XXV - Academia Husk

Voltei para casa ontem e contei o que aconteceu, ela riu de mim, pelo menos pela parte do acidente ela riu, já no resto da história ela mais é prestou atenção. Ela parecia dividir da mesma ideia que eu, deveríamos nos aproximar dessas garotas, ficar amigos delas.

Agora são quinze para as oito da manhã, a minhas aulas começam as oito, e bom, Grace ainda não chegou, não tem como eu ir até outra cidade em quinze minutos, ou melhor, eu nem sei o caminho.

- Será que a Grace esqueceu? - disse Faye.

- Estou começando a pensar sobre isso...

Mal falei isso e alguma coisa bate bem forte no chão na frente da biblioteca.

- Toc Toc!

Grace não bateu na porta, apenas entrou falando isso.

- Vamos Fire? - perguntou Grace.

- Da tempo ainda?

- Mas é claro!

- Vamos como?

- Suba nas minhas costas!

- Vai dar certo?

- Não sei!

- Isso não me anima muito...

- Minha obrigação é deixar você na escola, nada me diz sobre te deixar "inteiro". - ela falou isso dando risada.

Grace parece ter acordado animada, na verdade, parece que ela acordou agora, geralmente ela é bem mais arrumada. Ela saiu para fora de casa e se alongou um pouco.

- Suba em minhas costas, só não encoste seus sapatos em mim, não quero ficar suja.

Ela se abaixou para eu subir.

Eu subi bem desengonçado nela, eu nunca subi nas costas de alguém, principalmente de um sky adulto, meio alto não é mesmo?

- Você está pronto?

- Acho que sim...

Ela pegou em baixo dos meu joelhos e se agachou, ergueu as asas, se apontou para onde seria a cidade e bateu forte suas asas. Fomos atirados para cima muito rápido, nem tive tempo de me despedir de Faye. Em poucos segundos já estávamos altos o suficiente para ver Quémeron á distância.

- Está bem!? - gritou Grace.

- E-Estou! - os ventos no alto eram fortes, tínhamos que gritar.

- Dá para ver Quémeron já!

- Dá mesmo!

Eu percebi que suas asas não batiam.

- Você não tem que bater as asas?!

- Na verdade não!

- Como assim?!

Ela bateu novamente as asas e avançamos muito rápido na direção da cidade.

- O jeito mais fácil de voar é flutuar!

- Mas e as asas?!

- Você usa elas para canalizar essa magia de flutuação!

- Então porquê você bate elas as vezes?!

- Para pegar impulso ué!

Eu achava que para voar eu teria que ficar batendo as asas.

- Não dá para voar só batendo as asas?!

- Não! As nossas asas não são feitas para isso!

- São pra quê então?!

- São...Calma! Esqueci a palavra!

Passou-se alguns segundos.

- Apêndices, nossas asas são apêndices mágicos!

- Para magia de vôo?!

- Também!

- Que legal!

- Bastante!

Estávamos chegando nos limites da cidade de Quémeron já, dava para ver a distância o sistema antiaéreo. Comecei a sentir um formigamento no meu corpo.

- Que sensação é essa?!

- O sistema de defesa está nos escaneando!

- Ah!

- Daqui a pouco eu vou acelerar mais! Segure meus ombros firme!

Tenho medo dessa aceleração que ela disse. A sensação logo passou, e as asas de Grace novamente se abriram mais.

Ela bateu elas, foi um impulso muito maior que antes, eu só tive uma reação.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!

- Pelo visto você gostou!

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!

Mal consegui ver por onde passamos, só sei que desviamos de vários prédios e repentinamente estávamos em frente a tal escola.

- Eu morri?

- Ainda não.

- Ufa...

- Aqui estamos Fire, Academia Husk de Quémeron.

- É muito bonito.

Não era um prédio, era quase uma base militar, tinha diversas instalações, campos grandes, plataformas com veículos e naves, tinham algumas pessoas andando para lá e para cá.

