1 Prólogo

Novamente estava presa no campo de flores silvestres, caminhando. Perdida em um lugar gigante, sentindo-me tão pequena e sozinha. Pisava levemente sobre a grama com medo de que estivesse a machucando.

— Estou aqui mais uma vez... – minha voz saiu baixa, quase num sussurro.

Olhei meus pés dar sobre o gramado um passo por vez, e então, parei. As camélias hipnotizam os meus olhos com a cor viva, e a mistura de fragrâncias entraram por minhas narinas, eu gostava de todos aqueles cheiros misturados. No fim, eu gostava de estar ali.

― Será irei retornar para esse lugar durante todas as noites para sempre? – levantei o rosto vendo as cores espalhadas na grande dimensão florida.

Suspirei e fitei as cores do campo. O vento soprava sobre o meu rosto os cheiros, e algumas pétalas soltas tocavam minha pele como um gesto carinho.

― Será que é primavera aqui? – fechei os olhos inspirando o perfume.

― Estamos na primavera. – ouvi uma voz masculina.

Abri os olhos assustada e levantei procurando o dono da voz.

― Quem está aí? – meus olhos vagavam apressados e amedrontados por toda a extensão do campo, até onde podia ver ― Quem está aí?

O meu coração batia acelerando, com medo daquela pessoa escondida em algum lugar.

― Onde você está? – tentei novamente ― Vamos apareça e me diga quem é você.

Ouvi o barulho vindo de dentro do bosque de arvores altas, onde a entrada ficava escondida atrás de uma muralha de arbustos. Ele deveria estar escondido naquele lugar, onde os meus olhos não poderiam achá-lo.

― Você está com medo? – quis saber a voz, e mais uma vez o barulho de folhas entre os arbustos.

― Claro que não. Vamos saía logo daí. – menti.

― Você me parece uma pessoa medrosa. – a voz tinha um rosto, e logo um corpo também ― Alguém medroso, usa falsa coragem.

Apenas metade do corpo dele estava fora do muro de folhas verdes e na mão segura um girassol extremamente belo. Eu não consegui ver o rosto dele com nitidez, o sol interferia nas lentes dos meus óculos.

― De onde tirou essa conclusão? – usei minha mão para cortar os raios do sol nas lentes e forcei meus olhos para enxergar o rosto dele ― Como pode falar dessa forma?

― Você é uma pessoa. – ele disse sereno levando a grande flor para o rosto não me deixando vê-lo ― Pessoas humanas são exatamente assim, não são?

― Não estou te entendo.

― Você facilmente omite o que é verdade. – disse ele ― Isso faz parte dos humanos?

― O quê? – questionei confusa ― Por que as suas perguntas soam como afirmativas? Você está me deixando confusa.

― O que exatamente são afirmativas?

― Você não sabe? Espera... Quem é você? Pode parar de tentar me desviar da pergunta principal e me responder?! ― pedi impaciente.

Ele moveu a flor deixando ver parte do rosto sem expressão.

― Você é impaciente. Faz muitas perguntas. – disse ele e escondeu o rosto atrás do girassol.

― Claro que sou impaciente. Você não me respondeu nenhuma das minhas perguntas, muito menos a principal. Quem é você?

― Você não respondeu a minha.

Passei as mãos no rosto impaciente, e então quando as tirei ele não estava mais lá.

― Para onde você foi? – procurei com os olhos ― Carinha do girassol, onde você estar?

― Acorde pessoa humana. – voz dele sussurrou no meu ouvido.

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