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CAPÍTULO 2.1 - o sonar púrpuro

Zaque e Harmuz deixaram a cabana no topo da montanha, focados em investigar o roubo de seus itens. Conforme desciam pelas pontes suspensas de Montanis, o clima era tenso, especialmente para Harmuz, que se sentia incompleto sem o fragmento primordial, a fonte de seu poder musical. Zaque, atento e quieto, ia traçando um plano de ação para descobrir o paradeiro dos objetos.

Na vila, eles decidiram perguntar aos moradores. Harmuz, com uma expressão preocupada, se aproximou de um idoso

Harmuz: "Senhor, você viu alguma coisa estranha por esse lugar? Algum detalhe que possa nos ajudar?"

O idoso olhou para Harmuz e Zaque, refletindo antes de falar.

Idoso: "na floresta, bem no anoitecer, vi notas roxas brilhantes, aquelas musicais mesmo, como serpentes flutuando no ar. Era muito estranho e sem som… só essas notas brilhando."

Zaque: "alguma figura… conseguiu ver quem fazia isso?"

Idoso: "Não, nada... Apenas isso."

Zaque trocou um olhar significativo com Harmuz, percebendo que isso era obra de outro bardo que estava envolvido. Agradecendo ao idoso, eles seguiram rumo ao bosque, onde o idoso havia avistado as notas musicais espectrais. A floresta à medida que avançavam parecia mais densa e o ambiente, mais carregado, como se estivessem invadindo um território proibido.

Harmuz: "notas músicais roxas, deve ser a sinfonia de outro bardo..."

Zaque: "há mais bardos como você? Achei que esse fragmento fosse único."

Harmuz: "conheço um guardião e uma mulher que podem criar sinfonias vivas, mas eles não fariam algo do tipo..."

No caminho, Zaque e Harmuz perceberam que até os animais da floresta pareciam inquietos, provavelmente afetados pela estranha sinfonia de notas musicais que ecoava no ar como um último suspiro.

Após algum tempo, uma sombra alada cruzou seu caminho, um enorme corvo de olhos brilhantes, que pousou em uma árvore próxima, bloqueando sua passagem, corvejando alto.

Harmuz: "Parece que a gente tem companhia, Zaque!"

Zaque: "Companhia inconveniente. Eu cuido disso."

Zaque rapidamente avançou em direção ao corvo, bloqueando suas garras e bicadas com a mão e o espantando com movimentos rápidos, até que o corvo agitado recuou, deixando a trilha livre para eles.

Harmuz: "que estranho... Os corvos daqui não agem assim..."

Zaque: "talvez seja essa sinfonia?"

Harmuz: "então estamos mais perto do que procuramos"

Após enfrentarem o corvo, eles chegaram ao local mencionado pelo idoso. Ali, em meio às árvores, encontraram um pedaço de tecido prateado preso a um galho, balançando levemente com a brisa noturna.

Harmuz pegou o tecido, analisando-o com cuidado.

Harmuz: "Conheço isso de algum lugar... Esse tecido é idêntico ao manto de Iluria."

Zaque olhou para o amigo, interessado.

Zaque: "Iluria... Aquela da história que cê me contou no bar?"

Harmuz suspirou, segurando o pedaço de tecido com uma expressão intrigada.

Harmuz: "Sim, mas ela é complexa. mas ninguém sabe ao certo onde ela está agora ou o que pretende. Ela me deu o Fragmento do Som Primordial... mas ela não apareceria em uma floresta sozinha sem motivo algum."

Zaque: "Vamos seguir a trilha e ver aonde elas nos leva."

Guiados pela intuição e pela lembrança do idoso sobre a sinfonia roxa, Zaque e Harmuz se aprofundaram na floresta. A cada passo, o ar parecia mais carregado, e eles começaram a notar uma leve melodia ecoando ao longe, como se o próprio ambiente estivesse sussurrando uma canção esquecida.

A floresta continuava a se fechar ao redor deles, e Harmuz começou a sentir a conexão com a música que emanava das árvores ao seu redor.

Harmuz: "Esse som... Nunca ouvi algo igual, mas a melodia tem o mesmo padrão que o fragmento me permite tocar."

Zaque assentiu.

Zaque: "Então isso confirma que está perto. Suspeito que essa guardiã aí está por trás disso"

Eles prosseguiram, atentos aos sons e às sombras, até que se depararam com uma clareira onde pequenos espectros de notas musicais, agora na forma de serpentes roxas, flutuavam sobre o chão e o ar, como uma recepção espectral. No centro da clareira, o som ficava mais forte, quase hipnotizante.

Harmuz deu um passo adiante, mas Zaque o puxou de volta, mantendo o amigo atento ao que poderia estar aguardando à frente.

Zaque: "Cuidado. Isso tudo parece uma armadilha."

Antes que pudessem decidir o próximo movimento, a melodia mudou de tom e as serpentes de notas musicais começaram a se mover na direção deles, como se fossem guardiãs da clareira.

Harmuz e Zaque correram pela clareira, desviando das sinfonias roxas que serpenteavam ao redor deles, avançando como lâminas afiladas em direções imprevisíveis. O campo parecia cada vez menor, enquanto eles tentavam evitar as notas ameaçadoras, até que uma figura emergiu das sombras da floresta. Iluria, com o mesmo manto prateado de antes, observava a cena com um sorriso enigmático.

Aos poucos, as sinfonias roxas pararam, pairando no ar, como se aguardassem instruções. Iluria caminhou alguns passos à frente, sua presença preenchendo o ambiente com uma sensação de domínio absoluto.

Iluria: "Zaque, Harmuz… Vocês realmente pensaram que poderiam me vencer sem seus preciosos?

Harmuz: "Iluria! O que você quer com meu fragmento? Por que roubar algo que você mesma entregou?"

Iluria: "Precisava estudar o fragmento, entender seu poder através de você, Harmuz. Agora, que você já fez o trabalho pesado, ele será meu."

Zaque: "E a minha alabarda? O que você poderia querer com ela?"

Iluria então responde com desdém

Iluria: "ah você... Acha mesmo que eu iria desperdiçar a chance de te desarmar? Iria roubar sua arma se não fosse tão pesada... Você sabe como é carregar essa coisa usando uma sinfonia brilhante?!"

Zaque: "aposto que seria engraçado ver você tentando levantar minha alabarda haha"

Iluria cerrou os dentes de raiva com a provocação de Zaque

Mas, Harmuz olhava para Iluria com raiva, mas sua preocupação era visível. Ele sabia que sem o Fragmento seu poder musical estava enfraquecido, e a falta da alabarda deixava Zaque sem seu principal meio de combate.

Iluria sorriu ainda mais ao ver a expressão de desespero no rosto de Harmuz.

Iluria: "Entretanto… existe uma alternativa. Vocês podem se juntar a mim. Imaginem o poder que alcançaríamos juntos. Zaque, Harmuz, tornem-se meus súditos e seremos invencíveis. Caso contrário, não saem vivos daqui."

