2 UM ADEUS, UM ALÔ

Ye Rim hesitou na posição em que estava, sentindo-se enrubescer. Abriu primeiro um olho, depois o outro, mirando o dono da voz máscula e inquisitiva que viera interromper a traquinagem dos três velhinhos em homenagem ao amigo que os deixara.

O homem alto encarava a cena num misto de irritação e choque. Ela não podia culpa-lo por isso: uma mulher com um vestido chamativo ao lado de um túmulo recente, cercada por três homens idosos que estavam alegremente acompanhando seu espetáculo. Ye Rim estava certa de que pelo menos 80% da população do país teria a mesma reação que a dele.

Com certeza tudo o que ela queria fazer era desaparecer imediatamente, numa nuvem de fumaça. O cachê que lhe prometeram nao parecia o suficiente para passar vergonha na frente de um homem tão bonito… e bravo.

Aliás, ele não parecia satisfeito em somente ter desligado o aparelho de som. Em poucos passos com suas pernas longas, o recém-chegado desconhecido chegou ao lado dela, segurando seu braço para tirá-la de perto do túmulo. Porém, Ye Rim com um safanão se afastou antes que ele apertasse seu braço com mais força, se desvencilhando.

"Ei!" Protestou, genuinamente irritada.

"Jun Hyeon, o que você está fazendo aqui?" O Sr. Go perguntou, não escondendo a surpresa.

"Avô! Eu faço a mesma pergunta: o que é tudo isso?!" o jovem homem virou-se para o idoso, controlando um pouco sua indignação, porém ainda nitidamente horrorizado. "Como vocês…Podem trazer uma…" Seu tom de desprezo, referindo-se a Ye Rim de maneira pouco elogiosa, era nítido. Seu tom deixava claro a ideia que fazia da mulher de cabelos acobreados e vestido brilhante, que há um minuto atrás estava dançando e cantando sensualmente junto à lápide. Os três homens mais velhos se levantaram, agitados com a reviravolta da inesperada chegada do neto do Sr. Go.

"Ei, alto lá, não é nada disso!" Ela protestou desta vez com ainda mais veemência. Apesar de saber que era difícil entender apenas com as imagens que ele poderia ter visto, Ye Rim não gostou de ser confundida e nem aceitaria que este equívoco sobre suas funções ali se mantivesse.

O recém chegado a olhou novamente de cima em baixo, mantendo o ar de desprezo. "Senhorita, não tem vergonha alguma? Como pode se aproveitar desses senhores numa situação dessas?"

"Mas…ahhhh! O que é isso?!" Ela rosnou, exasperada. Para Ye Rim, ainda por cima ser julgada como aproveitadora de velhinhos inocentes era indignante. Isso mexeu com todo o seu brio. Se pela manha imaginasse que passaria por isso por causa de seu coração mole e alguns trocados, não teria sequer levantado da cama.

"Jun Hyeon, não trate a Srta. Nam assim." O Sr. Go protestou, ganhando a atenção do neto.

Depois de um olhar mortífero em direção a Ye Rim, Jun Hyeon virou-se para o avô novamente.

" O que deu em vocês?!! Vocês estão passando de todos os limites. A polícia foi chamada."

"Mas…"

"O que estamos fazendo de errado?" Um dos senhores completou a pergunta do outro, os três parecendo muito confusos que sua homenagem fosse causar tanta confusão.

"Nós trouxemos a Srta Nam aqui porque…"

"Eu imagino o porquê." O homem se agachou automaticamente para começar a recolher os objetos e comidas, com pressa. "Por que vocês estão perdendo a noção".

Todos ali entenderam o que ele quis dizer. O trio de idosos ficou boquiaberto e atônito, e Ye Rim mal pensou antes de agir. Agora que já sabia quem era o bonito, porém desagradável homem que os interrompera, apenas o chutou com toda força.

"Sr. Kim! Quem está perdendo a noção aqui é você! Eu os conheço e sei que eles estão em seu juízo perfeito!"

Não era como se o chute tivesse feito algo mais que desequilibrar o neto do Sr. Go apenas um pouquinho. Mas ele abriu a boca num ar surpreso e indignado.

"Senhorita?!"

"Não vou deixar que destratem os meus amigos na minha frente!" Ela gritou. "E onde está a polícia, afinal? Pois me parece que apenas um neto enxerido e desagradável chegou."

"Você pretende ficar para dar as explicações? Tem certeza que quer isso?"

Ele se levantou, agora frente a frente e muito próximo, apenas alguns poucos centímetros separando seus corpos. Foi como se uma torre se erguesse aos seus pés. Ele a olhou de cima para baixo, e Ye Rim não teve como evitar se sentir intimidade pela presença física daquele homem. Podia sentir seu perfume, olhar os botões de sua camisa, e como seu pomo de adão se movia sob a pele. Mas novamente este homem desaforado parecia insinuar algo ruim.

"Ahhh, seu…! o que você está querendo dizer, hein?! Não vê que eu fui contratada para…"

"É melhor que eu não saiba. As histórias de vida do Sr. Young já eram chocantes. Vocês podem achar isso tudo muito engraçado" ele se virou para o trio, ali parado ainda sem saber como agir frente ao confronto do casal. "mas na verdade é constrangedor que tenham criado esta situação. E eu não estou mentindo sobre a polícia.

Ye Rim, apesar de não ter nada a temer legalmente, sabia bem que um escândalo poderia por suas pretensões para o futuro a perder.

Os idosos capitularam, com reações mistas. O Sr. Kim, neto do Sr. Go, agilizou a saída do cemitério para os três idosos, na verdade de maneira incisiva tomando conta da situação e ignorando os protestos e explicações dos homens mais velhos.

Ye Rim ficou um pouco confusa ao perceber que seria deixada para trás.

"Ei. Sr. Go. Eu preciso de caron…"

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