102 O Maioral (3/3).

"Ele é até engraçado." Kori, falou isso seria enquanto segurava uma bolsa de gelo vermelha sobre seu machucado num dos olhos, usando outro olho para ver o holograma no centro da mesa mostrando Lobo, preso no centro de um cone de energia pura azul, há poucos segundos atrás, ele estava se jogando contra essa energia, espalhando sangue para todos os lados, nesse momento, ele abaixou as calças e começou a se aliviar contra o mesmo campo de força, parecendo um cachorro marcando território.

"Não, nada engraçado." Comentou Wally, fechando a transmissão com uma cara de nojo.

Já se passou quatro horas desde a nossa batalha em Las Vegas, e agora estamos na sala de reuniões mais privada na Sala da Justiça, alguns níveis abaixo de tudo que a acima, uma sala pequena e completamente fechada, paredes brancas e uma mesa retangular com lugar para várias cadeiras, a maioria delas estão ocupadas pelos meus amigos, sentados de forma relaxada, menos o Kaldur, todos estão usando esse tempo para descansar o máximo, já que não foi apenas a luta que minou nossos corpos, foi tudo que aconteceu depois, os salvamentos e limpeza do local.

"Sua regeneração não faz sentido no ponto de vista biológico, regenerar um corpo inteiro funcional em apenas uma hora só de uma cabeça, deveria gastar mais energia do que ele tinha, não faz sentido!" Wally, parecia realmente fascinado com isso.

Ele está certo sobre isso, é uma velha questão, para se curar é preciso de nutrientes, curar um corpo ou até mesmo um membro sem nada disso é impossível, mas não estamos falando aqui de um ser humano.

"Não faz sentido para o lado místico também." Falou Raven, coberta por seu longo capuz roxo de cabeça baixa.

"Deveríamos cortar a cabeça dele mais uma vez, só para garantir." Pediu Roy, seu arco estava em cima da mesa na sua frente, pronto para voltar a luta a qualquer momento.

"Isso é brutal, e não daria em nada, o corpo vai crescer de novo." Contou Wally, com um pacote enorme de salgadinhos em mãos.

"Não vai haver mais esse nível de brutalidade com ele contido." Ordenou Kaldur, com os braços cruzados, sentado completamente ereto na sua cadeira.

É realmente um pouco exagerado, mas entendo o Roy, o cara é realmente assustador, ver ele se regenerar calmamente enquanto fazíamos salvamento provou isso, mas acho que vamos ficar bem, essa prisão foi feita para conter pessoas como ele, e não é só a rede de energia o envolvendo, todas as paredes ao seu redor são de metal puro, também não há saída, a única forma de entrar é por fora, acionando um sistema que move toda essa sala até sua porta.

"As defesas vão aguentar, também coloquei um rastreador magico nele, caso ele seja um mágico escapista." Quando falei isso, voltei a levantar minha cabeça para o teto com meus olhos fechados e coloquei em cima da minha testa gelo, minha cabeça está me matando, mais um dos efeitos adversos de uma união de almas, por sorte essa dor demora para se mostrar, o que me deu tempo o bastante para ajudar Las Vegas, mesmo com a dor de ter chifres crescendo do seu crânio e essa dor, não posso reclamar, meu irmão fica literalmente apagado depois disso.

"Tudo bem, mas por que essa demora toda? Estou ficando cansado de esperar e quero tomar um banho." Falou Roy, nada feliz com a espera.

A espera, não durou muito, as portas duplas de metal se abriram do elevador, e dele Robin, entrou junto do Lanterna Verde, John Stewart, que adicionou um bigode e barba simples, o deixando duas vezes mais legal com seu visual sem cabelo, ele também está usando seu traje de lanterna verde-esmeralda e preto, com olhos brilhando em verde-claro, levando em mãos o cinto do Lobo.

"Desculpem a demora, mas o cinto tinha armadilhas em cima de armadilhas, algumas eram, bastante desagradáveis e gráficas." Suspirou o Lanterna, se movendo até ficar na posição topo da mesa de frente para nós.