Zaque trocou um olhar com Harmuz e, em um gesto inesperado, acenou afirmativamente com a cabeça. Harmuz pareceu surpreso, mas ele confiava em Zaque. Se ele estava concordando, deveria haver um plano.

Zaque, de forma calma, deu um passo à frente e fez uma reverência exagerada, mantendo seu estilo brincalhão.

Zaque: "Então, é claro que aceitamos, Iluria. Quem recusaria uma proposta tão… generosa?"

Harmuz segurou um sorriso nervoso, tentando não transparecer qualquer dúvida. Ele estava pronto para seguir o plano de Zaque, o que quer que fosse.

Iluria, com um gesto elegante, conjurou suas sinfonias roxas, que dançaram em torno de Harmuz e Zaque. Antes que pudessem reagir, eles foram envolvidos pela névoa musical e, num piscar de olhos, estavam no interior do Templo dos Ecos. Zaque e Harmuz se entreolharam, mantendo-se firmes e atentos, sem dar sinais de hesitação.

O Guardião dos Ecos, observando do centro do salão, sorriu ao vê-los. Seus olhos, cheios de um mistério sombrio, passaram de Iluria para os dois.

Guardião: "Ah, Iluria, você conseguiu trazer esses jovens talentosos até aqui. Eles têm um potencial que pode transformar o destino do reino."

Iluria revirou os olhos, visivelmente incomodada com o tom do Guardião.

Iluria: "Não vejo por que insistir em trazê-los. Se não estão ao nosso lado de forma natural, de que servem, Guardião?"

Zaque, sempre atento, manteve seu tom calmo, mas com um leve toque de sarcasmo.

Zaque: "Ora, não precisa se preocupar, Iluria. Estamos aqui como aliados, afinal. Se sua generosidade nos trouxe até esse templo, só podemos honrar a hospitalidade."

Harmuz tentava conter a inquietação ao ver o Guardião, mas manteve a postura, sustentando o olhar com confiança.

Harmuz: "Poderíamos entender melhor o que tanto desejam de nós? Se estamos ao seu lado, creio que conhecer os planos seria… uma boa forma de começar."

O Guardião caminhou em direção a eles, com passos vagarosos, sua voz ecoando como se estivesse em uma catedral.

Guardião: "Vocês têm talentos únicos. Harmuz, sua música tem o poder de influenciar o próprio destino das pessoas, e Zaque, você carrega uma força implacável. Unidos a nós, poderiam alcançar o verdadeiro potencial de suas habilidades. Poderiam ter o reino aos seus pés."

Iluria: "Ou, poderiam simplesmente desaparecer daqui, antes que causem problemas."

Zaque riu baixinho, seu corpo relaxando, como se estivesse em uma conversa casual.

Zaque: "Ah, desaparecer? Isso soa tão… pessoal. E sinceramente, vocês sabem como estragar uma recepção."

Iluria franziu a testa de ódio, mas o Guardião levantou a mão, indicando que ela mantivesse a calma.

Guardião: "O poder que buscamos é antigo, e exige controle absoluto, uma harmonia entre a mente e a melodia. Harmuz, você, que possui o Fragmento do Som Primordial, é peça chave nesse processo. Desejamos não apenas sua ajuda, mas sua compreensão profunda desse poder."

Harmuz estreitou os olhos, hesitante.

Harmuz: "Então, o que desejam é explorar o poder do Fragmento para… que fim exatamente?"

Iluria se adiantou, o rosto iluminado por um brilho ardiloso.

Iluria: "Ora, Harmuz. Controle, harmonia, mas acima de tudo, domínio. Este reino deve conhecer o equilíbrio perfeito, e isso exige sacrifícios. Está preparado para se sacrificar?"

Harmuz hesitou, mas Zaque interveio antes que ele pudesse responder.

Zaque: "Sacrifícios, equilíbrio... Por que todo discurso de vilão sempre soa como uma poesia dramática? É sério, vocês ensaiam isso?"

O Guardião soltou uma leve risada, enquanto Iluria o fuzilava com o olhar.

Guardião: "Zaque, sua irreverência é… hilária. E será um prazer imenso guiá-los em suas novas funções aqui no Templo. É claro, sempre que estejam preparados para o que a verdadeira harmonia exige."

Iluria: "Preparados ou não, Guardião, não vejo porque poupá-los de algo menos... direto."

Zaque deu uma risada, e então fez uma reverência exagerada.

Zaque: "Muito bem, mestra Iluria e senhor Guardião. Estamos prontos para qualquer função que desejarem."

Enquanto falava, Zaque fez um leve sinal para Harmuz, o que indicava que ele tinha um plano.

Harmuz e Zaque observaram a cena à frente. Iluria usava o colar do Fragmento do Som Primordial que reluzia em seu pescoço, irradiando uma leve energia. A Sand-Halbard, estava encostada ao lado do trono do Guardião, refletindo a luz do templo com um brilho sinistro.

Com um olhar discreto, Zaque deu um leve sinal para Harmuz. Harmuz manteve-se calmo, fingindo a mesma indiferença arrogante que havia mostrado antes.

Zaque então deu um passo à frente, estendendo os braços.

Zaque: "Já que estamos aqui, creio que uma demonstração da tal harmonia seria, no mínimo, um bom ponto de partida. Quem sabe, uma apresentação musical para… selar essa nova aliança."

Iluria riu, enquanto cruzava os braços, apreciando a ideia de Zaque, mas mantendo-se atenta.

Iluria: "Que ideia tentadora, Zaque. Contudo, creio que apenas um de nós aqui detém o poder necessário para uma apresentação digna."

Ela ergueu o Fragmento do Som Primordial no colar, com um sorriso de triunfo. Zaque manteve o a calma, mas em seus olhos havia uma ponta de determinação.

Zaque: "Ora, Iluria, parece que você gosta de ser o centro das atenções. Mas me permita mostrar que temos talentos únicos para oferecer a essa… causa."

O Guardião, interessado, observou Zaque com uma curiosidade enigmática.

Guardião: "E que talento seria esse, Zaque?"

Harmuz percebeu o momento e começou a tocar uma melodia suave em seu violão, quase hipnótica, com o som ecoando baixinho como um sopro no ar. Sem o Fragmento, a melodia era menos potente, mas ele sabia que tinha o que precisava para, pelo menos, capturar a atenção de Iluria e do Guardião.

Harmuz: "Somente com o fragmento, minha música tem o toque da verdadeira harmonia. Talvez, Iluria, você ainda não tenha descoberto o segredo completo."

Iluria estreitou os olhos, interessada e intrigada.

Iluria: "Ah, Harmuz, acha mesmo que eu não compreendo o potencial do Fragmento? Talvez eu tenha descoberto algo que você mesmo ainda não percebeu."

Ela se aproximou de Harmuz, mostrando o colar, enquanto Zaque se deslocava lentamente para mais perto do trono.

