10 Diretora?

Entro na sala e ando até meu lugar, sob olhares de todos.

"Francamente, podem ao menos disfarçar?", pergunto mentalmente.

Sakaki-Sensei entra na sala, e seu olhar cai rapidamente em mim.

-Koenji-Kun. O diretor quer falar com você. -Me avisa.

Será que eu fiz merda?

-Por que, Sakaki-Sensei? -Pergunto enquanto tento esconder o nervosismo.

Acabei de me recuperar do efeito colateral da Infinidade, ser castigado não é uma boa forma de comemorar isso.

-Lamento, mas só o diretor pode falar para você, Koenji-Kun. -A Sensei fala sorrindo.

Solto um suspiro pesado. Odeio ter que fazer algo que parece problemático.

Me levanto e peço licença para a professora, saindo da sala logo em seguida.

A sala do diretor fica no prédio principal, que fica ao lado do prédio onde a minha sala fica.

Ando (lê-se: me arrasto) lentamente na direção a sala do "Boss" da escola.

Aperto o botão para descer o elevador. A sala do diretor fica no sétimo andar. Nada mais adequado que a sala do Boss ser no última andar, não é mesmo?

Isso me lembra "Cuphead", quando o vermelhinho estava lutando contra aquela estranha Betty Boop "Versão Lua".

As portas do elevador se abrem e entro, apertando o botão com o número sete.

-Olá.

Me viro assustado, vendo uma senhora com idade avançada parada atrás de mim com um sorriso gentil nos lábios.

-Oh. Desculpe, eu lhe assustei?

A senhora pergunta envergonhada.

-Não...tudo bem. – Falo sorrindo. O que essa obaa-chan faz aqui?

-Está indo para a sala do diretor?

A senhora me pergunta, encarando-me com olhos estranhamente brilhantes.

Reparando agora sua aparência, vejo que ela é uma senhora baixa, com pele branca e olhos azuis afiadíssimos. Não consigo ver seus cabelos, já que estão cobertos por um chapéu fino azul-celeste. Sua roupa, um vestido e um sobretudo, são de cores iguais. Usa uma sapatilha preta de bico fino com um laço de mesma cor nela.

Seu rosto é redondo, com bochechas finas na parte inferior e com "maçãs" rechonchudas na parte superior.

Ela tem o ar de uma avó amável e gentil, que mima os netos.

De uma forma relacionada, me lembrei da Rainha Elizabeth II do Reino Unido.

-Sim, estou indo. E a senhora? -Pergunto a encarando, sentindo o elevador começar a se mover.

-Também estou indo para lá. -Fala e começa a procurar algo dentro da sua pequena bolsa azul-celeste.

É uma bolsa de veludo, e aparentemente de boa qualidade. Será que essa senhora é parente de alguém da turma A?

Bem, a Academia Susumu é particular, e devido a seu renome, não é difícil ou improvável que hajam alunos vindos de famílias ricas aqui.

Especialmente na turma A, que concentra os alunos mais poderosos, seja em capacidades físicas, econômicas ou políticas.

Provavelmente a maioria dos alunos só esteja lá por influência dos pais. Bem, pelo menos não é improvável.

-Quer um doce?

Olho para a senhora e pisco algumas vezes. Que pergunta mais aleatória.

- Sim. -Respondo sua pergunta.

Ela tira a mão de dentro da bolsa e a estende para mim, com um sorriso doce.

Retribuo com outro sorriso, pegando de sua mão o doce. Acho que é uma daquelas balas duras de desenho animado.

-Obrigado.

Agradeço, desembrulhando e pondo na boca. Acertei em parte, já que o doce é duro, mas não é de menta ou gengibre como nos desenhos. Tem gosto de maracujá.

Coloco a embalagem no bolso. Não vou joga-la no chão do elevador.

-De nada. -A senhora fala sorrindo e fecha a bolsa.

A porta do elevador se abre, e ajudo a senhora a sair.

-Oh, obrigado, meu jovem. -Agradece. -Qual o seu nome?

Ela faz essa pergunta enquanto caminha ao meu lado.

Antes de responde-la, analiso a sala do diretor.

É um lugar que, embora tenha grandes janelas, está mau iluminado.

As cortinas, grandes e espessas, bloqueiam qualquer luz que tente entrar pelas janelas.

E, devido essa escuridão, é difícil de visualizar a sala. Mas posso perceber um mesa de madeira maciça, bem vernizada, no meio da sala, com uma espécie de abajur a direita e um computador a esquerda.

-Me chamo Koenji Tsukira, senhora.

Apresento-me para a senhora, com um sorriso "educado", vamos assim dizer.

-Ah, Koenji-Kun. Bem que eu estava lhe achando familiar.

A senhora fala, me deixando confuso. Nos conhecemos?

-Já nos vimos antes, senhora? -Pergunto.

Não querendo me gabar mas já me gabando, tenho uma memória excelente, então não esqueceria de alguém que já conheci. Ela é uma amiga da minha avó?

-Não, pelo menos não diretamente.

A senhora murmura e caminha pela sala.

-Ah, não me apresentei ainda. Desculpe-me a grosseria. -Pede envergonhada e se curvando levemente.