- Vou vir te buscar depois, vá até aquele prédio alí, lá alguém vai te explicar as coisas.

- Até mais tarde Grace.

- Até mais Fire.

Grace saiu voando rápido como um raio, só engoli uns vinte quilos de poeira, mas passo bem.

O prédio que ela indicou era o maior, acho que ali deveria ser realmente a escola, o caminho até lá passava por diversas plataformas, foi uma caminhada muito interessante, ali aparentemente não era apenas uma escola, mas também uma base militar, ou posto avançado, algo assim.

Cheguei no prédio e entrei na dentro, era muito bonito, tinha um enorme salão, com várias bandeiras penduradas com os símbolos da Husk, eram círculos incompletos com uma estrela de quatro pontas no centro, não eram bandeiras, eram muito grandes, estavam mais para estandartes, desciam do teto alto até próximo ao chão, havia uma mesa no centro do salão, luzes azuis vibrantes a iluminavam, atrás da mesa, uma parede esculpida em uma rocha escura, parecida com obsidiana, e nela, projetava-se um holograma com o símbolo Husk, só que dessa vez animado, a estrela no centro tinha uma leve animação de crescer e diminuir, como se estivesse pulsando.

Fui até o balcão, aonde haviam dois Husks ali trabalhando, um deles estava usando óculos e mexendo em algumas pastas em cima da mesa, o outro estava me observando desde que entrei.

- Bom dia.

- Bom dia meu jovem, do que precisa?

- Ah, eu fui matriculado aqui nessa escola, queria saber o que fazer.

- Okay, vou precisar da sua identificação.

- Tudo certo.

Usei o sistema pela primeira vez como algo útil, abri meu perfil e mostrei para o moço a minha identidade.

- Só um momento, vou verificar aqui.

Ele digitou rápido algumas coisas em seu computador e viu alguns dados.

- Você está para entrar na turma do Professor Rex, eles estão fazendo um alongamento lá fora agora. Se quiser pode ir lá.

- Não tenho que fazer nada?

- Eu vou ver aqui suas informações e mais tarde você vai receber todas as instruções nas suas notificações.

- Okay, uh, aonde eu tenho que ir agora?

- Pode sair por essa porta e avançar até onde tem um campo bem bonito, eles estão lá.

- Obrigado

- Por nada.

Sai meio correndinho pela por e segui para onde ele apontou, cheguei lá e vi uns vinte alunos, senão menos, entre eles vi dois Husks bem conhecidos, e o professor, o professor estava com uma roupa de treino, era bem bonita, os alunos também estavam.

- Bom dia! Você é o Fire? - perguntou o professor.

- Oi, bom dia, sou eu sim!

- Pode se juntar aos alunos, estamos apenas nos alongando um pouco.

- Okay.

Fui para perto de meus amigos Carl e Steven, eles pareciam animados.

- Iae Carl, Iae Steven!

- Caramba Fire! A gente viu você chegando. - disse Carl.

- É! Quem era aquela? - indagou Steven.

- Ah, aquela é Grace, a prefeita da cidade que eu moro.

- Olha que chique esse Fire, vindo com a prefeita... - disse Carl num tom de zoação.

- Não fale assim Carl, é estranho. - Steven respondeu Carl.

- O Carl é estranho por inteiro já, o que você espera dele? - perguntei zoando.

- Esperava que esse tempo aqui já tivesse mudado ele. - respondeu Steven.

Carl se apoiou em nós dois.

- Caras, caras, caras. Caras. Vocês sabem que eu não vou mudar assim do nada não é?

Eu e Steven nos afastamos e Carl caiu no chão.

- Ei vocês três aí, já estão de zona? Pedi para se alongarem, não se arrebentarem.

O professor Rex deu uma boa cobrada em nós.

Fizemos alguns exercícios de alongamento e fomos para um outro prédio, maior que o da entrada, bem grande mesmo, lá fomos para um tipo de banheiro, os meninos para um e as meninas para outro.

