"Você tem certeza que isso funciona?" Jayden perguntou, com uma mistura de ceticismo e curiosidade nos olhos.
"Relaxa, vai ficar tudo bem." Bulma respondeu, enquanto prendia os últimos sensores e cabos em seus braços e pernas.
"Seu sorriso diz outra coisa, sabia?" Ele arqueou uma sobrancelha, desconfiado.
Bulma sorriu, colocando as mãos na cintura com um ar de autossuficiência. "Meu sorriso é lindo," declarou, cheia de orgulho.
Jayden suspirou, resignado. "Só termina logo com isso."
Ela fixou o último dos dispositivos e deu um passo para trás, avaliando o trabalho. Jayden estava deitado em uma espécie de mesa metálica, com cabos elétricos ligados a várias partes de seu corpo, todos conectados a um painel de controle que Bulma monitorava com atenção.
Um lampejo de dúvida atravessou seu rosto enquanto ela verificava a leitura dos sensores. "Sabe... você não acha que talvez fosse melhor a gente esquecer essa ideia? Pode ser perigoso," disse Bulma, revelando um tom de preocupação que não tinha mostrado antes.
A verdade era que o tom confiante e as provocações que ela usava eram apenas uma fachada. No fundo, ela se preocupava genuinamente com Jayden e com o que poderia acontecer se algo saísse errado.
Para entender o que estava acontecendo, é preciso saber que tudo isso era fruto de uma ideia maluca de Jayden para intensificar seu treinamento. Como um fã ávido de Dragon Ball e otaku assumido, Jayden sempre teve teorias sobre os poderes das obras que admirava, imaginando métodos que poderiam aprimorar a força e a resistência dos personagens. Quando descobriu que possuía qi e que poderia explorar esse poder, sua mente explodiu de possibilidades.
O plano atual era um exemplo dessa busca insaciável por métodos inovadores (e um tanto arriscados) para melhorar suas habilidades. Jayden queria saber o que aconteceria se alguém com qi fosse submetido a um banho de eletricidade constante. Na sua lógica, a eletricidade poderia, talvez, fortalecer sua resistência a choques, aumentar sua velocidade, ou até mesmo ampliar a quantidade de qi em seu corpo. Ou, claro, não fazer nada. Ele não sabia ao certo, mas estava disposto a arriscar para descobrir.
"Pensa bem, Jayden," Bulma insistiu, ainda relutante. "Isso não é coisa de anime. A vida real é diferente, e você pode se machucar de verdade."
'O que aconteceria seu eu contasse pata ela que na verdade isso é literalmente um anime?'
"Relaxa, vai ficar tudo bem, eu confio que a garota mais inteligente do mundo jamais criaria algo defeituoso, eu tenho total confiança em você."
"Mas é claro, eu sou a melhor de todas!" Bulma estufou seu peito com orgulho.
"Então você já pode ligar." Jayden
"Ok… mas, pelo menos, eu vou monitorar cada segundo disso. Qualquer sinal de que está saindo do controle, eu vou desligar."
"Combinado." Jayden sorriu de volta, sentindo-se um pouco mais seguro.
Ela deu um último suspiro e voltou para o painel de controle. "Certo, está pronto?"
Jayden fechou os olhos e assentiu, sentindo o peso do momento.
Bulma pressionou o botão, e uma corrente suave começou a percorrer os cabos, chegando até ele. Jayden sentiu um leve formigamento espalhar-se pelo corpo.
A sensação era estranha, mas não insuportável. Lentamente, ela aumentou a intensidade, e o formigamento tornou-se mais forte, como pequenas ondas de energia passando por seus músculos.
A princípio, ele conseguia aguentar bem. Mas, conforme Bulma aumentava a intensidade, Jayden começou a sentir seus músculos se contraindo involuntariamente.
Ele respirou fundo, concentrando-se em manter a calma, tentando controlar seu qi para resistir à sensação e fortalecer seu corpo.
Bulma o observava de perto, com o dedo pronto para desligar o sistema a qualquer sinal de perigo.
"Está tudo bem, pode me dar o controle agora," Jayden disse, tentando levantar uma das mãos, ainda com uma leve tremedeira.
"Tem certeza? Você não está sentindo dor de cabeça? Ou alguma outra sensação estranha?" Bulma perguntou, com um olhar preocupado, examinando-o de perto.
Jayden sorriu. "Só um formigamento interno… como se meu corpo inteiro estivesse em vibração. Acho que isso é esperado, considerando que estou basicamente fazendo uma 'terapia elétrica' no corpo todo."
Bulma levantou uma sobrancelha, ainda hesitante. "Uhm, se você diz…"
Relutante, ela entregou o controle a Jayden. "Aqui," explicou, apontando os botões. "Este aumenta a intensidade, este diminui, este desliga tudo, e essa tela mostra a voltagem atual."
Jayden assentiu com gratidão. "Obrigado. Você já pode ir agora, se quiser."
Bulma cruzou os braços e fez uma careta. "Nem pensar! Eu vou ficar aqui. E se alguma coisa acontecer?"
Jayden suspirou, divertido. "Sigh… Você é insistente igual a sua irmã. Bom, já que vai ficar aqui, pode colocar alguma coisa na televisão pra gente ver?"
Bulma se acomodou no sofá ao lado, pegando o controle remoto. "Combinado. Vamos ver… o que acha desse filme de ficção científica?" Ela disse, sorrindo com malícia. "É sobre um cientista que se envolve com experimentos perigosos…"
"Engraçadinha," Jayden respondeu com uma risada, tentando relaxar.
