro.

Ela não falou nada, apenas ficou com uma cara séria enquanto pegava tudo e arrumava em um montinho sobre seus braços.

Logo ela terminou e voltou para o balcão, colocando os livros sobre ele.

"Xamanismo Para Iniciantes de Potiguara Pataxó, Feitiços Cotidianos De Pedro Armando, Predições Da Natureza Para Iniciantes de Guaraná Xavante, Artes Demoníacas de Fernando Silva, Criaturas Viventes Para Iniciantes de Alfredo Dias, Magia Histórica de Pedro Macedo e Reino Plantae Arcano Para Iniciantes de Cauê Pataxó, tudo dará 15 galeões."

Roberto veio e tirou quinze moedas de ouro do bolso, ele já tinha aparatado em Brasília onde tinha o Banco Kindae que servia como o Gringotes no Brasil, e retirou algum dinheiro lá.

"Obrigada." A bruxa falou após colocar os livros em uma embalagem e em seguida dentro de duas sacolas de plástico forte, entregando-as a Nauac.

Eles saíram e foram para a próxima loja, Tecidos Mágicos, onde compraram as roupas da escola, que eram verde-claras.

Nauac experimentou e achou que não era de mal gosto. Parecia com a vestimenta de Hogwarts nos filmes, mas o tecido era diferente, mais leve e confortável, além do brasão.

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