webnovel

Sem lembranças

Arthur abriu os olhos lentamente. Uma dor profunda percorreu por todo seu corpo quando tentou se mexer, o que o impediu de se levantar. Sua visão estava embaçada, uma névoa cinza estava obscurecendo sua visão. Tudo o que podia ver eram vultos escuros que caminhavam de um lado ao outro, mas parecia que estavam longe. Ao redor, estava escuro como o breu, apenas ao redor daquelas sombras parecia haver luz. Era como um pesadelo sem fim.

Depois de algum tempo, e um pouco de esforço mental, a visão de Arthur finalmente melhorou, e inevitavelmente pode perceber onde estava. Paredes e um chão de pedra o cercavam de ambos os lados e em suas costas, onde estava sentado com as costas escoradas. Um beco. Ele estava jogado em um beco escuro, úmido e fedido. Os vultos eram apenas pessoas que passavam rapidamente de um lado ao outro com pressa, e quando andavam contra a luz, davam a impressão de sombras que, juntamente com a visão prejudicada de Arthur, resultaram em bons figurantes para seus pesadelos.

"Figurantes!" Pensou Arthur divertido em um devaneio.

Ele balançou a cabeça em uma tentativa de clarear os pensamentos confusos, mas isso só desencadeou uma forte dor o que o deixou tonto. O que restou foi encostar na parede atrás e esperar até que o ato de se mover não lhe trouxesse efeitos colaterais.

E depois de um tempo, Arthur já conseguiu se movimentar um pouco. Apesar de ainda ter um pouco de tontura, a cabeça já não doía tanto.

Com um pouco de esforço ele se levantou lutando para se manter de pé. Mas assim que tentou dar um passo, a torura voltou e o derrubou. Seu corpo todo estava tremendo e seu coração estava acelerado batendo em um ritmo alarmante. Tudo o que restou foi encostar na parede novamente e esperar seu corpo reagir.

O tempo que passou não tinha importância naquele momento. Arthur estava confuso. Era incrivelmente difícil descrever o que estava em sua mente.

"Eu… não tenho lembranças! Eu… não consigo lembrar… de nada!"

Vazio! Um vazio enorme sem cor e sem vida. Como em uma sala branca sem fim onde não havia nada. Um lugar imaculado. Essa era a mente de Arthur.

"Não há nenhuma lembrança? Nada?"

"Quem… Quem sou eu?"

Uma onda de desespero estava atingindo a mente do jovem que agora estava encolhido contra a parede enquanto segurava a cabeça com as duas mãos. Junto com a onda de desespero veio uma forte dor e também um zumbido que o fez estremecer.

- Certo, acalme-se! - Disse para si mesmo.

Nem mesmo sua voz era familiar. Parecia ser a voz normal de uma pessoa aleatória, nem muito grossa nem fina, não tinha um som estridente e agudo, nem um grave marcante. E

Arthur abriu os olhos lentamente. Uma dor profunda percorreu por todo seu corpo quando tentou se mexer, o que o impediu de se levantar. Sua visão estava embaçada, uma névoa cinza estava obscurecendo sua visão. Tudo o que podia ver eram vultos escuros que caminhavam de um lado ao outro, mas parecia que estavam longe. Ao redor, estava escuro como o breu, apenas ao redor daquelas sombras parecia haver luz. Era como um pesadelo sem fim.

Depois de algum tempo, e um pouco de esforço mental, a visão de Arthur finalmente melhorou, e inevitavelmente pode perceber onde estava. Paredes e um chão de pedra o cercavam de ambos os lados e em suas costas, onde estava sentado com as costas escoradas. Um beco. Ele estava jogado em um beco escuro, úmido e fedido. Os vultos eram apenas pessoas que passavam rapidamente de um lado ao outro com pressa, e quando andavam contra a luz, davam a impressão de sombras que, juntamente com a visão prejudicada de Arthur, resultaram em bons figurantes para seus pesadelos.

"Figurantes!" Pensou Arthur divertido em um devaneio.