Demos tudo que conseguimos salvar do Lobo, para o Lanterna, que é o melhor para analisar o que era tudo aquilo. Bem, estou mentindo aqui, demos quase tudo para o Lanterna, posso ter conseguido desenterrar o que sobrou da Ramona, e a levada para minha dimensão, quem pode me culpar? Aquela maldita e bela moto é o transporte mais legal e incrível dessa dimensão, quero ela para mim! 

Infelizmente, acho que não vou conseguir montar aquela coisa sozinho ou sem gastar uma pequena fortuna, é muito avançado para mim, provavelmente vai virar um enfeite legal.

Robin, vestido com roupas comuns, um casaco vermelho sobre uma camisa simples branca usando apenas um grande óculos de sol para cobrir sua identidade, andou até ficar atrás da Kori, colocando sua mão no ombro dela e se aproximando do seu ouvido.

"Desculpe, não consegui chegar a tempo." Murmurou ele, dava para sentir a sua infelicidade com esse fato fortemente na sua voz, Kori, apenas deu um sorriso e um breve beijo na sua mão.

"O quão ruim é?" Perguntou Raven, chamando nossa atenção para o Lanterna, que ficou responsável por analisar o que o Lobo, tinha com ele.

"Armas nos seus mais variados tipos, algumas proibidas em quase todos os quadrantes do universo, a mais perigosa delas vocês conseguiram pegar antes de ser acionada por ele, graças a deus." Falou o Lanterna, colocando o cinto na mesa, delicadamente.

"Que arma?" Perguntei confuso.

"Uma bola negra que o Arqueiro Vermelho me deu, aquilo era uma bomba de neutrinos, tinha poder de fogo o bastante para transformar Las Vegas, mais uma vez em deserto, duas vezes." Contou ele.

Sim, todos ficaram calados, até mesmo o Roy, não é para menos, naquele momento, não demos muita atenção para aquela pequena bola, mesmo o Lobo, dizendo claramente que iria acabar com a cidade.

"Eu ia acionar aquela coisa e jogar de volta para ele." Comentou Roy.

Graças aos deuses, que ele não fez isso.

"A bola está no cofre da Liga, vou a levar para fora do planeta mais tarde e a desarmar, assim como os outros vinte e sete explosivos."

"Mais alguma coisa? Por exemplo, a forma que ele usou para conseguir localizar a Starfire?" Perguntou Kaldur.

"Isso não é difícil." O Lanterna, levou sua mão até o cinto, tirando dele algo do tamanho de um celular, sem tela ou botão, apenas um brilho verde forte na sua ponta como uma pequena lanterna.

"Rastreador de DNA, item padrão de um Caçador de Recompensas, tem o alcance de um sistema solar, e está travado na Starfire." Respondeu ele.

Pergunta respondida do como, mas isso levantou outra pergunta mais importante.

"Como eles conseguiram o DNA da Starfire, do outro lado da galáxia?" Perguntou Wally.

"Eu fui prisioneira dos Psions, por algum tempo, e também tive outras situações parecidas, pode ser qualquer um deles." Respondeu Kori, abaixando a cabeça, com certeza, se lembrando dos tempos ruins.

"Bem, o que vai acontecer com o Lobo?" Perguntei, querendo mudar o assunto.

Lanterna, moveu sua mão em cima da mesa, e o holograma apareceu de novo, agora o Lobo, está deitado de costas no chão, parece que ele se cansou e resolveu tirar um cochilo.

"Normalmente, eu deveria o levar para OA, e de lá, o mover para qualquer planeta que ele tenha crimes registrados, deixando assim o sistema legal seguir seu curso, o problema, é que ninguém quer prender o Lobo." Falou o Lanterna.

"Como assim? Ele é um santo por acaso?" Perguntou Roy.

"Oh não, é mais difícil encontrar um mundo aonde não há um mandado de prisão em seu nome do que não, o problema, é que ninguém realmente quer o prender, todas às vezes que isso aconteceu, o resultado foi o mesmo."

"Caos total?" Perguntei.

"Exatamente, na sua fuga mais recente, ele acabou com duas cidades usando um vírus bastante desagradável." Confirmou Lanterna.

Mais silencio.