Zaque: "Bom, enquanto discutem as profundezas e mistérios do fragmento, eu gostaria de fazer um brinde, em nome de novas alianças."

Ele ergueu uma taça vazia encontrada em uma mesa ao lado, e pelas suas costas, abria os dedos de sua mão livre discretamente.

O Guardião, observando a cena, sorriu, aparentemente confuso com a proposta de Zaque.

Iluria: "Um brinde? Que tipo de tolice é essa, Zaque?"

Foi então que Zaque, em um movimento ágil, segurou a Sand-Halbard e, em um giro preciso, apontou a arma diretamente para Iluria, que, surpresa, recuou um passo.

Zaque: "Ora, apenas uma apresentação surpresa. Harmuz, que tal darmos uma última melodia a esses 'nobres'?"

Com a distração, Harmuz avançou em direção a Iluria. Ele estendeu a mão para puxar o fragmento do pescoço dela, enquanto Zaque mantinha o Guardião e Iluria na mira, com uma aura determinada.

Iluria tentou reagir, mas Harmuz foi rápido. Com uma mão firme, ele puxou o colar com o Fragmento do Som Primordial do pescoço dela, sentindo a energia pulsar em sua mão. Ela recuou, chocada, seus olhos brilhando de raiva.

Iluria: "Vocês ousam desafiar-me aqui, no templo dos ecos?! Vocês pagariam um preço alto por isso!"

O Guardião, até então quieto, levantou-se, com uma expressão de desapontamento e ira.

Guardião: "Eu estava disposto a poupá-los… mas vejo que minha misericórdia foi em vão."

Zaque olhou para Harmuz, com uma aura determinada.

Zaque: "Parece que o espetáculo começou, parceiro."

Harmuz assentiu, sentindo o Fragmento pulsar em suas mãos. Ele levou o colar ao pescoço, e imediatamente, uma onda de energia musical percorreu seu corpo. As notas de sua canção começaram a surgir ao redor dele, dançando e formando espirais de energia. Agora, com o Fragmento, sua música ganhava vida própria.

Iluria deu um passo à trás, o som de seus passos ecoando pelas paredes de pedra.

Iluria: "Vocês realmente acham que podem roubar algo que não compreendem? Este templo e tudo dentro dele é meu por direito!"

Zaque riu, girando sua alabarda envolta de si, admirando ela mais uma vez

Zaque: "Bom, esse 'direito' acaba agora, Iluria. Estou pronto para ver como você lida com o próprio caos que criou."

Iluria ergueu a mão, e as notas roxas que serpenteavam pelo ar avançaram com velocidade, como dardos afiados. Zaque rapidamente levantou uma barreira de vento, dissipando algumas notas, enquanto outras ainda conseguiam cortar o ar ao seu redor, forçando-o a se esquivar.

Harmuz, sentindo a pulsação do Fragmento de volta em sua posse, começou a tocar uma melodia forte e hipnotizante, usando seu poder: Ritmo Caótico: Com uma sequência de notas rápidas, Harmuz gera projeções sonoras que se transformam em lâminas musicais, cortando as notas roxas de iluria

Guardião: "O Fragmento não foi feito para você, Harmuz. E nem esta batalha! A música verdadeira exige sacrifício!"

O Guardião deu um passo à frente, e sua presença fez o chão do templo estremecer. Ele ergueu as mãos e, com um gesto, invocou uma sinfonia de notas ancestrais em tons de azul e cinza, que ecoaram como um trovão. Essas notas se moldaram em gigantescas figuras etéreas, como espectros de antigos músicos que o guardavam.

Guardião: "Atacam-nos, filhos dos sons!!"

As figuras se lançaram em direção a Harmuz e Zaque, cada uma brandindo armas feitas de notas sólidas. Zaque desferiu um golpe com a alabarda, o ar se agitando como um ciclone e varrendo algumas das figuras etéreas, mas cada uma delas parecia se recompor.

Harmuz: "Esses espíritos são poderosos demais! Vamos precisar de mais do que isso para segurá-los!"

Zaque concentrou-se e expandiu seu domínio sobre os ventos, usando seu poder "Reflexo espectral": criando uma miragem que se multiplicou em várias versões de si mesmo, confundindo as entidades.

Os espíritos hesitaram, girando de um lado para outro, sem saber qual versão de Zaque atacar. Nesse momento, Harmuz soltou um acorde dissonante, esse era seu poder "melodia encantadora": a sinfonia dourada confundia e hipnotizava as mentes dos espíritos e fazendo os atacar a si mesmos

Iluria gritou, frustrada, ao ver que os dois tinham a batalha em mãos.

Iluria: "Guardião, eles estão nos enfraquecendo! Acabe com isso de uma vez!"

Guardião: "Eu faço isso por piedade, Iluria. Você teria se livrado deles sem necessidade. Mas se insiste…"

Ele ergueu as mãos, e o templo inteiro começou a vibrar com uma melodia profunda e ameaçadora. As notas começaram a se formar em lâminas afiadas que cortavam o ar, e o Guardião as lançou em direção a Harmuz. Em resposta, Harmuz tocou uma melodia rápida, tentando dissipar as lâminas com ondas sonoras. Ele conseguiu desviar algumas, mas outras o atingiram de raspão, obrigando-o a se esquivar e cambalear para trás.

Zaque, percebendo que Harmuz estava em perigo, concentrou-se, criando uma grande corrente de vento que atravessou a sala em direção ao Guardião. As rajadas atingiram o ancião, que resistiu, mas foi forçado a recuar. Após essa rajada de vento, as veias de suas mãos brilhavam em um tom de verde florescente e sua respiração parecia mais pesada e longa como um cansaço

Zaque: "Iluria... Cof... essa é sua chance de desistir."

Iluria rosnou e, em um gesto de pura raiva, liberou uma onda massiva de notas roxas que tomou o templo em todas as direções. Harmuz e Zaque se esforçaram para se proteger, mas o impacto da onda os lançou para trás. Os arremessando contra a parede de pedras

Guardião: "Chega disso, Iluria. Deixe-me lidar com eles."

Harmuz e Zaque mal se levantavam quando o Guardião se posicionou à frente de Iluria, protegendo-a. Ele respirou fundo, e seu corpo começou a brilhar com uma intensidade crescente.

Harmuz: "Zaque, isso não está certo... Ele está... Ele vai sacrificar a própria força para salvá-la!"

Zaque: "não!! Não posso deixar!"

Zaque avançou, tentando impedir o Guardião. Mas, antes que pudesse alcançar seu alvo, o Guardião canalizou toda a sua energia em uma última sinfonia poderosa, criando uma explosão de notas que fez o templo estremecer, pressionando Harmuz na parede que havia sido jogado e Zaque foi arremessado de volta com mais força, após a explosão gerou uma névoa espessa de poeira que cegava todos momentaneamente.

Quando a névoa dissipou, Iluria já havia desaparecido, e o Guardião estava ajoelhado, enfraquecido, com os olhos fechados. Sua voz saiu fraca.

