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Solina Apolo

Zeus resolveu reunir os deuses em um gracioso almoço no Olimpo, achava que era necessário ter uma conversa sobre como ia cada um com seus "trabalhos". Sem contar que já estava mais do que na hora de ver novamente seus filhos, irmãos e parentes.

A mesa era longa, estava lotada de alimentos que pareciam extremamente saborosos. As frutas que estavam sobre a mesa eram tão limpas que refletiam os talheres feitos de prata e levemente detalhados com ouro.

Zeus estava sentado bem ao meio da mesa, e ao seu lado estava Hera, sua esposa. Todos estavam distraídos, cada um com sua própria conversa. Em um canto, Dionísio ria alto enquanto servia mais uma taça de vinho para si. No outro, Poseidon e Atena se encaravam, como crianças enfrentando um ao outro.

Todos estavam distraídos de mais para reparar passos leves no chão, uma criança se aproximou lentamente e com agilidade se escondeu debaixo da grande mesa. Sempre que havia uma brecha, a pequena garotinha puxava algo de cima. Na maioria das vezes só conseguia pegar uma uva ou um talher.

Quando menos esperava, a menina se surpreendeu com alguém a puxando pelo seu braço e a tirando de lá em seguida.

Apolo: Criança maldita! O que pensa que tá fazendo?! - Apolo exclamou furioso.-

Artemis: Irmão! Solte a Sunny, ela não tem culpa se você não a alimenta! - Artemis afastou a menina de Apolo.-

A garotinha aparentava ter entre cinco ou seis anos de idade. Era extremamente parecida com seu pai, Apolo. Seus olhos eram amarelos como o sol e seu cabelo era ruivo, tão longo que chegava ao chão e esbarrava em seus pés. Suas orelhas eram pontiagudas, e em seu rosto um pequeno sorriso surgiu.

Sunny: Desculpa, papai.

Apolo: "Papai"! Não me venha com papai, sua... - Ele apertou o braço da criança com força.-

Sunny continuava sorrindo, não parecia esboçar sequer um sinal de dor ou incômodo.

Artemis: Apolo! - A mulher interferiu e encarou o irmão.- Já lhe disse uma vez, solte a pequena Sunny!

Apolo: Pare de ser intrometida, Artemis. É minha filha e não sua. Decido eu o que faço ou deixo de fazer com ela, e "Sunny"? Até o nome dela você quem decidiu.

Artemis: Pois se dependesse de você, nem nome ela teria!

Apolo: Não mesmo, ela não merece.

Zeus se levantou bruscamente, e cruzou os braços.

Zeus: Apolo! Meu filho, se acalme.

Apolo: É, pai, não sei porque me deu essa coisa. - Apolo soltou Sunny e encarou Zeus que estava em sua frente.-

Zeus: Sinto muito, mas achei que fosse gostar do presente. O que quer que eu faça com ela?

Apolo: Tanto faz, joga fora.

Dionísio: Oh garotinho mimado, viu? - Dionísio resmungou enquanto se levantava e caminhava até Sunny.- Tá com fome, criança?

Sunny acenou a cabeça rapidamente em sinal positivo.

Dionísio: Pegue algo, temos muita coisa.

Sunny olhou as maçãs admirada, se aproximou da mesa e ficou nas pontas dos pés.

Apolo: Não. Não, nada disso. - Apolo afastou Sunny da mesa.-

"Eu quero ver tentar impedir essa criança de comer essa maçã." - Uma voz grossa e sombria surgiu da beirada da mesa, afastada de todos.

Lá estava Hades. Sentado com as pernas abertas e de braços cruzados.

Apolo: Hades... - Apolo encarou Hades, e suspirou em tom de deboche.-

Hades: Você vai deixar essa criança comer. E isso não é uma pergunta. Se eu quiser, aqui e agora eu viro essa merda dessa mesa.

Perséfone: Querido! - Perséfone tentou segurar Hades que se levantou.- Querido, não arrume confusão agora, vamos...

Hades se aproximou da pequena criança, pegou a maçã e a entregou.

Hades: Come ai.

Sunny encarou a maçã por alguns segundos e em seguida encarou Hades.

Sunny: Valeu, tio. - A criança mordeu a maçã cheia de alegria e abriu um imenso sorriso olhando Hades.-

Hades: A criança não tem culpa de nada.

Apolo: Você? Dando opinião sobre cuidados? Qual é, Hades. Você é literalmente um demônio.

Hades: Seu filho da puta. - Hades se aproximou de Apolo agressivamente.-

Perséfone: Hades! Meu amor, não é hora pra isso, vamos embora. - Perséfone correu até o marido e segurou sua mão.-

Apolo: Se quer tanto essa praga, leva com você. - Apolo apontou para Sunny.-

Hades hesitou.

Sunny: Me levar? Mas papai, você não me quer mais? - Sunny olhou Apolo, decepcionada.- Eu não fui boa o suficiente? Você disse que se eu fosse uma boa menina, disse que eu poderia ficar.

Perséfone sentiu seu coração se partir de tristeza ao ver um ser tão pequeno e inocente passando por aquilo, e olhou Hades por alguns segundos.