Quer dizer, isso faz sentido, tem literalmente uma história inteira aonde o Lobo, foi expulso tanto do céu quanto do inferno logo após morrer, o que sempre achei ser algo completamente ridículo, um exagero do nível Superman, da época de prata, aonde ele tinha poder para literalmente apagar sistemas solares com um espiro, mas bem, fazer algo semelhante a isso nessa realidade, também é um pouco ridículo, afinal, a muitos impérios poderosos no universo.

"Voto em jogar uma pedra gigante em cima desse cara, e o esquecer lá." Sugeriu Roy, era realmente uma boa ideia.

"Concordo." Falou Robin, ele está bravo.

"Não vai ser preciso, conversei com alguns amigos na Tropa, Lobo, vai ser mantido na nossa prisão, então ele não vai ser um problema por muito tempo, mas isso não resolve a situação da Starfire."

"Como assim?" Perguntei.

"O pedido de captura para ela não foi feito apenas para o Lobo, é um pedido em aberto, todo Caçador de Recompensas pode tentar a sorte."

"Tem o nome de quem enviou o pedido? Podemos ir direto à fonte, e persuadir ele a retirar a recompensa." Tentei.

"Gostei dessa ideia também." Comentou Roy.

"Sem nomes, foi um pedido realizado usando uma grande rede de Caçadores de Recompensas, nem mesmo os Lanternas, podem rastrear quem fez o pedido, não sem gastar muitas semanas de trabalho."

Claro, que não poderia ser fácil.

"Qual é a recompensa?" Perguntou Kaldur.

É uma boa pergunta, assim vamos saber o nível de interesse de todos os Caçadores.

"Em moeda galáctica, o bastante para comprar um planetoide de tamanho médio." Respondeu Lanterna Verde.

Para o silêncio no lugar, Wally, sempre o otimista, nos amaldiçoo.

"Qual é pessoal, o universo é gigantesco, duvido que vamos ter outro encontro como esse, quem vai pensar que a Kori, está nesse belo e afastado planeta?" Comentou ele rindo, colocando as duas pernas em cima da mesa de forma relaxada.

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"Isso já está ficando ridículo." Falei em voz alta, no meio de um pequeno parque em pé na grama verde recém-aparada.

Estamos no parque Riverside, próximos do rio Hudson, esse é um grande espaço com mais de cinco quilômetros de verde, estava de noite, e mesmo esse lugar não sendo muito visitado a essa hora, coloquei alguns feitiços para afastar as pessoas do local inconscientemente, é um belo lugar aqui, estradas dos dois lados com vegetação e postes antigos iluminando o local, Kori e eu, escolhemos o local perfeito com grama bem aparada de frente para o rio e a cidade iluminada no horizonte, tudo estava calmo, até um penetra aparecer.

"Uma corda, por favor." Pediu Starfire, sentada com o joelho em cima das costas de uma alien, usando a outra mão para a prender seu braço atrás dela, a imobilizando no chão.

Não tinha corda comigo, mas criei algo facilmente usando meu ectoplasma cinza, entregando para ela, que com a velocidade e habilidade de um cavaleiro, deu um belo nó prendendo as pernas e braços da alien azul sem cabelos, vestida de couro preto e um cinto cheio de armas, agora espalhadas pelo chão ao nosso redor.

"Pronto!" Falou Kori, muito feliz se levantando do chão.

Nem me dei o trabalho de perguntar o nome dela, ela também não quis começar nenhuma conversa, só pulou em cima da Kori, de uma pequena moita do nosso lado, e foi facilmente presa por nós dois depois de uma breve luta.

"Essa é a número seis ou sete?" Perguntei, olhando para mulher que continuou calada, apenas olhando para mim com seus olhos completamente verdes.

Sim, ela era uma caçadora de recompensas, assim como o idiota do Lobo, que graças aos deuses, depois deu uma tentativa de fuga que quase deu certo, foi levado para fora do planeta, ele agora é problema da Tropa dos Lanternas, que os deuses protejam suas almas.

Não vou mentir, entendi muito bem por que ninguém quer prender esse idiota, a tentativa de fuga, não foi nada bonita com esse idiota, quebrando todos os ossos do seu corpo e escapando pelos canos da privada.

"Acho que é a número oito." Comentou Kori, levando sua mão até seu queixo, vestida com uma camisa branca folgada e jeans azuis, estávamos nos preparando para comer no parque com nossos amigos quando fomos atacados.

