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História, artefatos e criaturas

Era noite, um homem estava sentado em uma cadeira parecendo pensativo, ele olhava a lenha queimando na lareira acessa, "Hum.. então era aí que estava escondido todo esse tempo", o homem murmurou sorrindo, "Parece que terei que fazer uma pequena viajem", o homem falou em voz em baixa para si mesmo, a sala que ele estava era pequena e livros podiam ser vistos pelo chão, o homem fechou os olhos, a cena não parecia nada de mais e logo passou sobre o olhar da noite.

Povo: Anty

Era um dia como qualquer outro, o que quero dizer é que é mais um daqueles dias chatos, eu estava dormindo no meu lugar favorito, um beco isolado, o fato de ter uma criatura à solta não me deixou com medo, afinal qualquer barulho é o suficiente para me acordar, cortesia de ter crescido como um rato de laboratório, dormir nas ruas me dava uma sensação de liberdade, algo que eu nunca pude experimentar antes, eu sentia como se finalmente eu tivesse controle sobre minha própria vida.

Há alguns dias, a criatura atacou e matou 4 adolescentes, que decidiram quebrar o toque de recolher, apenas um deles sobreviveu para contar a história, essa criatura se comportava de forma estranha, ela já deveria ter sido capturada ou morta, mas ela nunca deixou um rastro para trás, como se soubesse, tinha algo de errado com essa criatura, algo não sabíamos ainda.

" Ei, você está me ouvindo?", Janette chamou, afastando meus pensamentos olhei para ela.

" Sim, eu estou", respondi tentando sorrir, "Hum", Janette não pareceu convencida, mas ela não falou nada e continuou, Janette estava me dando uma aula sobre história, o que eu não estava particularmente interessada, mas eu tinha como recusar as aulas dela, pois de acordo com a Janette, 'isso era necessário para meu futuro', eu discordava um pouco, mas eu resolvi falar nada, era melhor evitar uma discussão.

" Os artefatos foram muito importantes na história do mundo, pois pessoas que não possuíam magia podiam utilizar artefatos, claro que existem artefatos que necessitam de certas condições para serem usados, mas na maioria das vezes uma pessoa sem talento para magia podia se tornar extremamente poderosa por conta de um artefato", Janette explicou de maneira animada, às vezes o entusiasmo dela me surpreende.

"Os artefatos podem ser divididos entre, ofensivos, criativos e defensivos, sendo os defensivos muito difíceis de serem encontrados por só serem criados por criaturas defensoras poderosas, o que as tornam muito complicadas de se encontrar", Enquanto Janette falava eu segurei o meu pingente inconscientemente, eu tinha descoberto que o pingente não era tão simple quanto eu pensava, na verdade, era um artefato defensivo, o Dr. Grayland, tinha me dito que estava comigo quando eu era bebê, o que me faz pensar sobre a identidade dos meus pais, por qual razão eles colocariam um artefato tão precioso em um bebê se eu não fosse importante? O que aconteceu com eles? Eles ainda estavam vivos?

Minha mente estava pensando em vários cenários, e Janette continuou seu monólogo sem perceber nada de estranho.

" Existe uma família que se tornou muito influente, apesar de não terem dons mágicos, a família Brand acumulou inúmeros artefatos poderosos, eles são uma família misteriosa, ninguém sabe quantos artefatos eles possuem, por isso eles estão entre as 10 famílias mais poderosas", Pelo o que eu pude ler sobre essa família, o artefato mais famoso deles seria a espada de fogo, é a marca registrada da família que é passada geração em geração, o escolhido pela espada será o próximo chefe da família, eu folheei o livro que Janette tinha me dado, esse livro tinha o registro de vários tipos de artefatos descobertos, mas não tinha nada sobre a espada de fogo, o que é esperado considerando que ela é o principal artefato da família Brand.

" É surpreende que eles tenham conseguido armazenar vários artefatos, os mais difíceis de encontrar seriam os artefatos Únicos, esse tipo de artefato só pode ser usada por uma pessoa que siga todos os requisitos exigidos pelo artefato, por exemplo a adaga flamejante", Janette virou as páginas do livro e parou em uma página onde tinha a ilustração de uma adaga, ela era muito bonita, tinha vários símbolos que não entendi no cabo, tinha algo parecido com uma pedra preciosa no meio dela.

