1 Cap. 1 - Dia Normal ?

[27/03/2018] - [05:26:10]

[Belo Horizonte - MG - Brasil]

[??? POV]

"...

...

...hmmmm...

..hã...

...mas que sonho louco...

...o que era aquilo?...

Sobre o que mesmo eu estava sonhando?...

Deixa pra lá...

Bom, já tá na hora de trabalhar..."

Peguei o celular e desliguei o despertador. Já estou acostumado a acordar nesse horário, mas ontem fiquei até tarde finalizando um serviço.

Fiz minha oração silenciosamente. Mesmo depois de tudo, meus pais eram católicos e eu mantive o hábito de rezar. Por quê? Não sei, mas isso sempre me acalmou.

Depois de espreguiçar, levantei da cama e fui me arrumar. Bom, fazer a higiene pessoal, vestir uma roupa adequada, essas coisas que pessoas fazem para ir trabalhar...

Depois fui tomar café-da-manhã e liguei a TV em um dos canais de Notícias. Não era um dos canais convencionais, onde só passa notícias de tragédia e suas irmãs, mas um importante para quem está envolvido no meu serviço.

"O preço das tintas tá estável, mas o preço do sangue de monstro têm aumentado..."

É... Sangue de monstros...

Você não entendeu errado, monstros existem! Não apenas monstros, mas todo tipo de criatura que os humanos chamam de "imaginária" ou "mítica" existe! Mas não são exatamente iguais aos mitos...

Uhh, acho que é mais fácil explicar usando minha rotina como exemplo. Depois de assistir a TV, peguei minha mochila e minhas ferramentas, saí do meu apartamento e a primeira pessoa que encontro é a "gentil" Dona Ednalva.

Digo "gentil", mas essa velha é um demônio. Bem, não literalmente... Tecnicamente ela é uma Demi-Humana. Mais especificamente, meio mulher, meio equidna. Por favor, não confunda com a Equidna Grega. Ela insiste em dizer que é descendente da própria. Mas, parando pra pensar, talvez seja verdade. Dizem que a Equidna é mãe de todos os monstros. Com certeza era capaz de produzir essa senhorinha e larga-la no mundo...

Mas isso é o de menos. Em resumo, ela é a típica vizinha bisbilhoteira, fofoqueira, enxerida, barraqueira, mandona, sem vergonha e inescrupulosa das séries de TV. Isso tudo elevado ao cubo (ela é um pouco gordinha mesmo) somado às características da equidna australiana: cabelo espinhento, lingua grande (tanto no sentido figurativo quanto no literal), ausência de dentes (que ela compensa com uma dentadura amarelada), unhas que parecem querer te rasgar até virar rapos, olhos minúsculos e fundos por ficar a noite inteira acordada comendo seus petiscos, vulgo formigas.

Ela tem a pele parda, "queimada no sol pois sempre foi trabalhadeira" segundo ela mesma. Olhos castanhos e avermelhados, pois não gosta do sol (o que já contradiz a história sobre o trabalho ao sol, mas gosta o suficiente para vir me infernizar todo dia). A testa larga e retangular, cílios e sobrancelhas grossas. Cabelos negros crespos com tons amarelados e grisalhos. O nariz comprido e estreito. Os lábios saltados e carnudos fazendo bico, não para beijar (credo), mas para caçar seus petiscos, literalmente. Baixinha, de 1,40, mas pura maldade.

"Saiu tarde hoje, rapaz. É melhor correr se não perde a hora! Mas é óbvio que isso iria acontecer! Ficou acordado até tarde da noite com suas tarefas! Se tivesse administrado seu tempo melhor..."

E daí a velha diaba continuaria com o sermão até eu realmente perder a hora.

"Bom dia Dona Ednalva, eu gostaria de ficar e conversar, mas como a senhora disse, está tarde e eu posso perder a hora!"

