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Capítulo 5: Convergência nas Sombras

No alojamento dos Cavaleiros, Maya estava no refeitório fazendo companhia e servindo de guardiã aos novos aliados, Akumi e Quilla, que se encontravam ao seu lado. A urna de sua Armadura de Andrômeda repousava ao lado, no banco. À sua frente, Léo saboreava um pedaço de pão com doce de abóbora.

"Expliquem melhor como vocês acabaram indo parar em Machu Picchu e Kyoto," começou Léo, tentando obter informações que pudessem ser úteis.

"Todos aqueles que, de alguma forma, estão fazendo coisas como as que fazíamos saíram do mesmo lugar: a Luz das Armas. Esse culto tem como objetivo fazer as pessoas enxergarem o mundo sem armas, buscando a paz através da fé e da harmonia, ou pelo menos era o que achávamos," iniciou Akumi, com um tom melancólico.

"Após um tempo no templo desse culto, as pessoas eram despertadas para um fundamento de energia espiritual que poderia conceder habilidades sobre-humanas e possibilitar iluminar caminhos através dessa energia com as mãos. Mais ou menos isso," continuou Quilla, cruzando os braços pensativamente.

"Interessante! Pelo jeito, essas pessoas tinham o cosmo interior, que está sempre presente no nosso mais profundo âmago. Isso explica por que vocês, mesmo sendo pessoas comuns, possuíam cosmo e nos enfrentaram," comentou Maya, levando uma colherada de sopa à boca.

"Ainda assim, conforme os dados analisados, esses indivíduos podem ser muito perigosos," observou Léo, enquanto examinava informações em seu computador. "Achei impressionante a dificuldade que eles causaram sendo apenas pessoas normais."

"Essas capacidades foram todas despertadas, aprimoradas e mantidas pelos amuletos. Passamos por um processo de iniciação com meditação e exercícios físicos para podermos aguentar o que o amuleto fazia. A maioria dos membros já passou por esse ritual, chamado de purificação, mas o que ninguém sabia era que, ao colocar o amuleto, além de despertar as habilidades, ele controlava a mente," explicou Quilla, com um olhar sério.

"Sim. Ao colocarmos os amuletos, perdíamos a consciência e só despertávamos quando vocês conseguiram quebrá-los. E cada pessoa tem um amuleto diferente, que pode estar em diversas partes do corpo," acrescentou Akumi, demonstrando preocupação.

"Quando voltarmos a Kyoto e Machu Picchu, vamos ter que tomar cuidado, pois, pelo que andei vendo nas informações fornecidas por outros Cavaleiros, as manifestações energéticas estão aumentando," disse Léo, analisando gráficos em mapas de diferentes regiões do mundo em seu computador.

"Então quer dizer que a situação lá fora está piorando, é?" indagou um jovem que se aproximou do grupo, parecendo curioso com a conversa.

"Ah! Oi, Julian! Que milagre você ter deixado a Armadura de Unicórnio na sua urna," disse Léo, desviando a atenção do computador para o jovem que acabara de chegar e já se sentava ao seu lado.

"Qual é, Léo? Na hora do rango eu prefiro ter como pesinho extra só a barriga," brincou Julian, dando uma risada descontraída. "E então? Pelo jeito as coisas estão ficando feias. Para novatos já estarem em missões tão complexas... Nós, que já somos Cavaleiros há mais tempo, nunca tínhamos visto tamanha mobilização. Até o mestre Rainer está cuidando da Casa de Sagitário com mais atenção e saindo uma vez ou outra. O clima parece tenso."

"Espera aí! Você é discípulo de Rainer? Um dos cinco Cavaleiros de Ouro mais fortes? Que inveja," exclamou Maya, surpresa.

"Até parece que ter como mestre Salazar de Peixes não é de causar inveja também, Maya," interveio Fernando, juntando-se à conversa com um sorriso. "Todos nós temos mestres absolutamente poderosos. E o meu não é diferente. Não é mesmo, senhor Azura?" disse ele, olhando para o lado, embora aparentemente não houvesse ninguém.

"Vejo que você está melhorando após ter recebido a Armadura de Raposa, Fernando," pronunciou-se uma voz serena que se materializou em seguida. Ao surgir no meio do refeitório, Azura de Virgem causou alvoroço com sua Armadura dourada resplandecente; muitos cuspiram o que comiam, engasgando-se ou quase se afogando com água, sucos, néctares, e em seguida se levantaram, prestando reverência. Seu cosmo era gentil, mas poderoso, inundando o ambiente com uma presença acolhedora.

"Não precisam fazer isso. Podem se sentar e continuar com suas refeições," disse Azura, demonstrando gentileza e humildade. "Precisamos que vocês me acompanhem," falou para todos que estavam sentados. "Inclusive você, Julian!"

"Certo!" respondeu Julian, levantando-se junto com os outros e seguindo o Cavaleiro de Virgem.

Ao chegarem ao templo de Athena, encontraram Aisha à espera, acompanhada de Joshua de Camaleão, o Grande Mestre e a própria deusa Athena. O ambiente era solene, iluminado por tochas que lançavam sombras dançantes nas paredes adornadas com símbolos antigos.

"Bem-vindos, bravos Cavaleiros!" saudou o Grande Mestre, recebendo a reverência de todos no salão. Sua voz era firme, mas carregada de preocupação. "Sabemos que muitas vezes precisam de descanso, e Cavaleiros, como qualquer ser humano, não são diferentes. Porém, a situação tem se tornado complicada e muito difícil, sendo necessária ação imediata. Maya, Aisha e Joshua, precisamos que vocês acompanhem Akumi a Kyoto, pois as energias por lá voltaram a aparecer com maior intensidade. Vocês devem descobrir o epicentro dessa energia e impedir o que quer que esteja acontecendo. Devem partir imediatamente."

"Sim, senhor!" responderam em uníssono, com determinação nos olhos.

"Vamos, Akumi!" disse Aisha, recebendo um aceno firme da antiga espectro. Juntas, partiram do Santuário, cientes da importância de sua missão.

"O restante dos Cavaleiros de Bronze deve acompanhar Quilla em Machu Picchu, pois lá a situação é a mesma e parece estar saindo do controle. Existem mais três lugares no mundo para os quais trios de Cavaleiros foram enviados para investigação. Os Cavaleiros de Ouro estão a postos e prontos para qualquer emergência no Santuário. Fiquem alertas e voltem em segurança, pois por lá a situação parece muito mais crítica," continuou o Grande Mestre, com gravidade.

"Perfeito, Grande Mestre! Iremos cumprir o ordenado imediatamente," afirmou Julian, ajustando a urna de sua Armadura nas costas e aguardando seus companheiros.

"Vamos, Quilla! Sua ajuda será de extrema importância," disse Fernando, firmando a alça da urna de sua Armadura de Raposa e fazendo sinal para Quilla, que assentiu e o seguiu sem hesitar.

Com as missões designadas, os Cavaleiros de Bronze partiram em suas jornadas para enfrentar as novas ameaças. O vento soprava com intensidade, como se sussurrasse avisos sobre o que estava por vir. Eles não sabiam exatamente o que encontrariam, mas o sentimento de que algo grande se aproximava era inegável. As trevas estavam crescendo, e um mal muito maior do que aquele que já haviam enfrentado parecia estar emergindo. E, das sombras, sem que ninguém percebesse, alguém continuava observando o Santuário e suas movimentações com extrema cautela e atenção, aguardando o momento certo para agir.

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