Guardião: "Vocês… conseguiram mais do que eu esperava. Mas Iluria… ela ainda retornará."

Com um último suspiro, o Guardião desabou, sua força finalmente esgotada. Harmuz, ainda se recuperando da intensidade do combate, respirou de alívio e respeito silencioso pelo adversário caído.

Harmuz: "Acabou. Por enquanto."

Harmuz olhou para o lado para ver a situação de Zaque que não havia dito uma palavra após a explosão

Harmuz: "Zaque? Zaque, você está bem?"

o bardo chamou com voz rouca, avançando a passos imprecisos entre os destroços.

Um gemido abafado soou à sua esquerda, e então Harmuz o viu - o nobre guerreiro Sandwalker quase inconsciente em meio a uma cratera de pedras, o corpo coberto de cortes e hematomas. A Sand-Halbard estava a alguns metros de distância, espalhada no chão.

Harmuz: "minha nossa..."

Harmuz deixou escapar a preocupação ao se ajoelhar ao lado do companheiro ferido.

Os olhos de Zaque abriram-se em uma fresta, desfocados de dor, mas ainda guardando um resquício de sua costumeira determinação inquebrável. Tentou erguer a mão para alcançar sua alabarda, mas um gemido escapou de sua máscara e ele desistiu do esforço.

Harmuz: "Não se mexa."

Harmuz pediu com gentileza, segurando o ombro de Zaque com firmeza tranquilizadora.

Harmuz: "Aquela explosão final... você levou a pior força dela tentando impedir o Guardião."

Zaque engoliu a seco, seus olhos escuros revelando um brilho de culpa por trás da névoa de sofrimento.

Zaque: "Eu... falhei",

conseguiu falar com esforço.

Zaque: "Deixei que Iluria escapasse... depois de tudo."

Harmuz: "Não, não"

Harmuz o tranquilizou.

Harmuz: "Você resistiu bem. O Guardião... bem, ele fez sua escolha ao final. Iluria pode ter fugido, mas não tivemos outra opção."

Reunindo suas forças, Zaque virou o a face escondida pela máscara para encarar Harmuz.

Zaque: "Ela voltará... você sabe disso. E quando ela vier... precisaremos estar preparados. Isso está longe de terminar."

Harmuz assentiu solenemente, os olhos dourados refletindo determinação renovada. Com esforço, ergueu-se e atravessou a sala na direção da Sand-Halbard, apanhando a arma ancestral nas mãos com reverência. Sentindo um enorme peso ao carregar a arma

Harmuz pensando: "como ele pode lutar com todo esse peso?"

Harmuz se aproxima de Zaque com a Sand-Halbard em mãos

Harmuz: "Seus ferimentos são graves, Vamos deixar este lugar para trás... por enquanto. Precisamos nos recuperar."

Ele retornou ao lado de Zaque, estendendo a alabarda em um silencioso gesto de respeito.

Harmuz: "A gente ainda vai dar de cara com a Iluria em algum momento."

Zaque ao aceitar sua preciosa arma de volta. Estendeu seu braço para agarrar a arma, seus dedos agarraram o cabo de maneira protetora.

Zaque: "Não acabou, de fato",

ele concordou em um murmúrio rouco.

Zaque: "Mas pelos ventos... nós vamos resolver isso."

Trocando um último olhar de parceria inabalável, os dois companheiros

Após o impacto da explosão, o som dos passos apressados ecoava pelos corredores do templo. Os guardas de Montanis, alarmados com o estrondo, adentraram o local, chamando por Harmuz e Zaque.

Guarda 1: "Senhor Harmuz! Senhor Zaque! Vocês estão aí?"

Harmuz, tentando se levantar, sentiu uma mão firme o ajudando. Era um dos guardas, que o olhou com preocupação.

Guarda 2: "Vocês parecem ter passado por uma batalha intensa... Precisam de ajuda!"

Zaque, ainda meio desorientado, tentou se apoiar em sua alabarda enquanto sorria por trás da máscara.

Zaque: "A explosão foi só um 'grand finale'... heh. Nada demais."

Harmuz deu uma risada fraca, claramente exausto.

Harmuz: "Nada demais? Eu diria que foi um pouco mais do que isso. Iluria escapou... mas, pelo menos, temos o Fragmento de volta."

Os guardas ajudaram Zaque a se levantar, enquanto Harmuz observava a cena, sentindo o peso de tudo o que acabaram de enfrentar.

Guarda 1: "Vocês salvaram Montanis mais uma vez. A cidade é grata e está pronta para ajudar no que for preciso."

Zaque: "Bom, então aceitamos a ajuda... Especialmente se tiverem algo para esses cortes e uma boa noite de sono."

Um guarda acenou, já chamando reforços para garantir que os heróis fossem cuidados. Eles ajudaram Zaque e Harmuz a sair do templo, e, enquanto caminhavam, Zaque olhou para Harmuz com um suspiro cansado mas risonho.

Zaque: "Sabe, parceiro... a próxima vez que decidirmos 'visitar' um templo, me lembre de vir com armadura extra."

Harmuz riu, dando um tapinha no ombro de Zaque.

Harmuz: "Eu anoto isso, mas vamos torcer para que da próxima vez seja um pouco mais... tranquilo."

À medida que Harmuz e Zaque emergiam dos corredores destruídos do Templo dos Ecos, apoiados pelos guardas fiéis de Montanis, os primeiros raios da manhã começavam a banhar a cidadela com uma luz acolhedora. O cenário, no entanto, lembrava o final de uma batalha épica. Ambos os heróis cambaleavam, guiados até a carroça dos médicos, enquanto deixavam um rastro de poeira e detritos por onde passavam.

Zaque se esforçava para se manter de pé, mas mal conseguia disfarçar a dor latejante nas costelas — certamente trincadas. Sua Sand-Halbard arrastava no chão. Ao lado dele, Harmuz também estava exausto, o rosto marcado por cortes e os cabelos desgrenhados, mas ele mantinha o Fragmento do Som Primordial firmemente seguro em suas mãos.

Foi o brilho do Fragmento que chamou a atenção de um velho camponês, que se aproximou com os olhos semicerrados.

Camponês: "É o Mestre Harmuz e o valente Zaque! Mas… o que aconteceu com eles?"

Uma pequena multidão de moradores foi se juntando, e uma garotinha puxou a saia da mãe, admirada:

Garotinha: "Mamãe, eles parecem ter voltado de uma guerra!"

idosa: "Ah, foram os invasores de novo? Que os deuses nos protejam!"

Os murmúrios cresciam em um zumbido de preocupação, e Harmuz ergueu a mão, tentando acalmar a todos com uma voz rouca.

Harmuz: "Estamos bem. Ao menos, vivos."

Ele deu um leve sorriso.

Harmuz: "Foi apenas um… probleminha."

A voz grave do ferreiro da cidade, se destacou da multidão. Ele deu uma risada profunda enquanto se abria caminho entre os curiosos.

Ferreiro: "Contratempo, é? Parece que enfrentaram um exército de demônios!"