Então, oito ataques em duas semanas, nove, contando o Lobo.

Como eles estão conseguindo chegar até nós em tal número? Fácil, eles sabem que estamos aqui, Lobo, postou se gabando com os outros Caçadores, que encontrou seu alvo usando a Rede, uma espece de internet intergaláctica, ele fez isso assim que chegou ao planeta, babaca.

"Quer cancelar o jantar?" Pergunto para Kori, que segurou a parte de trás da corta no corpo da presa a levantando do chão, como se fosse uma mochila.

Abri um portal a nossa esquerda, e Kori, jogou a mochila dela dentro dele, a mandei para uma das celas na base da Liga, antes de fechar o portal, mudei seu destino, e com telecinese, levantei todos os brinquedos dela do chão e o joguei no portal, limpando o local, não podemos deixar armas do espaço soltas dessa forma.

"Não, já estamos aqui, foi apenas um pequeno exercício." Comentou ela olhando ao redor.

Kori, pode estar escondendo muito bem, mas até ela está sentindo a pressão, e não está gostando nada de meter seus amigos nessa confusão, a maioria dos outros esquece, mas ela é uma princesa de uma raça orgulhosa que se consideram guerreiros, eles têm uma certa ferocidade animalesca no sangue, mas agora ela está sendo caçada, um predador natural não gosta nada disso.

Graças que até agora só fomos atacados por peixes pequenos, relativamente falando, alguns tinham habilidades problemáticas, até mesmo atacando em lugares públicos, que causou alguns problemas, mas ainda demos sorte, ninguém do nível Lobo, apareceu, mas isso não vai durar, acabamos de saber que a recompensa aumentou.

"Tudo bem então, temos tempo antes que eles cheguem, por que não vamos direto para o motivo disso tudo?" Perguntei para ela, movendo meus dedos no ar usando feitiços simples para garantir privacidade primeiro, e logo depois começo a conjurar coisa que vamos usar no jantar.

"Como…?" Perguntou Kori, tentando parecer não ter entendido o que estou falando, e falhando muito nisso.

"Kori, primeiro você força com muita vontade, todos os nossos amigos da Torre, a tirar esse dia de folga para fazer esse jantar." Comecei, tirando uma toalha vermelha do nada com tamanho mais do que o bastante para todos se sentarem no chão.

"Queria passar, algum tempo com meus amigos…." Mentiu, já olhando para baixo, evitando contato visual, ela é terrível nisso.

"Depois, você pediu para ajudar a cozinhar, e mesmo você amando comida, nunca tentou fazer nada por si mesma." Com a tolha no lugar, comecei a conjurar as cestas cheias de comida, as distribuindo por todos os lugares. 

A comida não foi feita por mim sozinho, os Aurae, fizeram quase todo o trabalho, e também devo dar crédito para Casa, que aguentou as explosões causadas na cozinha pela Kori, ela nunca mais vai cozinhar, vou garantir isso.

"Kori, todos sabemos que você está pensando em ir embora." Contei o obviou, colocando agora as bebidas no lugar, assim como os pratos e talheres de prata.

"Não!" Gritou Kori, para logo desistir, sabendo muito bem que já descobri tudo pelo meu olhar.

"Todo mundo já sabe? Tentei esconder, ninguém deveria saber!" Tentou ela.

"Kori, seu namorado foi treinado por um dos maiores detetives do mundo."

Ela aceitou, mas também não aceitou, e logo começou a dar desculpas, mas continuei calado, até ela desistir.

"Vocês vão tentar me parar?" Perguntou ela, se sentando no chão, quase que se jogando nele, e logo depois abraçando suas pernas contra o peito.

Kori, pode viajar pelo espaço já que ela não precisa de oxigênio e seu ambiente não tem efeito sobre ela, descobrimos isso no decorrer da nossa amizade, isso não é um poder que todos da sua raça possuem, e sim foi adquirido depois das experiências cientificas que ela sofreu, então ela não sabia disso até tentar realmente, mas mesmo podendo sobreviver no espaço, e com seu aumento de velocidade no vacou, ela ainda não se move rápido o bastante, então vai demorar muito, muito tempo até ela chegar em qualquer planeta avançado, e conseguir um transporte para seu destino.