Ele balançou a cabeça em uma tentativa de clarear os pensamentos confusos, mas isso só desencadeou uma forte dor o que o deixou tonto. O que restou foi encostar na parede atrás e esperar até que o ato de se mover não lhe trouxesse efeitos colaterais.

E depois de um tempo, Arthur já conseguiu se movimentar um pouco. Apesar de ainda ter um pouco de tontura, a cabeça já não doía tanto.

Com um pouco de esforço ele se levantou lutando para se manter de pé. Mas assim que tentou dar um passo, a torura voltou e o derrubou. Seu corpo todo estava tremendo e seu coração estava acelerado batendo em um ritmo alarmante. Tudo o que restou foi encostar na parede novamente e esperar seu corpo reagir.

O tempo que passou não tinha importância naquele momento. Arthur estava confuso. Era incrivelmente difícil descrever o que estava em sua mente.

"Eu… não tenho lembranças! Eu… não consigo lembrar… de nada!"

Vazio! Um vazio enorme sem cor e sem vida. Como em uma sala branca sem fim onde não havia nada. Um lugar imaculado. Essa era a mente de Arthur.

"Não há nenhuma lembrança? Nada?"

"Quem… Quem sou eu?"

Uma onda de desespero estava atingindo a mente do jovem que agora estava encolhido contra a parede enquanto segurava a cabeça com as duas mãos. Junto com a onda de desespero veio uma forte dor e também um zumbido que o fez estremecer.

- Certo, acalme-se! - Disse para si mesmo.

Nem mesmo sua voz era familiar. Parecia ser a voz normal de uma pessoa aleatória, nem muito grossa nem fina, não tinha um som estridente e agudo, nem um grave marcante. Era simplesmente… normal! Mas de alguma maneira ainda era estranha.

- Vamos, tente lembrar de algo… isso! Arthur! Arthur Gyuller. Meu nome é Arthur Gyuller! Bom… tenho 16 anos!

Ele parou tentando se lembrar de algo mais, porém nada mais pode ser retirado de sua mente vazia, era como uma estante sem livros.

- Droga! Droga! Droga! Por que… eu não lembro de nada? - Sua voz continha medo, e começou a se tornar desespero quando uma falta de ar o atingiu. - Isso é frustrante!

Quando seu desespero atingiu o auge, Arthur já não tinha mais forças, nem física nem mental. Aos poucos, as pessoas que passavam continuamente na rua a sua frente se tornaram borrões e depois sombra, e finalmente se apagaram, com tudo que restou sendo escuridão.

***

A mesma cena se repetiu. Arthur acordou e lentamente abriu os olhos. Dessa vez sua visão rapidamente se tornou clara, não havia dor de cabeça ou tontura, apenas a calma de uma mente vazia e um corpo anestesiado pela situação em que se encontrava.

Depois de passar por toda aquela tortura psicologica, sua mente finalmente desmoronou e ele desmaiou. Após acordar, um único pensamento passou por sua mente:

"Preciso me acalmar! Manter a calma é o primeiro passo. Desespero só vai piorar as coisas."

Arthur se manteve sentado em silêncio até que sua mente - sem nenhuma memória é claro! - estivesse totalmente tranquila. Esse era o primeiro passo e estava concluído.

Ele então se levantou, mas dessa vez fez isso com mais calma e não por impulso como antes. Seu corpo respondeu surpreendentemente bem, o que mostrava que todas as suas funções corporais estavam em perfeito estado e não havia risco de ter 'esquecido' como se andava também.

Após dar alguns passos e se acostumar com o movimento de seu corpo, Arthur passou a ver como estava vestido e o que poderia estar levando consigo. Começando pelos pés, um par de botas de couro marrom subiam até o joelho, era adornada com bastantes detalhes em prata, e inscrições e símbolos dos lados. Vestia uma calça azul marinho bastante justa que entrava nas botas, e tinha os mesmos símbolos. Na parte de cima, uma camisa branca como a neve descia até a cintura e era sobreposta por um cinto marrom, que era também adornada com vários detalhes prateados. A camisa ia até os pulsos, mas eram encobertas de ambos os lados por braceletes que cobriam quase todo o antebraço. Em seu dedo médio da mão direita, um anel de ouro com uma forma circular e plana na parte de cima continha o rosto de uma águia.