Zaque riu, mas logo se arrependeu ao sentir uma pontada nas costelas.

Zaque: "Acho que o velho ferreiro tem razão… foi uma batalha e tanto." Ele apontou para o Fragmento no pescoço de Harmuz, e a multidão fez um "Oh!" coletivo, os rostos se aproximando para espiar a relíquia brilhante.

Harmuz, com o olhar cansado, ergueu o Fragmento para todos verem.

Harmuz: "O Fragmento está conosco, e isso significa que a nossa jornada continua."

Luke, um garoto com o rosto sujo de poeira, se esgueirou para a frente, com os olhos brilhando de empolgação.

Luke: "Esse Fragmento é mesmo importante, né? Aposto que isso dá uma força gigantesca!"

Zaque soltou uma risada, se esforçando para minimizar a dor.

Zaque: "Você não faz ideia, pequeno… mas da próxima vez, estaremos mais bem preparados."

O povo riu, e a tensão foi se dissipando. O ferreiro cruzou os braços e olhou para a multidão, com um brilho de orgulho nos olhos.

Ferreiro: "É claro que estarão preparados! Montanis está com vocês. Vamos fornecer o que precisarem — armas, suprimentos, o que for!"

A multidão irrompeu em vivas e gritos de apoio, com os punhos erguidos em um gesto de solidariedade. Harmuz, com a voz embargada, murmurou para Zaque.

Harmuz: "Isso… isso é mais do que poderíamos pedir."

Zaque assentiu, seus olhos refletindo a mesma determinação renovada. Ao ver o apoio sincero daquelas pessoas, ele sentiu que a verdadeira força de um guerreiro não vinha apenas de sua lâmina, mas também dos laços que uniam todos em uma causa maior.

E, com a luz do novo dia iluminando Montanis, todos sentiam que uma nova jornada começava — uma jornada que ninguém poderia prever até onde os levaria.

Na carroça dos médicos, Harmuz e Zaque foram cuidadosamente transportados pelas ruas de Montanis, recebendo acenos e sorrisos respeitosos de quem os via. A poeira dos longos dias de batalha e as feridas abertas eram sinais evidentes do preço pago pela missão. Ao chegarem à casa do médico da cidade, uma construção simples mas aconchegante, foram rapidamente acomodados em camas limpas e cobertas por mantas quentes.

O médico, um senhor de cabelos grisalhos e olhos atentos, começou a examinar as feridas dos dois, murmurando para si mesmo sobre a gravidade dos ferimentos.

Médico: "Vocês, heróis, nunca facilitam o meu trabalho, hein?"

Zaque deu uma risada curta e cansada, mas logo se encolheu, segurando as costelas de dor.

Zaque: "Não se preocupe, as costelas quebradas viraram tradição. Quem sabe, essas fraturas percam a dor um dia…"

Harmuz soltou uma risada baixa, observando o médico aplicar uma pomada nos cortes de seu rosto. A sensação ardente dava a entender que aquela era uma mistura forte.

Harmuz: "Com um pouco de sorte, dessa vez você cura algumas cicatrizes… não dá pra fazer show na praça parecendo que lutei contra um dragão."

O médico balançou a cabeça com um sorriso, pegando ataduras para enrolar o abdômen de Zaque.

Médico: "E quem disse que as cicatrizes não inspiram o público, Harmuz? São as histórias que eles mais querem ouvir."

Enquanto os dois heróis riam, mesmo que entre caretas de dor, o médico terminou os primeiros curativos, deixando que descansassem por um momento. A vila estava em silêncio lá fora, e uma paz acolhedora preenchia o ambiente. Harmuz, já com os olhos pesados, olhou para Zaque ao lado.

Harmuz: "Sabe… foi uma batalha dura, mas acho que nunca senti uma força como a que eles nos deram hoje… o povo. É estranho, mas, até estando exausto, sinto que estou pronto para seguir em frente."

Zaque concordou com um aceno, o olhar pensativo.

Zaque: "Sim. Estamos aqui por algo muito maior que apenas recuperar fragmentos… Estamos aqui por eles."

Os dois adormeceram logo depois, deixando para trás as dores por uma noite. A recuperação seria lenta, mas com o apoio de Montanis, sabiam que estavam preparados para o que viria a seguir.

O entardecer se aproximava quando Zaque saiu da casa do médico, ele saiu bem depois de Harmuz por ter ferimentos piores, mas iria se recuperar com o tempo. Os curativos bem apertados ao redor de seu torso. Ainda apoiado em sua Sand-Halbard como uma bengala, ele sentia as costas doloridas. Um vento fresco sacudiu sua capa enquanto ele percorria as ruas de Montanis, em direção à cabana de Harmuz.

Ao se aproximar das pontes para o alto da montanha ele notou uma figura parada no final da rua de barro. Era um homem alto, envolto em um sobretudo azul-matinho sob a pouca luz. Postura ereta, e as mãos ocultas nos bolsos da veste. O capuz na cabeça e uma máscara branca similar a de Zaque.

Zaque sentiu um calafrio percorrer sua espinha, e ficou em alerta. Antes que pudesse reagir, uma voz baixa e suave ecoou do interior da máscara do estranho:

Estranho: "Está tudo bem, herói. Não há necessidade de morrer esta noite."

A voz do estranho era calma, mas carregava uma arrogância velada, como se tivesse total controle da situação. Ele deu um passo à frente.

Zaque: "Quem é você? Do que você tá falan-."

O estranho soltou um riso baixo.

Estranho: "Sempre direto ao ponto, não é? Mas é engraçado, não preciso te dizer meu nome. Mas você junto ao seu amigo bardo, são como estrelas brilhando em um céu de mediocridade e isso chama minha atenção."

Zaque estreitou os olhos, irritado com o tom enigmático.

Zaque: "Não estou aqui para adivinhações. Diga o que quer ou me deixe passar."

O homem balançou a cabeça lentamente.

Estranho: "Essa pressa não combina com alguém tão valoroso, guerreiro. Afinal, não foi por um feito tão grandioso que você conquistou essa máscara?"

Ele ergueu uma mão em volta de sua luva de couro, apontando para a máscara de Zaque.

Estranho: "Só vim parabenizá-lo, a você e ao seu companheiro, pelas proezas contra essa Iluria. Walker..."

Zaque cerrou os punhos, sentindo-se cada vez mais desconfiado. Como esse estranho sabia tanto?

Zaque: "Quem... é... você?!"

O estranho suspirou e deu dois passos para frente, enquanto a névoa da floresta vinha em seu encontro.

Estranho: "Sou apenas um observador dos grandes eventos que estão por vir, ou um causador."

tão enigmático quanto a figura à sua frente. Zaque engoliu em seco, sem saber se se aproximava ou mantinha distância. Havia algo perturbador e, ao mesmo tempo, fascinante sobre o desconhecido.

Antes que Zaque pudesse tomar uma decisão, o estranho sumia dentro a névoa, fazendo uma leve reverência.