"Essa adaga só pode ser utilizada por pessoas que tem magia de fogo nível 4, geralmente esse tipo de artefato se liga ao portador por meio de um contrato de sangue, só com a morte do portador que ela poderá ser utilizada por outra pessoa", Janette explicou como funcionava, o que me fez pensar sobre a primeira pessoa que descobriu isso, as pessoas comuns nem conseguiam ver um artefato, muito menos portar uma, a razão por eu estar escondendo que tenho um artefato é simples, pessoas comuns sem poder e nem patrocínio, quando descobrem um artefato elas são 'gentilmente', solicitadas a doar elas para o conselho da cidade da Esperança, e se encontrassem um artefato único...

Bom, elas misteriosamente teriam uma morte trágica, as élites queriam monopolizar o poder, não dando chance para pessoas comuns tomarem seu lugar.

Era assim que o mundo funcionava, eu não posso deixar que ninguém descubra sobre mim, eu não posso confiar em ninguém além de mim mesma. Janete chamou minha atenção de novo, eu só queria que isso acabasse logo, assim poderia ir para a casa do Senhor Henry para almoçar.

Após mais um tempo, Janette finalmente me liberou, não perdi tempo em ir para a casa do Sr. Henry, ajudei a arrumar a loja dele, era uma forma de agradecer por me deixar almoçar com ele, a minha vida nessa vila era muito pacífica, às vezes essa tranquilidade me fazia esquecer meus reais objetivos, 'E se eu ficasse aqui?, Não tem sentido eu tentar procurar meus pais, talvez eles nem estejam vivos, isso vale mesmo a pena?', eu me pegava pensando sobre isso, mas eu não posso fazer isso, não posso viver uma vida sem saber de onde eu vim, quem eu sou, eles estando vivos ou não, eu preciso saber.

Depois do almoço resolvi dar uma volta pela vila, algo que eu costumo fazer com frequência, observar essas pessoas tendo uma vida normal me faz pensar, 'Por que eu não tive a oportunidade de crescer assim?', em meio aos meus devaneios, perdi a noção do tempo, quando percebi já estava escurecendo, 'tenho que voltar', pensei, observando o sol sumir atrás das casas.

No caminho de volta o número de pessoas na rua diminuiu consideravelmente, com os ataques se tornando mais comuns, era óbvio que as pessoas estariam com medo e receio, para chegar mais rápido ao meu destino resolvi pegar um atalho entre os becos, como eu conhecia bem o lugar não tinha chance de me perder, enquanto andava acabei ouvindo um barulho, não deveria ter ninguém nessa área nesse horário, eu me aproximei devagar, ao virar para a esquerda me deparei com uma cena horrível, sangue por todo lado, um corpo desmembrado, mas isso nem era a pior parte, a criatura que estava comendo percebeu a minha presença, os olhos  negros da criatura me encararam, parecia que o tempo tinha congelado, nenhum de nós se mexeu.

"Mas que mer-", não tive tempo de terminar minha sentença, a criatura já estava na minha frente, no último segundo me abaixei e fui para o lado, aproveitei a oportunidade para me dar distância, a criatura rugiu furiosa, a criatura era grande, cerca de 4 metros, tinha braços grandes, mas isso não iria ajudá-lo nesse beco estreito, a criatura avançou para o próximo ataque, eu não estava preocupada, a criatura não iria consegui me acertar, um escudo translúcido me envolveu, quando as garras da criatura colidiram com o escudo, ela foi lançada para longe a deixando desnorteada.

Aproveitando essa brecha lancei um ataque mental, eu queria entender o que tinha de errado com essa criatura para ela ser tão difícil de capturar, senti minha consciência entrar na mente da criatura, contra as minhas expectativas a mente da criatura era clara e calma, guiei minha consciência pelas memórias da criatura e não consegui identificar nada fora do lugar, de repente senti minha consciência ser repelida, outra consciência tentou me atacar, mas consegui me proteger a tempo, o que me atacou não foi a consciência da criatura, mas era outra consciência, tinha uma cor roxa sinistra, sem conseguir lutar a consciência roxa me expulsou.