Os garotos foram tomando uma ducha, eu nunca estive em um lugar desses, na verdade, estive uma vez, em um dos eventos da escola, tive que tomar banho na escola, tomar banho na escola é estranho.

Depois desse banho fomos para um grande salão, era meio que um teatro, o professor Rex estava ali com alguns outros membros do corpo docente, eu acho que são pelo menos.

- Bem vindos alunos á mais um ano em nossa academia, temos alguns alunos novos esse ano.

Aparentemente este que falava era o diretor, um Husk alto de pelo grisalho.

- A maioria de vocês já estudavam aqui ano passado, mas mesmo assim devo explicar para os mais novos como as coisas vão funcionar aqui.

Não sei que alunos são novos além de mim, mas nessa sala que eu estou, acho que todos parecem já conhecer as coisas.

- Vocês ficarão divididos em duplas, soldados não lutam sozinhos, um trabalho em equipe sempre é melhor.

Uma funcionária, professora, não sei , foi até ele com uma carta e o entregou.

- Aqui na minha mão eu tenho o nome de todos os alunos de cada ano, e já divididos entre suas devidas duplas.

Ele abriu a carta.

- Vou começar a falar as duplas, quem for falado o nome se levante e venha até a frente do palco.

Ele começou a falar vários nomes e vários alunos foram indo, eles se levantavam, iam até o diretor e recebiam uma chave, depois disso saiam por uma porta a direita do palco

Depois de um bom tempo chamando vários nomes ele chegou na minha sala, não levou muito tempo até que me chamassem.

- Fire Sky! E Kaya Aramak!

Eu e outra garota nós levantamos e fomos até o palco, ela parecia ser um pouco mais alta do que eu, tinha pele acizentada, cabelos escuros com detalhes dourados, tanto na pele quanto nos cabelos, era uma Sky, assim como eu.

Chegamos ao palco, a Husk que estava ao lado do diretor nos deu uma chave.

- Tomem, essa aqui é chave do quarto de vocês, o número e o andar estão escritos no chaveiro, é apenas uma chave por dupla, vocês devem se organizar para que isso não os atrapalhe.

- Com licença moça, eu não irei morar na escola, eu preciso do quarto? - perguntei a moça.

- Vocês vão ter que passar o fim de semana na escola obrigatoriamente, alguns alunos moram na escola, mas os que não moram devem apenas passar o fim de semana.

- Entendi.

Eu e aquela garota saímos.

- Qual é o quarto? - perguntei para ela que estava com a chave.

- 106B-5...

- Aonde é isso?

- Bloco B, quinto andar, apartamento 106.

- Ah.

Fomos andando, ela estava me guiando pela escola, ela aparentemente já era aluna da escola nos anos passados.

Esse prédio tinha vários corredores, escadas e elevadores, por incrível que pareça existiam mais escadas do que elevadores, era tudo limpo, bem iluminado e parecia ser mais tecnológico que a antiga escola em Miray, passamos por uma grande praça coberta, acho que era a praça de alimentação, haviam muitas pessoas lá comendo e conversando sentados em mesas retangulares, o piso parecia ser espelhado, era como se fosse um espelho cinza escuro.

Andamos por mais um por dois minutos até chegarmos a um elevador, entramos e subimos até o quinto andar, rapidamente chegamos ao nosso quarto, ela destrancou a porta e entramos.

- Nesse quarto eu não fiquei ainda... - disse dela.

O quão era grande, vendo da porta, tínhamos em frente uma sala com uma mesa de centro e uma televisão, a esquerda tinhamos uma preta que dava ao banheiro com chuveiro, mais a frente na esquerda tinhamos nossas camas, eram uma espécie de beliche feira na parede, não tinha escada para subir na de cima, haviam algumas barras para pega ar e subir, acho que é para estimular o treinamento, para a direita agora tínhamos um armário e várias prateleiras vazias por toda a parede, a televisão estava em cima de uma estante simples.

- Os quartos são todos assim? - perguntei.

- Mais ou menos.

- Como assim?

- Alguns são um pouco diferentes.