Estranho: "Digamos que quero vê-los alcançando todo o potencial. Mas lembre-se, Zaque… poder trás muitos fardos. E um dia, você terá que decidir se estará disposto a carregar o peso das escolhas que virão.""

Em poucos segundos, ele desapareceu na névoa, como se tivesse se dissolvido na fumaça.

Zaque ficou parado ali por alguns instantes, respirando fundo e refletindo sobre o estranho encontro, até que finalmente retomou seu caminho para casa. No fundo, sentia que aquele era apenas o início de mistérios ainda maiores que o aguardavam.

Zaque subiu as pontes, parando de tempos em tempos quando alguns curiosos o abordavam, perguntando sobre sua recuperação ou elogiando seus feitos recentes. Cada cumprimento o fazia sentir-se um pouco mais grato por estar de volta. Finalmente, ao chegar à cabana de Harmuz, avistou seu amigo do lado de fora, envolvido em uma conversa animada com outro cidadão de Montanis.

Assim que Zaque se aproximou, Harmuz abriu um sorriso largo.

Harmuz: "Ah, olha só quem se juntou a nós! Como está?"

Zaque: "Melhorando... Ainda me sinto como se tivesse sido atropelado por uma carroça, mas pelo menos estou de pé."

Harmuz soltou uma risada e deu um tapinha no ombro de Zaque.

Harmuz: "Isso é o que importa! Estávamos aqui discutindo o Templo e o que descobrimos sobre a história de Montanis. Aquele lugar... É como se estivéssemos escavando os segredos daqui."

Cidadão: "Isso mesmo! Eu nunca tinha ouvido falar de metade das coisas que viram lá. Vocês realmente acharam registros antigos?"

Harmuz assentiu com entusiasmo.

Harmuz: "Não só registros. lendas que se perderam no tempo. Sobre os primeiros passos de Montanis, os bardos primordiais..."

Zaque: "Parece que vocês tiveram bastante tempo para decifrar tudo, hein?"

Harmuz: "Tempo? Foram algumas horas naquela biblioteca empoeirada. E a cada página, a sensação de que Montanis é muito mais antiga e poderosa do que imaginávamos."

Zaque coçou o queixo, pensativo.

Zaque: "Falando em mistérios... Na volta, cruzei com alguém que parecia saber muito sobre nós. Um sujeito com uma máscara parecida com a minha, todo envolto em uma capa escura."

Harmuz ergueu uma sobrancelha, curioso.

Harmuz: "Sério? Outro mascarado em Montanis? Não é muito comum por aqui."

Zaque: "Pois é. Ele falou algo sobre querer ver até onde podemos chegar. Chamou a atenção dele, ele disse."

Cidadão: "Isso soa... estranho. Nunca ouvi falar de alguém assim."

Harmuz: "E você acha que ele é uma ameaça?"

Zaque deu de ombros.

Zaque: "Difícil dizer. Ele era meio arrogante, mas não iria me atacar. Parecia mais curioso... e observador. Algo me diz que ele sabe mais sobre nós do que nós mesmos."

Harmuz: "Hmmm... Pode ser alguém ligado ao Templo dos Ecos? Ou talvez a Iluria?"

Zaque: "Não sei. Ele se apresentou como 'um observador dos grandes eventos que estão por vir'. E deixou um aviso, algo sobre o peso das escolhas que virão."

Harmuz ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Zaque. Finalmente, ele falou com um leve tom de preocupação.

Harmuz: "Se ele realmente sabe tanto sobre nós, talvez estejamos sendo observados há mais tempo do que imaginamos. Esse Templo... todos os segredos que desenterramos... Parece que estamos atraindo a atenção de forças que vão além de Montanis."

Zaque assentiu, pensativo.

Zaque: "Só queria ter uma ideia mais clara de quem está por trás de tudo isso. Não gosto de ser uma peça no jogo de alguém sem saber as regras."

Cidadão: "Vocês já enfrentaram o Guardião dos Ecos e a própria Iluria. Quem mais poderia ser uma ameaça?"

Harmuz: "Isso é o que me preocupa. Se há alguém capaz de nos observar sem sequer ser notado, essa pessoa está além de um simples cara qualquer."

Zaque respirou fundo e olhou para o horizonte.

Zaque: "Só nos resta esperar... e estar preparados para o que vier. E, Harmuz, se esse observador aparecer novamente, a gente não pode deixar ele se safar."

Harmuz sorriu, estendendo a mão para seu amigo.

Harmuz: "Juntos, Zaque. Seja lá o que estiver à espreita, Montanis ainda tem os heróis de que precisa."

Zaque apertou a mão de Harmuz firmemente, enquanto o cidadão assistia com admiração. Sabia que, independentemente dos mistérios que ainda enfrentariam, a força de sua amizade e lealdade era o que os manteria firmes diante de qualquer ameaça.

Harmuz: "bom mas os heróis que Montanis precisa também precisam... Descansar né?."

Zaque: "nem me fale, minhas costas estão me matando..."

Cidadão: "pra então isso é uma hora perfeita para me despedir, não quero atrapalhar haha!"

Harmuz: "bom até mais então senhor!"

O cidadão foi embora para seu lar já que estava anoitecendo, então Harmuz abriu a porta de sua cabana e convidou Zaque a entrar gestionando a mão

Assim que entraram na cabana, Harmuz foi direto para sua cama, acomodando-se no colchão macio com um suspiro de cansaço. Zaque, por outro lado, estendeu seu saco de dormir no chão de madeira, acomodando-se do melhor jeito que podia, embora o desconforto estivesse claro em seu rosto.

Ele não se deitou imediatamente. Ao invés disso, retirou um pequeno caderno de couro desgastado de seu cinturão cinza, junto com uma pena e um tinteiro. Enquanto a cabana mergulhava no silêncio, ele começou a anotar calmamente os eventos do dia.

Harmuz, já acomodado, notou a atividade de Zaque e ergueu a cabeça, curioso.

Harmuz: "Zaque, você escreve nesse caderno toda noite. Por quê disso?."

Zaque deu um sorriso discreto debaixo da máscara, ainda focado em suas anotações.

Zaque: "Quando voltar para Hiddn'leand's, vou precisar de algo mais que lembranças. Quero contar as histórias de nossas aventuras de verdade, com detalhes. Cada luta, cada vitória, cada mistério... Tudo registrado. Para que meu povo saiba das batalhas que enfrentei além das dunas."

Harmuz ficou em silêncio por um momento, observando o amigo. Uma sensação de inquietação cresceu em sua cabeça, mas ele a mascarou com um tom descontraído.

Harmuz: "E então, vai sair de Montanis? Partir em busca de mais aventuras?"

Zaque parou de escrever e olhou para Harmuz, pensativo.

Zaque: "Um dia, talvez. Hiddn'leand's é meu lar... mas Montanis, bom, é mais do que um simples lugar para se estar. Esse lugar me deu algo que nunca imaginei encontrar fora do deserto."