Mesmo sem memória, Arthur sabia que aquelas vestimentas seriam coisas de gente muito rica. Eram vestimentas muito luxuosas que com certeza tinham um valor altíssimo. Tinha apenas uma exceção. Vestindo por cima de tudo, um colete negro que chegavam até os joelhos. Bastante justo, parecia ter seu tamanho exato de seu corpo, e as mangas iam até os pulsos e também eram encobertos pelos braceletes.

A maneira como estava vestido poderia dizer quais seriam suas origens e talvez trazer alguma lembrança. Arthur tinha a esperança de se lembrar de algo quando visse suas roupas. Infelizmente nada aconteceu.

Quando ele procurou algo que estivesse levando, algum objeto talvez, uma grande surpresa surgiu. Preso em seu cinto, uma espada estava presa. Não era longa, tinha um metro de comprimento do cabo à ponta. A lâmina era bastante estreita com não mais do que cinco centímetros de largura. O cabo, era feito com tiras de couro entrelaçados, que dava a impressão de uma cobra. Havia apenas alguns detalhes em seu protetor de mãos, mas na ponta do cabo um pequeno símbolo de um leão poderia ser visto. Para todos os olhares, parecia uma espada bastante simples.

A espada estava do lado esquerdo de seu corpo, e do lado direito, havia um pequeno saco de couro, quando abriu, uma nova surpresa. Várias moedas prateadas estavam brilhando.

Depois de analisar tudo e pensar durante algum tempo, Arthur chegou a algumas conclusões sobre si mesmo. Ele provavelmente tinha alguma origem rica pelo fato de suas roupas serem claramente bastante caras. Além disso, parecia haver indícios de como era sua personalidade, que parecia ser de alguém bastante lógico pelo fato de que desde que acordou - pela segunda vez - ele passou de alguém em desespero, forçando a sua mente a se acalmar e a começar a pensar, para alguém que analisava as coisas de forma clara e objetiva. Outra coisa era que Arthur parecia saber sobre as coisas do mundo, como por exemplo quando viu a espada ou as moedas, ele sabia exatamente o que eram e também para que eram utilizadas. Também sabia os conceitos de cidades, reinos e impérios. Sabia sobre os sistemas de poder e como funcionam as classificações de ranqueamento. Tudo o que pudesse pensar, ele saberia.

O problema vinha exatamente quando era algo relacionado com si próprio. Exemplo disso era o dinheiro que estava com ele, pois ele sabia o que era, mas não sabia como ele o tinha. E esse era o ponto frustrante.

"Bom, não vou pensar nisso agora. O que eu tenho que fazer é encontrar um lugar para se estabelecer e poder pensar em quais passos tomar."

Depois de revistar todas as suas roupas, Arthur não encontrou mais nada.

Na rua, as pessoas passavam de um lado ao outro apressadas, e nem mesmo notaram o jovem que saiu do beco escuro. E os poucos que o notaram estavam ocupados demais para darem atenção, quando se voltavam novamente para olhar, o jovem já havia desaparecido.

Depois de caminhar sem rumo pela movimentada rua, que parecia ser uma das ruas principais para o comércio devido a quantidade de lojas e produtos espalhados por todos os lados, Arthur entrou em uma rua secundária onde não havia tanta movimentação. Lá os pequenos comércios eram bem pouco movimentados e os produtos pareciam não ser da melhor qualidade. Ali suas roupas caras estavam se destacando e chamando a atenção das pessoas quando passava.

Embora Arthur não olhasse diretamente para as pessoas, ele tinha a percepção clara de que havia pessoas que o estavam acompanhando com o olhar. Era como ter olhos nas costas, podendo sentir as ações das pessoas ao seu redor.