As próximas horas passaram de forma inesperadamente tranquila. Jayden ajustava de leve a intensidade da corrente elétrica enquanto observava o filme, e Bulma, a cada poucos minutos, olhava para ele com atenção, perguntando baixinho se ele estava bem.
A princípio, Jayden tentava responder de forma casual, mas logo percebeu que até gostava do jeito que ela cuidava dele, mesmo que fosse meio mandona.
Era um alívio para Jayden saber que, mesmo em outro mundo, havia pessoas que se importavam com ele. O simples fato de ter Bulma ao seu lado, observando atentamente, trazia um conforto silencioso, uma sensação de pertencimento que ele não havia experimentado há tempos.
Mas, ao mesmo tempo, ele mantinha parte de sua mente focada em outra tarefa: monitorar o comportamento de seu qi.
Até agora, nada extraordinário havia acontecido – nem um aumento repentino de poder, nem qualquer tipo de efeito nocivo. A eletricidade correndo por seu corpo não parecia aumentar diretamente o qi, como ele inicialmente havia imaginado.
Em vez disso, ela interferia no fluxo natural de sua energia. Era como se dois rios, com correntes opostas, estivessem colidindo dentro dele. O rio de qi, por ser mais fraco, tinha seu curso constantemente desviado e enfraquecido pela corrente mais forte da eletricidade.
Jayden então decidiu se concentrar em manter o qi em seu caminho usual, tentando guiá-lo contra essa interferência. Ele percebeu que a tarefa estava várias vezes mais difícil do que antes. Cada tentativa de redirecionar o qi era como empurrar uma pedra morro acima.
Depois de muito tempo e esforço, Jayden percebeu que seu controle sobre o qi estava tendo um progresso.
Em um ponto, antes da interferência elétrica, ele já era capaz de externalizar o qi em uma quantidade pequena, suficiente para envolver suas mãos ou intensificar alguns golpes.
Agora, no entanto, com a interferência elétrica aumentando a complexidade do processo, ele se viu incapaz até de manter o qi completamente estável dentro de seu próprio corpo.
Mas, em vez de frustrá-lo, essa dificuldade o empolgava, ele enxergava naquela resistência uma excelente oportunidade de treino, um ambiente controlado que desafiava seu domínio sobre o qi e que poderia levá-lo a um novo nível de habilidade e controle.
Jayden sorriu, afastando os fios da máquina, e desceu da mesa com uma leve expressão de alívio.
"Já chega, eu já consegui o que queria," ele disse, desligando a máquina e removendo os últimos cabos.
Bulma, que o observava atentamente, deu um passo em sua direção com uma expressão de preocupação.
"O que foi? Aconteceu alguma coisa?" ela perguntou, os olhos avaliando o estado dele.
"Nada demais," respondeu Jayden, com um leve sorriso.
"Apenas já consegui o que queria, e não faz sentido ficar nessa mesa desconfortável por mais tempo."
Bulma relaxou, soltando um suspiro de alívio. Logo, a curiosidade tomou conta de sua expressão.
"E agora? O que você vai fazer?"
Jayden deu alguns passos até ela, fingindo um ar de seriedade.
"Agora," disse ele, adotando um tom teatral "vou implorar para a garota mais genial, inteligente, linda, fofa, adorável, rica e benevolente do mundo para me conceder mais um favor."
Ele se aproximou ainda mais, com um olhar exageradamente dramático e um sorriso travesso no rosto, arrancando uma risada de Bulma.
"Hmm... continue," disse Bulma, cruzando os braços e fingindo considerar. "Talvez, e só talvez, eu possa abrir um espaço na minha agenda apertada para você."
Jayden abriu um largo sorriso e, com uma reverência exagerada, respondeu:
"Oh, nobre princesa Bulma, sua graça e inteligência são como as estrelas que guiam os perdidos! Por favor, conceda-me a honra de sua ajuda mais uma vez!"
"Uhm... gostei," respondeu Bulma, tentando disfarçar o sorriso e fingindo uma tosse elegante.
"Percebo sua sinceridade, e, por causa disso, vou te conceder um pedido. O que deseja?"
Jayden se inclinou para frente, adotando um tom mais sério.
"Poderia fazer uma roupa com base nisso? Algo que eu possa vestir o tempo todo, sem atrapalhar minha rotina."
Bulma o encarou, considerando o pedido.
"Tem certeza? E se alguma coisa der errado? Você sabe que esse tipo de tecnologia ainda pode ser instável, e-"
Jayden ergueu uma das sobrancelhas e interrompeu gentilmente.
"Bulma, você se preocupa demais. Tenha mais fé e confiança em si mesma. Se nem você acredita que vai conseguir, como poderá?"
Ela ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras dele. A determinação de Jayden parecia contagiá-la, e, aos poucos, um sorriso determinado apareceu em seu rosto.
"Tá bom, tá bom, você venceu!" Disse ela, cruzando os braços e sorrindo.
"Mas eu vou querer uma ajuda sua no laboratório. Se quer tanto essa roupa, vai ter que suar um pouco comigo!"
Jayden riu e balançou a cabeça em aprovação.
"É só dizer o que eu preciso fazer, princesa Bulma. Com você no comando, tenho certeza de que será incrível."
"Ótimo! Agora, pare de me chamar de princesa isso é vergonhoso!"
"Hahahaha!"
________________________________
<1640 palavras>