Harmuz sorriu, mas um leve toque de preocupação brilhava em seus olhos.

Harmuz (pensando): Será que, depois de tudo isso, Zaque realmente deixará Montanis? Será que ele partirá deixando essas terras e... talvez, a mim?

O bardo deitou-se novamente, fixando o olhar no teto. Ele sabia que o destino de Zaque era tão imprevisível quanto o vento do deserto, mas a ideia de uma despedida deixava um vazio em seu peito. Afinal, mesmo sendo um aventureiro que celebrava a liberdade, ele sentia que a presença de Zaque fazia Montanis parecer mais como um lar.

Naquele momento, a cabana mergulhou em um silêncio pesado, ambos com pensamentos distintos, mas unidos pelo mesmo fio de incerteza sobre o futuro.

ENQUANTO ISSO EM ALGUM LUGAR

Iluria caminhava pela floresta densa, pisando nos galhos secos que se partiam sob seus pés cansados. Seu robe estava rasgado, sujo de lama e folhas, e as sombras das árvores pareciam zombar dela, projetando formas grotescas em seu caminho. A floresta era fria e silenciosa, um contraste inquietante com o tumulto que fervia em sua mente.

Iluria: "desgraçados... todos eles. Todos! Depois de tudo o que fiz, tudo o que conquistei... e agora estou aqui, sozinha, perdida nesta floresta miserável."

Ela parou, apoiando-se em uma árvore torta enquanto tentava recuperar o fôlego. Suas mãos tremiam, não apenas de exaustão, mas de frustração.

Iluria: "Harmuz e aquele forasteiro... aqueles vermes intrometidos! aparecendo no momento errado, e prontos para estragar meus planos. Se eu os ver novamente..."

Ela rangeu os dentes, mas antes que pudesse terminar o pensamento, uma névoa fina começou a se formar ao redor dela, deslizando suavemente entre as árvores. Iluria arregalou os olhos, olhando ao redor, tentando ver de onde vinha. E então, como se emergisse diretamente das sombras, uma figura alta, envolta em um manto azul-marinho escuro com detalhes em branco, apareceu.

O estranho mascarado se aproximou com passos calmos, sua máscara branca brilhando levemente sob o luar. Sua presença era envolta em um mistério inquietante, mas havia uma aura de tranquilidade em seus movimentos, como se ele estivesse exatamente onde deveria estar.

Iluria franziu o cenho, hesitando.

Iluria: "Quem... Quem é você? E o que quer comigo?"

O estranho deu um leve sorriso por trás da máscara, um sorriso que ela não podia ver, mas que de alguma forma sentia.

Estranho: "Minha querida Iluria... Você está tão desgastada, tão fora de lugar nesta floresta. Acredito que você precise de... companhia."

Iluria bufou, tentando disfarçar o cansaço e o desespero que sentia.

Iluria: "Companhia? E quem seria você para se oferecer a mim, assim do nada? Um vagabundo mascarado perdido na floresta?"

O estranho inclinou a cabeça, como se achasse a resposta dela divertida.

Estranho: "Pode me chamar de Álas, Álas Mistwalker. E eu não apareci aqui por acaso. Sou um "observador" que o destino desenha. E creio que seu caminho, Iluria, não precisa ser trilhado sozinha."

Ela cruzou os braços, tentando manter uma postura imponente, embora soubesse que estava visivelmente cansada.

Iluria: "E o que exatamente você acha que pode fazer por mim? Porque, sinceramente, não preciso de mais um obstáculo."

Álas aproximou-se mais um passo, suas palavras ecoando com um tom envolvente.

Álas Mistwalker: "Não, minha dama, não sou um obstáculo. Pelo contrário, sou a oportunidade. Você perdeu muito, eu sei... poder, aliados, até a confiança de si mesma, talvez? Mas eu posso oferecer algo que lhe faltou: direção. Não como um mestre, mas como... um parceiro."

Iluria estreitou os olhos, observando-o com desconfiança.

Iluria: "E o que você quer em troca, Álas? Nada vem de graça, muito menos ajuda em tempos como este."

Ele deu um leve aceno de cabeça, como se já esperasse essa pergunta.

Álas Mistwalker: "Nada além de sua companhia, Iluria. Quero ver até onde seu potencial pode levar você... e onde isso poderá nos levar juntos. Digamos que tenho um interesse especial em sua jornada e no que ela pode significar."

Ela ficou em silêncio, considerando a oferta. Estava exausta, enfraquecida e sem muitas alternativas. A proposta de Álas, por mais enigmática que fosse, parecia sua única chance de recuperar o que havia perdido.

Iluria: "Muito bem, Álas. Aceito sua ajuda... por agora. Mas se eu sentir que está me levando em direção a uma armadilha ou tentando me usar, lembre-se de que não hesitarei em acabar com você."

Álas inclinou-se numa leve reverência, com o tom de voz suave e confiante.

Álas Mistwalker: "Temos um acordo, então, Iluria. Que nossa jornada juntos traga de volta o poder que você merece... e talvez algo além disso."

Então, a névoa ao redor deles pareceu se intensificar, quase envolvendo Iluria e Álas em um abraço de sombras e mistério. Então sumiram alí... Sem deixar rastros...

Quando os primeiros raios de sol invadiram a cabana, Zaque despertou, sentindo-se estranhamente bem. As dores haviam diminuído, e ele se sentia revigorado. Ainda confuso com sua rápida recuperação, ele notou que estava sozinho. Harmuz já havia saído.

Zaque: "Harmuz saiu cedo… Será que está tramando alguma coisa?"

Decidido a encontrá-lo, Zaque vestiu sua capa e saiu da cabana, descendo as pontes que levavam ao centro de Montanis. O silêncio das ruas chamava sua atenção; não havia nenhum movimento, algo incomum para aquela hora. Ele percorreu as vielas vazias, buscando qualquer sinal do bardo ou de algum conhecido, mas a cidade parecia completamente deserta.

Ao chegar à saída norte, Zaque parou, intrigado. Em vez do vazio das ruas, encontrou uma multidão esperando por ele. Cidadãos, guardas, comerciantes e até crianças estavam reunidos ali, todos sorrindo e murmurando entre si. Assim que o viram, a multidão explodiu em aplausos e gritos de celebração.

Cidadão: "É ele! O herói de Montanis!"

Guarda: "O mascarado! Aquele que ajudou o Harmuz a derrotar a Iluria e salvou o reino!"

Surpreso, Zaque ficou parado, sem saber ao certo como reagir. Harmuz apareceu entre a multidão, com um sorriso largo e os olhos brilhando de satisfação.

Harmuz: "Finalmente, Zaque! Estávamos esperando por você."

Zaque: "O que… o que está acontecendo aqui?"

Harmuz deu um passo à frente e pôs a mão no ombro do amigo.

Harmuz: "É uma celebração de despedida, Zaque. Para honrar tudo o que você fez por Montanis."