Ela parece ser uma senhora bem calma e gentil.

Ela então caminha em uma direção que me faz arregalar levemente os olhos.

-Me chamo Susumu Enma. Sou a dona e diretora dessa escola. Prazer conhece-lo, Koenji-Kun. -A senhora apresenta-se enquanto senta na cadeira do diretor.

Meu queixo cai. Bem, não é uma reação tão errada assim. Afinal, como poderia Eu, um garoto de Tóquio, conhecer a dona de um academia do interior?

É também, por mais famosa que seja, a família Susumu, dona desse Internato, poucas vezes se manifesta publicamente. A última vez, pelo que eu sei, foi a sete anos, quando houve um incidente envolvendo alguns alunos e o diretor teve que organizar uma comitiva pública e discursar sobre o ocorrido.

Me recomponho e respiro fundo.

-Alguma pergunta?

A diretora me pergunta.

-Não era um homem o diretor?

A pergunta saiu no automático, embora eu realmente queira saber sobre isso.

-Ah, você está falando do Sebas-Kun. Ele é o mordomo da minha família. Geralmente, ele nos representa em assuntos envolvendo a escola. -Susumu-San fala enquanto põe a bolsa em cima da mesa. -Aqui está muito escuro. Minha cirurgia para catarata só vai ocorrer semana que vem. -Fala e bate palmas.

-Com licença, senhorita.

Viro minha cabeça rapidamente, assustado.

Um homem alto e anormalmente branco usando um terno preto sai de um dos cantos mais escuros da sala.

"O que é isso, um vampiro?", me pergunto com medo da resposta.

Já li muitos livros. Vampiros são seres covardes e cruéis, não sentem pena de suas vítimas, atacando quando menos esperam. Não quero morrer, ainda mais sem sangue! Onde está o anel que meus pais me deram? Se não me engano, tem prata nele...

-Koenji-Kun, você pode ficar com medo do Sebas-Kun, mas não precisa pensar em formas de mata-lo.

Viro minha cabeça de novo, vendo a diretora me olhar com um sorriso divertido. O que, ela é telepata?

-Não, não sou telepata. É que você faz expressões muito fáceis de se ler. -Fala, praticamente lendo meu pensamento. O homem chamado Sebas afasta as cortinas para os lados, permitindo a luz entrar na sala.

Muito Bem, preferia quando estava escuro.

A sala é estupidamente rosa. O tapete e o papel de parede. Alguns vasos com estampa de rosas estão postos sobre mesinhas cor-de-rosa ao redor sala. Nas paredes, adesivos de borboletas e fadinhas contrastam com o rosa. No teto a um lustre em formato de rosa. Provavelmente a luz deve ser rosa.

As únicas coisas com cores diferentes são a mesa, as cadeiras, o computador, os adesivos, o abajur e nós três que aqui estamos com as nossas roupas.

Parece com o quarto de uma menininha.

Olho pelo canto do olho Sebas, que está parado na parede perto de uma janela.

Alto, provavelmente um metro e noventa. Assustadoramente branco, comparável a uma folha de papel. Usa óculos redondos com armação fina, postos na ponta do nariz. Seu cabelo é aparentemente longo, visto que está amarrado. É preto fosco. Usa um terno preto, com uma gravata borboleta branca. Usa luvas brancas, com a letra "S", em maiúsculo, bordada nelas.

Mas o Mais curioso de sua aparência são as suas orelhas. Finas e alongadas, estranhamente com pontas. Parecem orelhas de morcego.

"Onde está mesmo aquele anel?", me pergunto enquanto mexo nos bolsos do colete atrás dele.

-Koenji-Kun, pare de tentar achar formas de matar o Sebas-Kun.

A diretora me repreende, sorrindo. Deve estar achando graça do meu medo.

-Desculpe. -Peço envergonhado a senhora e ao mordomo.

-Bem, seu medo não é tão infundado. Sebas-Kun possui cinco habilidades. -A diretora fala calmamente, me deixando surpreso.

Cinco! Esse homem possui cinco habilidades?!

-Elas são "Sensor", "Regeneração", "Absorção", "Eternidade" e "Falência". -A diretora fala enquanto levanta os dedos. -Com "Sensor" ele pode se localizar e localizar outras pessoas através do som. "Regeneração" permite que ele cure ferimentos quase instantaneamente. "Absorção" permite que ele absorva, de forma cutânea, nutrientes. Dessa forma ele pode se alimentar até mesmo de terra, bastando tê-la em contato com a pele. "Falência" permite que ele possa "desativar" partes do seu corpo. Assim, ele pode se regenerar mais rapidamente em outras partes. E, por fim, "Eternidade". Permite que ele viva muito mais que um ser humano normal. Em outras palavras, ele pode regenerar seus tecidos e prolongar sua existência por tempo infinito. -Fala calmamente enquanto o mordomo põe uma xícara de chá na sua frente.

Ela acabou de descrever um vampiro. Muito Bem, vamos voltar as buscas.

-Por favor, pare de pensar em formas de mata-lo. -A diretora pede novamente, com um sorriso gentil dessa vez.

Falar é fácil, difícil é fazer.

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