Me aproximei dela e sentei do seu lado, da mesma forma que ela está.

"Claro que não, vamos com você!" Falei em fim.

E os preparativos já estão sendo feitos pelo Dick, e os outros, não vai ser fácil, e também não vamos contar com ajuda da Liga, ou com nenhum adulto, afinal, sair por aí salvando o mundo é tudo bem, mas sair do planeta, é um assunto completamente diferente.

"Vai demorar mais alguns dias, Dick, está na frente do planejamento, alguns vão ficar para proteger a cidade, e também vamos ter que, adquirir, duas coisas para dar certo, nada muito grave garanto, mas isso vai reduzir sua viagem de cem anos, para algumas semanas, pelo menos até nosso primeiro destino, depois disso, vai saber." Explique para ela.

Não sabemos quem colocou o contrato, por isso mesmo, temos que ir até uma das agências dos Caçadores de Recompensa, eles não são, na verdade uma organização, a maioria deles agem sozinhos, mas a lugares como esses por toda galáxia, com o objetivo de facilitar para os clientes e os Caçadores encontrarem e postem seus contratos de forma rápida, então, Dick, previu que o plano da Kori, era voar até um desses planetas, e conseguir o nome de quem fez o pedido pelos arquivos ou de forma mais proativa.

Kori, não falou nada, mas deixou seu corpo cair na direção do meu, ficando apoiada dessa forma.

"Eu não queria isso, privar vocês de suas casas e famílias por mim." Falou ela de cabeça baixa.

Não é só isso, Kori, deve ter uma ideia de quem realmente colocou um preço tão alto na sua cabeça, e deve haver uma história não ótima de engolir vinda com isso, conheço muito bem ela, mas também não vou cavar nisso a força.

"Kori, você está dando uma desculpa para um bando de jovens adultos ir numa viagem de férias pelo universo, vá por mim, não foi uma decisão difícil!" Brinquei com ela, mas não estou completamente errado.

Finalmente, consegui tirar um sorriso dela.

Bem, não me agrada deixar minha irmã tanto tempo sozinha, com a sorte que temos, essa vai ser uma viagem longa, por isso nos dias que faltam para fazer essa plano funcionar, também vou deixar tudo pronto, vou deixar minha arma secreta mais poderosa com a Van, ela quem precisa mais.

"Se vocês sabiam de tudo isso, por que aceitaram esse jantar de despedida?" Perguntou Kori.

"Por que não, é uma boa ideia ter um jantar numa bela noite dessas." Falei olhando para cima, o céu estava limpo e a lua no seu ponto mais alto.

Ainda temos de conversa sobre mais algumas coisas, mas os outros já chegaram, vamos comer e nos divertir por hoje.

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E aqui estou eu mais uma vez, uma semana depois e com mais dois ataques do Caçadores na conta, sentando no meu laboratório de frente para uma mesa de madeira longa, movendo meus dedos de forma rápida, e na ponta de cada dedo, uma linha fina quase invisível cinza que estão dentro da esfera na minha frente, o núcleo da minha criação quase completa, o autômato.

Depois de quatro dias trabalhando sem parar ou descansar de qualquer forma sentado na frente dessa mesa, estou quase acabando meu trabalho, colocando com muito cuidado o último componente do quebra cabeça no seu lugar, uma pequena bola do tamanho de uma cabeça de alfinete totalmente negra, feita com o metal do submundo que foi refinado usando alquimia e depois esculpido com runas escritas num tamanho minúsculo por um anão que aceitou um pouco do mesmo metal como pagamento, isso pode não parecer muito, mas, na verdade, foi uma pequena fortuna gasta.

"cac!"

Perfeitamente encaixada no lugar, um bom sinal.

Não houve efeito visível no inteiro da esfera que lembra bastante as engrenagens douradas de um relógio visto por dentro, todas essas engrenagens, estão brilhando com minha energia negra ainda, algumas paradas, e outras se movendo, mas está feito, completo.

Me afastei, esse é o momento da verdade.

