O Alfa e Sua Luna Forasteira

Tara POV

Eu estava sentada no sofá assistindo reprises do meu programa de TV de vampiros favorito quando ouvi a porta da frente ser destrancada. Eu sabia que não era minha mãe, pois ela já tinha chegado algumas horas antes. Minhas costas endureceram e eu olhei para a escada que ficava bem ao lado da porta.

Eu tinha duas opções. Tentar escapar rapidamente e correr escada acima, ou ficar aqui e esperar que ele simplesmente subisse as escadas para o quarto dele.

Ainda estava ponderando quando ouvi a porta abrir e então passos pesados entraram na casa. A porta bateu e as chaves caíram no chão. Meu coração acelerou e todo o sangue drenou do meu rosto.

Afundei no sofá esperando que ele não me visse enquanto ouvia seus passos se aproximarem cada vez mais. Então eles pararam.

"Eu sei que você está aí, Tara," sua voz enviou calafrios pela minha espinha. "Você não pode se esconder do seu Papai."

Tim Landon, meu padrasto, não era um homem fácil de lidar. Ele era abusivo e explosivo, uma combinação letal. Era terrível. Seu jogo favorito era me usar como saco de pancadas, deixando-me receber cada soco e chute.

Eu frequentemente me perguntava o que eu tinha feito para merecer um pai como ele. Você pensaria que minha mãe, Kate, faria alguma coisa, mas ela estava cega de amor. Ela era uma mulher doce, mas seu único defeito era que ela se apaixonou pelo próprio diabo.

Eu nunca entendi como alguém tão doce e carinhoso poderia ter encontrado amor num víbora como Tim.

Por 15 anos eu tive que viver sob o mesmo teto que esse monstro, e durante dez desses quinze anos, eu fui abusada tanto mentalmente quanto fisicamente. As agressões tinham diminuído ao longo do tempo porque os serviços sociais tinham vindo três anos atrás, quando um professor denunciou meus pais. Eu tinha medo de perder minha mãe, então menti e disse que estava tudo bem.

Não era sempre um pesadelo por si só. Começou tudo bem. Ele foi um bom pai na maior parte do tempo. Ele era atencioso e amoroso. Mas quando eu completei 10 anos, tudo mudou. Ele se transformou nesse monstro que eu nem reconhecia. Ele não foi totalmente abusivo de primeira. Começou leve com ele me empurrando, e então gradualmente ele passou para socos completos.

"Tara," ele disse com uma voz melodiosa. Meu estômago revirou. "Saia."

O que quer que ele estivesse usando, eu não queria esperar para descobrir. Tim era volátil até nos melhores dias, mas se ele tinha bebido, então ele era pior que o próprio diabo.

"Eu tive um dia triste Tara," sua voz se aproximou e meu coração trovejou no peito. "Você não vai ajudar seu velho pai a se sentir melhor?"

Quis vomitar quando ouvi sua voz. Odiava quando ele se referia a si próprio como 'Papa'. E ele tinha começado lentamente a usar esses insinuações que me faziam ter calafrios. Tim Landon era a única figura paterna que eu tinha, mas ele não era pai nenhum para mim.

Pais deveriam amar seus filhos, não espancá-los até virarem polpa porque sorriram para você de maneira errada.

Seus passos se aproximaram e eu decidi me levantar. Era melhor enfrentar o predador do que virar as costas. Tim era muito mais alto que eu, mas eu não era mais uma menininha.

Eu poderia revidar se realmente quisesse, mas o problema era, eu estava com medo. Minhas palmas estavam suando e eu podia ouvir o sangue jorrando perto dos meus lóbulos auriculares. Isso só acontecia quando Tim estava por perto. Eu nunca conseguia explicar o porquê, mas era como se meu corpo soubesse que ele estava perto e me enviasse um sinal de alerta. Outras vezes era rápido o suficiente, mas não esta noite. Esta noite eu baixei a guarda.

"Você," ele apontou um dedo para mim, mal conseguindo ficar de pé direito, "você é como um veneno lento e eficaz. Você sabia disso? Não é justo que pessoas boas como Emery morram e escória como você continue viva."

Oh não. Ele estava bêbado. Eu podia sentir o odor pungente do licor barato que ele tinha comprado de onde eu estava. Isso não era bom e eu tinha certeza de que em questão de segundos ele se tornaria explosivo.