- Ah

- Sei nome é Fire não é?

- Isso, Fire Sky! E o seu?

- O meu é Kaya Aramak, você é um sky de fogo não é?

- Sou sim, mas acho que eu desça ser o último, ou um dias últimos.

- Entendi, eu saiu uma sky de metal, ainda não descobri qual variação de metal.

- Nunca vi um sky de metal...

- Skys de metal geralmente vivem em Dragonsky 1, é difícil de ver algum por aqui, mas minha família sempre viveu aqui.

Estou gostando de conversar com ela, achei que ela seria uma pessoa na bastante quieta, quero tentar ficar mais amigo dela, já que vou ter que passar tanto tempo com ela.

- Mudando de assunto, vamos ter alguma aula hoje? - perguntei.

- Acho que hoje não, geralmente nos primeiros dias de aula nada acontece.

- Então vamos fazer o quê?

- Eu vou te levar para conhecer a escola, e também é bom prepararmos uma lista do que vamos precisar para organizar este quarto.

- Concordo, está muito vazio, não tem uma personalidade.

- Vamos então? - ela se virou e foi para a porta.

- Aonde?

- Conhecer a escola.

- Vamos!

Ficamos andando por um tempo, ela me mostrou todo o nosso prédio, no caso era um prédio de moradia, aquele teatro que estávamos antes é uma ligação entre esse prédio e o prédio de eventos, ela me mostrou ele também, tem muitas áreas especiais para realização de eventos, também vi o prédio das aulas teóricas, as salas são diferentes, tem uma forma de parabólica, ao centro ficava a mesa do professor, e também haviam lousas holográficas.

- Quer ir ver a área de treinamento? - ela se virou para mim com os olhos brilhantes, como se realmente quisesse ir nesse lugar.

- Quero.

Saímos da região principal, o extensão da escola era separada em regiões, era nescessário uma certa caminhada até a região de treino, mais ou menos uns vinte minutos andando.

O prédio era bem separado dos outros, a movimentação do próprio lugar era diferente da do resto, haviam veículos mais pesados e maiores, não sei se as pessoas que ali estavam eram alunos também, se fossem, eram alunos que também participavam das atividades da própria Husk, os soldados dali estavam vestindo roupas mais leves que as armaduras que eu vi na capital, eram apenas peitorais de metal e fardas pretas por baixo, as calças da farda também tinham placas fixadas a elas, eles tinham ombreiras com um símbolo de cada lado, um lado era a patente eu acho e o outro era o símbolo da Husk.

- Está vendo as roupas deles? Esse ano vamos escolher se fazemos parte da Husk ou não, eu com certeza vou fazer!

- Hmmm...

- Não vejo motivos para você não fazer.

- Porquê você fala isso?

- Se não estiver na Husk quando ficar adulto, vai ter que entrar no exército de Dragonsky, você é um Sky, é obrigatório que você entre.

- E qual o problema de entrar no exército de Dragonsky?

- As batalhas de Dragonsky só são vitoriosas quando se tem um líder formidável, algo que Dragonsky não tem mais.

- O que você diz faz sentido, mas o que me impede de virar esse tal líder?

Ela suspirou.

- Os soldados novos não vão viver o suficiente para se tornarem líderes, e os mais velhos estão sendo eliminados de um em um.

- Você acha que na Husk eu vou conseguir me tornar esse líder?

- Talvez, tenho certeza que não vai morrer estando na Husk, disso eu tenho certeza.

- Vou pensar no seu caso então.

Ela me levou para conhecer as instalações ainda, era muito legal lá, haviam tanques, naves indo e vindo da base, soldados treinando tiro, haviam várias coisas desse tipo, mas o que mais me chamou a atenção era um mural, cheio de missões, aparentemente os Husks dali ganhavam a vida desse jeito, fazendo essas missões, cada uma delas tinha um valor, alguns grupos de quatro ou cinco Husks iam até ali, pegavam uma missão e saiam, parecia algo como um jogo.

Talvez eu fique interessado pela Husk.