Por conta disso, a primeira coisa que fez foi entrar em uma loja de roupas. O melhor seria ele se desfazer de suas vestimentas caras e comprar algo que lhe desse uma camuflagem para poder passar despercebido.

Da loja que havia entrado, Arthur saiu vestindo roupas novas, mas com o mesmo estilo de botas até o joelho, calças justas e um sobretudo preto justo no tronco e mais largo da cintura para baixo. Tudo em preto. Não era totalmente discreto, mas também não era tão chamativo ao ponto das pessoas ficarem olhando. No máximo, ele pareceria um cara vestido de maneira um pouco estranha. Além do mais Arthur tinha um gosto por aquele estilo, reflexo de sua personalidade talvez.

Depois de trocar suas roupas, ele até ganhou algumas moedas, apesar de achar que foi roubado pelo vendedor que comprou suas roupas por um valor bem abaixo do que elas valiam. Mesmo assim, era bem melhor se desfazer delas para não causar problemas.

Apesar da mente estar confusa e em um grande desespero anteriormente, Arthur estava agora pensando de forma muito mais lógica, como se fosse natural. Por algum motivo parecia que seu instinto estava lhe dizendo o que fazer e ele somente seguia seus comandos enquanto caminhava e pensava cuidadosamente em cada passo que daria a partir de agora, analisando cada ação e seus possíveis resultados de forma tranquila e natural. Essas ações práticas e decididas traziam à tona qual era sua verdadeira forma de pensar, sua personalidade, e também a maneira como ele havia se adaptado rapidamente com a situação em que estava.

Enquanto caminhava pelas ruas e se afastava cada vez mais do centro movimentado, as ruas largas foram se tornando mais e mais estreitas, sem comércios ou aglomeração de pessoas se amontoando. E as ricas lojas foram substituídas por tabernas, bordéis e pousadas baratas em ruas escuras e com pessoas de péssima índole andando por todos os lados.

Quando Arthur passou por essas pessoas ele logo chamou a atenção pois mesmo que não estivesse mais vestido com suas roupas chamativas, sua própria presença era de um estranho.

Mas quando recebia aqueles olhares hostis, ele não sentia medo. Nem mesmo estava desconfortável com toda a atenção que estava chamando, e até se sentia melhor do que quando estava andando nas ruas grandes e cheias de gente, na verdade era quase como uma familiaridade.

Inconscientemente, Arthur estava evitando os lugares ricos e nobres e estava se aprofundando em uma região que poderia ser descrita como o submundo da cidade onde estava. Isso o intrigou profundamente quanto mais pensava.

Pela maneira chique e distinta que estava vestido, seria certo assumir que vinha de origens ricas e nobres, e esse foi o primeiro pensamento que teve. Mas depois de perceber que seus próprios instintos o estavam enviando para um lugar totalmente diferente Arthur começou a ponderar suas origens.

Mas independente disso, ele ainda continuou a caminhar e se aprofundar cada vez mais nas ruas escuras enquanto era seguido por olhos curiosos.

Depois de mais alguns minutos andando sem rumo, e de ter chegado em uma região que cheirava a confusão de longe, Arthur parou finalmente em frente a uma pousada que parecia muito com um bordel, e poderia ser um se não estivesse escrito 'pousada' bem acima da porta.

Sem nem mesmo hesitar por um segundo ele empurrou a porta e entrou.

Em uma rua não muito distante, um homem de meia-idade estava parado em um beco escuro enquanto observava Arthur entrar em uma pousada barata. Seu rosto era deformado por uma cicatriz do lado direito, que vinha do lado do olho até a boca, parecendo que seu rosto estava caindo para baixo. Ele era grande e pesado devido ao seu corpo gordo e alto.

Quando ele viu Arthur andando despreocupadamene na rua, sua visão aguçada viu de relançe algo que chamou sua atenção.

Um sorriso sinistro apareceu em seu rosto e um pensamento maligno passou por sua mente.

Aquela era uma boa oportunidade, e ele não iria perder!

Next chapter