Eu estava chocada, eu descobri o que estava errado, alguém estava controlando a criatura, mas não tive muito tempo para analisar isso, a criatura partiu para o ataque, parecia mais bravo do que o normal, parecia que não estava muito feliz por eu ter invadido sua mente, desviando do ataque materializei uma adaga de luz, e rapidamente ataquei o ombro da criatura, a adaga se estilhaçou depois de perfurar a carne.

A criatura gritou de dor, e me preparei para o próximo ataque até que, a criatura foi jogada para o lado, "Finalmente te encontrei", o homem falou aparecendo do meu lado, eu o reconheci, era um dos soldados, aquele que parecia despreocupado, "Você foi bem, mas eu cuido disso a partir de agora", ele deu um sorriso confortante e confiante, mesmo nesse beco escuro os cabelos prateados dele brilhavam,   aproveitando que a criatura estava no chão, ele sacou a espada da bainha e atacou a criatura, a criatura percebeu o perigo e tentou se levantar, apesar de ter se levantado rapidamente, a criatura perdeu um braço, o ataque foi tão rápido que nem eu consegui ver o que aconteceu, a espada emitia um leve brilho esverdeado, que me fez perceber que não era uma espada comum, era um artefato do tipo ofensivo.

"É impressionante que tenha conseguido desviar, mas você não terá tanta sorte na próxima", o homem prateado falou e se preparou para o próximo ataque, mas algo estranho aconteceu, a criatura emitiu um brilho violeta, a mudança repentina nos acontecimentos fez o homem recuar, a criatura foi engolida por um vórtice roxo, e então desapareceu, o único indício da existência da criatura era o braço decepado no chão.

"Isso foi..", eu estava tentando entender o que estava acontecendo, "Magia de teleporte", completou o homem guardando a espada, ele se virou para mim,"Está ferida?", perguntou ele, "Estou bem", respondi ainda tentando processar as informações.

"Qual é o seu nome?", ao ouvir a pergunta dele fiquei cautelosa, eu não sabia se ele tinha visto os meus poderes, o que eu iria fazer se ele me achasse uma ameaça?

Ao ver minha reação ele riu,"Céus, não precisa de tanta seriedade, não vou lhe fazer mal, se isso te faz se sentir melhor, irei me apresentar primeiro", Ele tinha um sorriso no rosto enquanto falava, ao analisá-lo melhor deduzir que ele não tinha mais que 20 anos.

"Eu me chamo Ilyam Durand, prazer em conhecer a senhorita", Ilyam se apresentou formalmente, como não senti nenhuma malícia vindo dele resolvi pelo menos me apresentar.

"Me chamo Antonyetta", ao ouvir meu nome ele pareceu pensativo, mas então voltou com o sorriso simpático, apesar de ter sido por pouco tempo, eu entendi o que ele pensou, eu era uma criança sem sobrenome, o que significa que sou órfã ou uma criminosa, considerando que ele me viu lutando a pouco tempi atrás eu não o culparia se ele pensasse no último cenário.

"Já está tarde eu posso te acompanhar para casa?", Ilyam disse a última parte claramente desconfortável, eu pedi que ele me acompanhasse até a rua principal, onde era mais protegida, no caminho eu percebi que ele é muito falador, eu respondia ocasionalmente, nos separamos e ele foi voltar a sua patrulha ao observar ele sumir eu tive a impressão de que não seria a última vez que nossos caminhos se cruzassem.

"Isso foi por pouco, quase perdi uma marionete importante", o homem que tinha longos cabelos castanhos, tinha uma expressão aliviada e irritada, "Foi descoberto cedo demais, parece que terei que agir rápido", o homem se aproximou da lareira, colocando mais lenha para manter o fogo acesso, "Mais cedo ou mais tarde, será meu", o homem murmurou sentando em sua cadeira e observando o fogo.