Um velho ancião aproximou-se, apoiado em uma bengala, e ergueu a voz para que todos ouvissem.

Ancião: "Zaque, Montanis nunca esquecerá sua coragem e dedicação. Você e Harmuz nos deram proteção em uma hora que estávamos convencidos da falsa segurança. É uma honra para todos nós testemunharmos os feitos de dois heróis tão valorosos."

Mais aplausos e sorrisos se espalharam pela multidão, e Zaque, visivelmente emocionado, apenas assentiu, tentando absorver o momento. Então, os guardas abriram caminho, revelando um majestoso cavalo de pelagem cinza prateada, com uma crina ondulante que se agitava ao vento. Ele parecia selvagem, mas ao mesmo tempo, tinha um olhar sereno e inteligente.

Guarda: "Zaque, em nome de Montanis, oferecemos a você este cavalo, Ventus, em homenagem ao vento que o guiou em suas aventuras e à liberdade que você conquistou para todos nós."

Zaque se aproximou do cavalo, admirando sua imponência. Ele estendeu a mão, e Ventus inclinou a cabeça, aceitando o toque de seu novo companheiro.

Harmuz, com uma expressão de orgulho, murmurou ao seu lado.

Harmuz: "Esse é um presente digno de um herói. Ventus será sua montaria, Zaque, e o levará onde quer que seus caminhos o chamem."

Zaque olhou para Harmuz e depois para a multidão, sentindo o peso da gratidão e do respeito que Montanis tinha por ele. Por um instante, ele pensou em Hiddn'leand's, em sua terra natal e nas histórias que um dia contaria.

Zaque: "Obrigado… a todos. Montanis sempre estará no meu coração."

A multidão vibrou, aplaudindo e celebrando, enquanto Zaque montava em Ventus pela primeira vez. Harmuz observava, um sorriso de orgulho e amizade estampado no rosto. Aquele era o início de um novo capítulo, tanto para Zaque quanto para o povo de Montanis, que jamais esqueceria o herói mascarado e seu fiel companheiro.

Quando os portões de Montanis se abriram, Zaque deu alguns passos rumo ao exterior, montado em Ventus. No entanto, antes de se afastar mais, ele parou e olhou para trás, fixando o olhar em Harmuz. Inspirado por uma ideia repentina, ele ergueu a voz, gritando para o amigo:

Zaque: "HARMUZ!! VENHA COMIGOO!!"

Harmuz, pego de surpresa, hesitou. Ele olhou para o povo de Montanis, para os rostos de amigos e conhecidos que estavam ali reunidos. Montanis era sua casa, seu lar, e ele tinha dedicado sua vida para alegrar e proteger aquelas pessoas. Mas ao mesmo tempo, a ideia de partir ao lado de Zaque, de explorar novos horizontes e talvez até de expandir seus conhecimentos, acendia uma centelha de desejo em seu coração.

No meio da multidão, algumas pessoas começaram a incentivá-lo.

Cidadão: "Vai, Harmuz! Você merece essa aventura!"

Outro cidadão: "O herói de Montanis merece explorar o mundo, e quem sabe trazer mais canções e contos para nós!"

Foi então que o rei de Montanis apareceu, cavalgando com sua cavalaria real particular. Ele desmontou e caminhou até os dois heróis, com um semblante respeitoso e uma leve reverência em reconhecimento aos feitos deles.

Rei: "Zaque, Harmuz… Montanis não seria o mesmo sem vocês. E, Harmuz, entendo seu dilema. Você é nosso bardo de batalha, um pilar do nosso reino. Mas acredito que a jornada ao lado de Zaque trará não só crescimento pessoal, como também benefícios para nossa terra."

Harmuz olhou para o rei, surpreso pela compreensão.

Rei: "A biblioteca do Templo dos Ecos está cheia de conhecimentos de batalha e estratégia que podem ser aplicados em nossos territórios. O mundo é vasto, e Montanis precisa de aliados lá fora. Portanto, Harmuz, eu lhe dou minha bênção para partir com uma condição."

Harmuz: "E qual seria essa condição, majestade?"

Rei: "Que você leve consigo o nome de Montanis e faça alianças com outros reinos em nossa causa. Não se preocupe com nossa segurança; estamos mais preparados do que nunca."

Harmuz ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras do rei. Então, ele deu um leve sorriso e assentiu.

Harmuz: "Aceito essa condição, majestade. Montanis é minha casa, e farei o que estiver ao meu alcance para garantir que ela permaneça segura, mesmo que venha de longe."

O rei colocou a mão no ombro de Harmuz, em um gesto de incentivo.

Rei: "Então vá, Harmuz. Vá com Zaque e faça o que só vocês podem fazer."

Zaque, sorrindo, estendeu a mão para Harmuz, que segurou em sua mão e montou na garupa do Ventus. Os dois heróis trocaram um olhar cheio de cumplicidade, sabendo que estavam prestes a embarcar em uma nova e épica aventura juntos. E assim foram embora em uma arrancada com os aplausos e gritos de despedida de Montanis ecoando atrás deles. Sabiam que o caminho seria cheio de desafios, mas, juntos, estavam prontos para enfrentar qualquer obstáculo e, quem sabe, encontrar novos aliados que trariam força e esperança não só para Montanis, mas para todo o mundo.

E assim, os heróis partiram, deixando Montanis com a promessa de que suas lendas cresceriam e, com elas, as alianças que selariam a paz entre reinos.

Enquanto se afastavam das montanhas de Montanis, a paisagem ao redor ia mudando, com o verde das árvores densas se transformando em colinas vastas e abertas. Ventus seguia em ritmo constante, seus cascos firmes no chão, enquanto Zaque, na dianteira, mantinha o olhar fixo no horizonte, e Harmuz, na garupa, tentava se adaptar ao balanço da viagem.

O céu estava limpo, e uma leve brisa soprava, carregando o cheiro da terra e dos campos que se estendiam à frente. A sensação de aventura era incrível, e, embora não dissessem em voz alta, ambos sentiam o peso e a empolgação de se afastar das terras conhecidas de Montanis.

Harmuz olhou para o horizonte, respirando fundo.

Harmuz: "Sabe, Montanis parece estar a quilômetros de distância agora... Dá pra acreditar que estamos só começando?"

Zaque sorriu, com aquele ar descontraído de sempre, mas com o brilho de antecipação nos olhos.

Zaque: "Mal começou, meu amigo. Espere até a gente cruzar o rio lá na frente… aí sim, a jornada vai realmente começar."

Harmuz balançou a cabeça, ajeitando o violão nas costas e rindo baixo.

Harmuz: "Espero que essas terras adiante saibam apreciar uma boa música. Meu violão não veio aqui pra ser carregado de graça."

Zaque: "Relaxa. Onde quer que a gente vá, Harmuz, sei que uma boa melodia sempre abre um caminho."

Com isso, os dois seguiram adiante, o trote de Ventus marcando o ritmo de uma aventura que ainda estava por se desdobrar.

Fim do Capítulo 2 - "Melodias"