Antes de mais nada, conjurei uma poção de cor verde e a tomei num só gole, essa é específica para clarear minha mente, me livrando do cansaço mental, e o efeito foi imediato, minha cabeça cansada foi acertada por uma força calmante, como se hortelã fosse injetado diretamente no meu cérebro.

Após respirar mais algumas vezes, levei meu dedo o colocando na frente da esfera aberta, posicionada em cima de um pequeno suporte a mantendo parada. A esfera já está quase que despertada, só seu maquinário central ainda não está se movendo, e tudo que preciso fazer para o ligar, é disparar um pequeno choque elétrico no local correto.

"Zzz!"

O raio elétrico disparou do meu dedo acertando a esfera no seu centro, e do nada, a energia cobrindo as peças ficou mais forte, um segundo depois, as engrenagens paradas começaram a se mover, e o topo da esfera se fechou sozinha.

"Tudo perfeito." Comentei me levantando, me arrependi um segundo depois, minhas pernas estão bem duras, mas isso passou rápido.

Fez a esfera flutuar até parar ficando acima da minha mão, parece besteira, mas não quero tocar diretamente em algo tão delicado, que vai estar só protegido quando for colocado dentro do corpo metálico na sala.

Mesmo sem tocar diretamente a esfera, posso sentir a energia girando dentro dela, não é para menos, essa coisa é parte de mim, conectada diretamente com a fonte inesgotável de energia no Submundo, outra forma controle e precaução, assim evitando a criação do meu próprio Ultron.

Sou paranoico com isso desde o fracasso que foi o golem que se rebelou, garanto que se minha criação der um passo em falso, ela vai para o saco.

"Hora da verdade, então." Falei indo até minha criação, parada não muito distante de mim.

O peito do meu autômato, se abriu assim que me aproximei dela, mas antes de dar o último passo, isolei todo meu Local de Poder, assim como também essa oficina, pronto para explodir tudo a qualquer momento, só para garantir.

Com isso feito, a esfera foi sozinha para seu lugar bem no centro do peito do autômato, que se fechou, e quase imediatamente, escutei um batimento, e depois mais outro e mais outro, mas ainda falta vida em si, ou quase vida, e como sempre, magia tem um preço.

Conjurei minha espada e a enfiei no chão de madeira, tocando seu pomo, puxei algo para fora dela, uma esfera de luz negra do tamanho de uma bola de futebol, não importa quantas vezes veja isso, não consigo deixar de sentir meu estomago revirar com tanta sujeira, sim, essa é a alma do vampiro feiticeiro, que minei conhecimento por muito tempo, mas isso acabou, o que ainda não aprendi, já foi passado para livros que estão na minha biblioteca, então a perda dela hoje não é muito para mim, mas claro, alma tem seu valor.

O preço é simples, uma alma, mas não estou usando essa coisa podre para dar vida a algo que deve ser bom, em vez disso, estou alterando ela, como energia não pode ser destruída apenas transformada, vamos dar um novo início a essa energia, me livrando completamente de toda vida que o vampiro levou, removendo assim também o controle do ser que ele fez um trato obscuro.

Sem pensar mais, fiz o que tinha que fazer, e o resultado veio logo em seguida, os olhos do meu autômato, se abriram pela primeira vez revelando apenas uma luz azul comum. Em seguida, seu corpo ereto pareceu perde o apoio, mas não chegou a cair no chão, seu equilibrou o fez quase que dançar pela sala, ela está tentando aprender a usar seus membros, pelo que vejo.

Não foi estranho, parecia quase uma dança, e ver a energia negra e cinza se movendo pelo seu corpo dava um toque especial para isso. Mais alguns minutos depois, a dança finalmente pereceu parar, e sua postura ficou mais uma vez ereta de costas para mim, ela então se virou, e deu alguns passos à frente lentamente, sentindo e se acostumando agora a andar de forma correta.

Finalmente, ela parou alguns metros de distância de mim, e olhou para meus olhos, sentindo a nossa conexão.

"Qual é o meu propósito?" Perguntou ela em fim, com uma voz bela e sonora, tão bela que, com certeza, era artificial.

Criei aqui uma quase vida inteligente, então estava esperando isso de certa forma, mas se deparar com uma pergunta dessas não é fácil, ainda mais quando não faz meu estilo simplesmente dizer que o proposito na existência dela era servir meus desejos, não sou tão carente ou babaca assim.