"Eu estava de saída," eu murmurei enquanto tentava fazer uma saída rápida para as escadas, mas ele me pegou pelo braço apertando um pouco demais. Eu assobiei de dor, mas ele não se importava, ele até segurou mais forte.

Ele nunca se importava.

"Para onde você está indo?" Ele me empurrou até minha costas baterem na parede. Ele trouxe sua outra mão sobre minha garganta. "Por que minha menininha tinha que morrer e você continuar viva? Todos os dias eu olho para você e me dá náuseas. Sua ingrata pirralha."

Ele trouxe sua outra mão sobre minha garganta. Ele estava cortando o fluxo de ar dos meus pulmões enquanto eu lutava contra ele. Eu tentei bater em seus braços para afastá-los, mas minha força estava desaparecendo. Eu chutei e tentei gritar, mas ele me silenciou.

"Você vai morrer hoje," ele sussurrou, trazendo seu rosto a centímetros do meu. "Mas não antes de eu ter certeza de que você vai sofrer."

A luz estava desaparecendo dos meus olhos enquanto minha visão começava a embaçar. Quando acordei esta manhã, eu nunca esperava que iria morrer.

Ele removeu uma mão da minha garganta e então enfiou seu punho direto no meu estômago. Qualquer ar que restava em mim saiu do meu corpo.

"Você morre hoje, pequenina," ele disse antes de puxar seu punho para trás novamente pronto para fazer outro ataque.

"Tim! O que você está fazendo?!" Minha mãe correu escada abaixo e tentou tirá-lo de cima de mim. "Você enlouqueceu?! Esta é nossa filha! Solte-a ou eu chamarei a polícia."

Tim rosnou uma vez antes de me largar e eu caí no chão. Ele então virou para enfrentar minha mãe. Ele a empurrou e ela cambaleou alguns passos para trás. Ele então se virou para mim e soltou esse som que soava como uma mistura de um rosnado e um sibilo.

Eu tentei me levantar e correr, mas ele agarrou meu cabelo, quase arrancando-o. A dor nas raízes foi imediata e eu sabia que uma dor de cabeça logo viria.

Eu ouvi um rosnado animalístico vindo acima de mim antes da tensão no meu cabelo cessar e Tim caiu ao meu lado no chão. Ele estava inconsciente, mas ainda respirava.

Eu me apressei e fiquei de pé e olhei para minha mãe que estava ofegante acima do marido com olhos amarelos brilhantes.

"Mãe?" Eu perguntei cautelosamente. Eu dei um passo para trás, incerta do que estava acontecendo.

Sua cabeça virou em minha direção e seus olhos oscilaram entre amarelo e seu normal avelã. Ela piscou algumas vezes e sua cor normal de olho voltou e ela deu um passo em minha direção.

Eu dei um passo para trás.

"Não tenha medo," ela estendeu as mãos como uma forma de me mostrar que não havia perigo. Mas eu sabia o que eu tinha visto, seus olhos não eram normais.

"Eu estou com medo. O que diabos está errado com seus olhos? Por que eles estavam brilhando assim?"

"Eu vou te contar tudo o que você quiser saber, mas primeiro eu preciso que você me ajude a mover o corpo dele."

Foi só então que eu me lembrei que havia um Tim inconsciente a apenas dois metros de mim. Olhei para ele ali deitado e uma parte de mim esperava que ele tivesse parado de respirar.

Eu não era uma pessoa que desejaria a morte a ninguém, exceto a Tim Landon. Ele não era um homem gentil. Ele era pior que o diabo. Havia um lugar especial e ardente reservado para pessoas como Tim.

"Levar ele para onde? Eu não vou fazer nada até você me contar o que diabos está acontecendo aqui, mãe! Por que seus olhos estavam brilhando assim e como você conseguiu nocauteá-lo com apenas um soco? Tim é duas vezes o seu tamanho."

Ela olhou ao redor da sala nervosamente antes de olhar para o teto e murmurar algo inaudível aos meus ouvidos.

"O que eu estou prestes a te contar pode parecer inacreditável, mas minhas palavras são tão verdadeiras quanto o sol é quente."

Eu esperei ela continuar.

"A razão pela qual meus olhos estavam brilhando, Tara, é porque eu sou uma lobisomem. Assim como você também é."