Perséfone: Não podemos deixar ela assim. - Perséfone sussurrou.-

Hades: Deixa esse desgraçado pra lá. - Hades se aproximou novamente de Sunny e se abaixou.- Qual seu nome?

Sunny: Solina, mas eu gosto mais de Sunny. Titia Artemis que escolheu.

Hades: Bom, Sunny. O seu "papai" é um cara muito filho da puta e é cuzão.

Sunny: O que isso quer dizer?

Hades: Que ele é um bobinho. Ele não sabe ser pai, mas isso não quer dizer que a culpa é sua. O que você acha de ir pra algum lugar melhor, eu posso até te mostrar uma amiga. Já teve uma amiga antes?

Sunny: Não não, só a Titia. Mas ela é grande e quase não pode ficar comigo. M-mas eu quero uma amiga! Eu quero! - Sunny parecia animada.-

Hades: Tudo bem. - Hades suspirou e abriu um leve sorriso.-

Perséfone: Venha cá, meu anjo. - Perséfone pegou Sunny no colo.- Eu não acredito que fez isso, Apolo. Realmente, decepcionante. É uma criança.

Hades e Perséfone saíram, e assim que se afastaram um pouco da mesa, já podiam ouvir todos falando mal da atitude ignorante de Hades.

Hades: Mais uma criança? Perséfone, jura?!

Perséfone: Não viu a carinha dela? Ela precisa ser cuidada, Hades. Olha só pra ela, o cabelo dela é duas vezes o tamanho dela e parece estar com muita fome.

Sunny estava distraída mexendo na coroa de flores que estava no cabelo de Perséfone, então parecia ignorar a situação.

Hades: Já estamos em uma situação muito complicada com a nossa filha, você entende que isso vai ficar mais difícil agora?

Perséfone: Sim meu amor, não se preocupe.

Hades: E quando você estiver fora?

Perséfone: Eu sei que você da conta de duas garotinhas. Vai, são crianças. O que pode dar errado?

Hades: Tanta coisa...

Hades e Perséfone se aproximaram da beira do Olimpo, e uma carruagem sombria surgiu na frente dos dois.

Tanto a carruagem quanto os cavalos pareciam ser feitos de pura sombra, e não havia ninguém no comando dos cavalos.

Perséfone: Eu já não conversei com você sobre essa carruagem... terrível? - Perséfone disse, o mais gentil possível.-

Hades: Mas eu gosto dela!

Perséfone: Eu entendo seu gosto meio inovador, sabe. Mas é que assusta as pessoas, querido.

Sunny virou na direção da carruagem e inclinou um pouco a cabeça.

Sunny: Que maneiro!

Hades sorriu convencido e eles entraram na carruagem.

Sunny ficou admirando a mudança da paisagem, que aos poucos ficava cada vez mais irreconhecível. O que antes eram nuvens brancas em um céu ensolarado, estava se tornando um lugar sombrio e sem vida.

A garotinha ficou um pouco assustada, então se afastou da janela.

Perséfone: Tudo bem pequena? - Perséfone sabia que Sunny provavelmente estava assustada, então se preocupou.-

Sunny: Bom, é que o papai sempre falou mal do senhor. - A criança observou Hades.- Mas... você é legal, e é engraçado. Só é feio mesmo.

Hades: COMO É?!

Sunny: Bom, o senhor é simpático, não deve ter tantos filhos igual o carrancudo do Zeus, e também, sua esposa é muito bonita, igual uma princesa. Mas o senhor não é lá aquelas coisas, sabe. Não é tão bonito, mas também não é tão feio quanto eu imaginei.

Hades: Eu não sei se isso é um elogio ou uma ofensa... - Hades suspirou.-

Perséfone segurou o riso e abaixou a cabeça, disfarçando.

Hades: Muito engraçado, Perséfone. Muito engraçado. Eu não sou tão feio assim, sou mais bonito que seu pai.

Sunny: Não, não é não! - Sunny começou a rir.-

Hades: Que criança mais abusada. - Hades cruzou os braços.-

Perséfone: Ah como eu amo a pureza das crianças. - Perséfone sorriu gentilmente.-

Durante alguns minutos em silêncio, eles chegaram ao castelo de Hades, que era localizado no Submundo.

Sunny admirou a grandeza do lugar e soltou um breve suspiro.

Sunny: Eu não vou mais voltar pra casa, né?

Hades: Não. - Hades respondeu, curto e grosso.-

Perséfone: Hades! Seja mais delicado!

Hades: Perdão. - Hades se abaixou e encarou Sunny.- Nãozinho, nunquinha.

Sunny prendeu o riso, e Hades se levantou sem saber o motivo da graça.

Hades: Essa criança tá quebrada.

Perséfone: Na verdade foi bem engraçado mesmo...

Sunny sorriu e segurou a mão de Perséfone.

Perséfone sentiu como se aquilo fosse um voto de confiança, quase chorou. Ficou preocupada com a menina quando viu como Apolo a tratava, e, poder cuidar dessa criança, seria um grande alívio e uma alegria para ela.

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