Agora que minha animação acabou, senti o cheiro, que não vinha dela e sim de mim, quatro dias sem banho, tem resultados sérios.

"Vem comigo, depois de um banho, vou tentar responder isso." Falei para ela, com um sorriso no rosto.

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Acho que nunca tomei um banho tão rápido desde que consegui um banheiro desse nível, dois minutos depois de entrar nele, estava pronto sentado na frente do autômato, na mesa da cozinha agora vazia, ela ficou me esperando sentada sem dizer ou fazer nada, assim como pedido.

Assim que me sentei e pedi um grande copo de chocolate quente, para recarregar um pouco minhas energias e encher meu estomago, comecei a tentar explicar o que ela era e o por que sua criação, mas também deixando bem claro, que não sou seu mestre, e nunca vou ordenar algo de uma forma que prive ela de seus direitos.

Era confuso, e também um pouco culpa minha, tinha que me preparar melhor para perguntas como essa.

Resumindo, após meia hora tentando responder perguntas existências que nem mesmo o mais sábio ser humano poderia ter certeza da resposta, as coisas se arrumaram de certa forma.

O autômato, vai ficar morando comigo.

Virei o cuidador dela, já que ela vê essa posição como algo natural para quase todos os seres vivos que são "criados", acho que ela se vê como um filhote ou algo assim.

Ela quer descobrir o propósito da existência, fazendo isso da forma mais longa possível, vivendo, e depois de explicar o que sou e mais sobre meu trabalho heroico, ela ficou interessada por isso, sim, autômato podem sentir emoções, mas com eles, emoções tem que ser acordadas pelo acúmulo de experiência em vida.

As coisas ficaram dessa forma, e para completar e ajudar um pouco ela, tirei um celular do bolso, era novo, um dos descartáveis que tenho aqui comigo para caso precisar do mesmo projeto do Dick.

Ela parecia realmente animada em ver a tecnologia, algo que não surgiu para ela a não ser pelos meus aparatos domésticos na cozinha.

"Não entendo muito como isso vai acontecer, mas não vá muito fundo na rede, e nem tente invadir nada com segurança, não queremos chamar atenção." Falei com ela com calma, posso ter alguns paramentos de suas habilidades, mas é preciso ter cuidado antes de qualquer coisa.

O autômato, apenas acenou para mim, e levantou sua palma esticando o braço, coloquei então o telefone em cima dela.

Ela fechou seus olhos, e alguns fios de energia surgiram da sua palma acertando o telefone o fazendo ligar, mas a tela estava estranha, só passava código de programação em alta velocidade, uma linguagem que nunca vou entender, mesmo sendo imortal.

Depois de mais um minuto, o telefone do nada começou a se desintegrar, virando uma pilha de poeira negra em cima da sua mão.

"Esse hardware é muito rudimentar, com o nível atual da sociedade, não vejo por que criar algo tão atrasado assim, mas havia muitas pequenas alterações no código-fonte, garantindo a privacidade." Falou ela, deixando a poeira cair sobre a mesa.

"É um modelo criado para ser barato, e a internet?" Perguntei preocupado, esse é o momento, tenho um Ultron, ou não.

"Cumpri seu pedido, não tentei atravessar nenhuma segurança, mesmo algumas sendo fracas, mas havia uma quantidade enorme de informação, mas do que posso processar em um milhão de anos."

Deu certo.

O poder de processamento dela é muito superior ao humano, mas sua memória, mesmo sendo também superior, continua em falta comparado ao Ultron, de certa forma, o que estou dizendo aqui, é que ela vai evoluir lentamente, em vez de dar pulos na evolução, só espero que isso crie uma certa humanidade maior nela, algo superior ao que foi colocado durante sua criação.

"A também uma quantidade quase que sem sentido de pornográfica, dos mais variados tipos….." 

"Por que não avançamos!" Parei ela aí.

"Claro, o próximo assunto, seria minha denominação."

"Um nome, você precisa de um nome, já que não é um simples objeto."

Sim, um nome, ela precisa de um, e já tenho um bom em mente. 

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