Sem sequer dar tempo pra encarnação do mal retrucar, saí correndo pelo corredor e a deixei sozinha. Ainda deu pra ouvi-la resmungando.

"Senhora coisa alguma, eu ainda sou jovem, mal passei dos 50 e ainda estou em forma pra atrair qualquer homem. Espere só quando eu botar meu biquíni..."

Aquilo foi o suficiente para quase me causar um infarto, o que pra mim é um problema, por causa da minha doença. Cheguei ao final do corredor e entrei no elevador.

Dentro estava Joana, a florista do prédio e também é uma ninfa, uma divindade menor relacionadas a natureza, parecidas com as dríades, que são os espíritos das árvores. Enquanto dona Ednalva era intragável, Joana era a vizinha que recupera sua saúde e alegria com um sorriso brilhante, melhor que qualquer sorriso de propaganda de creme dental.

Joana parece ter 20 anos (mas como ela era uma ninfa, provavelmente é muito mais velha), cabelos castanho claro levemente cacheados, presos com um grampo em forma de flor formando um rabo de cavalo, olhos verde-azulados, sobrancelhas e cílios longos e finos, boca com lábios rosados, nariz pequeno e delgado, corpo de fazer inveja a qualquer modelo (não, não tô afim dela).

Junto dela estava o senhor Lunga, era um semi-deus, filho de um dos deuses da guerra, só não sei qual. Ele vive no Nordeste do país, mas sempre visita os parentes aqui em Minas. Parece um senhor comum, mas retruca qualquer um que der bobeira com ele, além de ter fama de ignorante. Mas é uma pessoa do bem.

Saí do elevador na garagem, fui até a minha picape, uma Mitsubishi L200 Triton Sport. Sim eu tenho uma, como consegui? É história pra outro dia...

Saí do prédio e fui em direção ao centro, para um Shopping de uma rede que abrange toda a América Latina, onde tenho uma loja.

Liguei o som do veículo e comecei a ouvir música. A primeira música era de uma banda internacional... Paradoxo do Paraíso...

Alguns minutos depois, cheguei no shopping, estacionei a picape, peguei minhas ferramentas, alguns produtos para serem entregues e fui para o elevador.

Por fora, o prédio possui 10 andares. Mas por dentro...

Também!

O quê? Eu não trabalho numa cabine de polícia azul inglesa...

Então eu apenas apertei o botão para subir até último andar...

Apertei o botão mais algumas vezes...

Comecei a falar sozinho, como se tivesse alguém no elevador comigo...

"Proprietário do estabelecimento 'Eldland'; do ramo de Forja, Joalheria e Criação de Formações, Matrizes e Talismãs; solicita acesso à Área Comercial Celestial"

Então uma voz feminina responde

"Solicitação aceita. Por favor, aguarde enquanto conferimos sua identidade."

...

"Identidade confirmada. Bem Vindo, Sr. Lúcio Arabrantes!"

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{Notas do Autor}

Finalmente, Capítulo 1 completo!

HUUUMMMM, COMO ASSIM VOCÊ ACHOU POUCO?????

Para falar a verdade eu também achei pouco, mas descobri que é um pouquinho difícil fazer capítulos longos, em parte porque eu prefiro resumir a história ao invés de prolonga-la. Mas isso é conversa para outro dia.

Esse capítulo também não explicou nada, mas fiquem calmos, que tudo vai fazer sentido (ou não...).

Sobre eu estar editando o capítulo várias vezes, é porque esta besta quadrada aqui não aprendeu a usar as ferramentas do app, mas prometo que vai ser a última vez.

Tá... Penúltima... Porque eu vou ter que alterar o prólogo também, mas fiquem tranquilos, vai ser só inserir alguns caracteres, não vou mudar a história (apesar do que eu acabei de mudar o final do Cap. 1, mas essa vai ser a última vez).

Estou parecendo o autor de Arifureta, que sempre fazia promessas sobre isso...

Mas agora a história continua no Cap. 2 - A loja. Até mais, galera.

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