webnovel

Turbo

Sci-fi
Ongoing · 798 Views
  • 2 Chs
    Content
  • ratings
  • N/A
    SUPPORT
Synopsis

Uma nova tecnologia que permite usar a própria força vital como arma, fez com que a terceira guerra mundial acabasse por destruir o mundo moderno e o jogar numa espécie de faroeste steampunk pós apocalíptica. Nosso protagonista é Dan Fontes, um jovem escravo cuja toda a perspectiva de vida muda ao encontrar Ragna Rok, um mercenário com a habilidade de usar tal arma. Em um mundo onde existem habilidades inimaginaveis, animais mutantes e basicamente um apocalipse climático, muitos humanos ainda pioram tudo querendo ser donos uns dos outros. Ragna não gota disso e efetivamente luta contra pessoas desse tipo, seria Dan capaz de o ajudar de alguma forma?

Chapter 1Cap 1 - Ignição
True Vegas, 05/12/0093Um jovem de dezesseis anos lavava louças numa suja cozinha engordurada, as paredes verdes com a tinta descascando pareciam impregnadas pelo próprio tempo, telhado cheio de goteiras que pingavam mais água dentro do que a própria chuva que caía do lado de fora. Velha, sem graça e suja, esse era um resumo bom para a cozinha, mas o jovem lavador de pratos por sua vez era o oposto disso, magro e jovial com curtos cabelos loiros quase cinza e olhos azulados, ele lavava as louças com agilidade forçada, ele tinha um prazo e o colar metálico em seu pescoço iria lhe dar choques se ele demorasse demais, então ele cumpria sua tarefa com afinco.A pilha de louças lavadas aumentava, a para lavar se reduzia até se acabar, assim que finalmente acabava a longa tarefa, a luz do sol entrando pela janela já havia se tornado a escuridão da noite, o rapaz enxugava a testa feliz em terminar a tempo e então um homem mais velho, o qual também possuía uma coleira metálica, entrava na cozinha por uma porta que guinchava um rangido alto conforme era aberta, avisando de sua idade e de que alguém entrava.-Dan, terminou? Ótimo, o mestre quer que você busque uma encomenda na estação.Haviam outros para a tarefa, mas sendo um escravo, Dan não podia ir contra quem tinha o controle de sua coleira, seria um problema e sabendo quem era seu "dono", era ainda mais perigoso. Clover, um homem de cabelos negros longos amarrados num rabo de cavalo que ornava com seu terno, maquiagem escura sob seus olhos puxados de descendência asiática realçando os mesmos contra a pele bronzeada pelo sol do deserto, vestido com roupas caras e elegantes que davam um ar de empresário, dono de toda a cidade de True Vegas, um conglomerado de bares, cassinos e boates com funcionários escravos no meio do deserto de Typu, um dos maiores da pangeia. Toda uma cidade se ergueu ao redor de seus estabelecimentos e sumiriam sem ele, por si só, em influência ele já seria perigoso na região.Dan rumou pela porta barulhenta enquanto tirava o avental e o pendurava num gancho torto na parede que quase caía com o peso. Do outro lado, nosso jovem saía num salão de uma lanchonete, com várias mesas, todas vazias, mas antes estivessem cheias, Clover tinha esvaziado o local para conversar a sós com um convidado, estavam bem ao centro, Alicia os servia, uma amiga de Dan, cabelos curtos, negros, estatura baixa, seios pequenos, quadris largos, pele cor de chocolate, visivelmente mais bem alimentada que Dan, pelo menos parecia saudável, afinal, ela atendia os clientes, não podia parecer maltrapilha e é claro, o colar de metal no pescoço deixava claro o por que de ela sequer aceitar trabalhar com o ridículo uniforme da loja que consistia de um top curto e uma saia rodada que mostrava metade de seu traseiro pra todos ali.-Devo dizer Clover, tem umas interessantes por aqui...O homem que sentava de frente para Clover, vestido com uma calça jeans velha, uma bota de borracha vermelha, um regata negra manchada de terra e uma barba rala enfeitando seu rosto aparentemente latino, ele observava Alicia de cima abaixo enquanto falava e assim que ela se virava de costas para os deixar terminar a conversa, ele dava um sonoro tapa em sua bunda, com raiva e vergonha estampada no rosto, a mulher se apressava para longe dali enquanto Clover dizia num tom calmo e lento:-Cuidado Gamite, essa é virgem ainda, se quiser relar de novo vai ter que comprar e essas são caras...O homem olhava para Clover com um olhar pensativo e malicioso enquanto lambia os dedos da mão que estapeou a mulher.-Talvez eu compre hein, raro umas bonequinhas tão lindas e sem cicatrizes ou doenças, você realmente gera apenas os escravos melhores aqui.A visão de sua amiga sendo abusada e negociada como um objeto, deixava Dan furioso, mas ele se reprimia e saía dali, era comum coisas assim e não é como se ele pudesse fazer algo, não contra aqueles.-Malditos cabeça-de-motor...Um nome estranho né? Cabeça-de -motor, talvez o por que exato fique pra ser explicado por alguém mais especialista nisso, mas esse nome é dado aos que usam as armas da terceira guerra mundial, a capacidade de moldar a própria força vital em poderes e habilidades. O poder dessas habilidade remoldou continentes, derrubou impérios, remodelou o mundo, jogou toda a sociedade humana num caos, imaginem um cenário de faroeste, quem tem um revólver é poderoso correto? Os turbinados ou cabeças-de-motor seriam nessa ideia ai, portadores de tanques. A coleira por si só impediria Dan de revidar contra Clover, mas seus poderes e habilidades eram absurdas, além da força e velocidade super humanas, ele tinha a habilidade de matar apenas com o olhar. Isso sem falar no tal Gamite, outro turbinado que ele desconhecia as habilidades.Mordendo os lábios ele saía apressado, tentando se distanciar dali para se acalmar, cego pelos pensamentos ele esbarrava com um outro rapaz, ambos caíam no esbarrão e o rapaz derrubava umas caixas cheias de parafusos e outras peças de metal.-Dan?! O que houve? Qual a pressa?Era Ryan, um amigo de Dan, cabelos escuros e compridos e corpo gordinho, o único até o momento sem colar, filho de um mecânico livre que se mudou para True Vegas visando consertar os carros do que vem visitar a cidade e precisam dele para cruzar o deserto novamente.-Tsc... Desculpa Ryan, Clover e um tal de Gamite estão no restaurante, o desgraçado bateu na bunda da Alicia e falou de comprar ela, eu fiquei puto e sai sem olhar pra frente.O olhar do rapaz de cabelos longos se enchia de preocupação e pena, sua boca se abria e falava baixinho como que pra si mesmo em pensamento.-Gamite? Gamite da chuva de balas? Tomara que seja brincadeira, as garotas que ele compra... Dizem que elas morrem em alguns meses devido aos maus tratos.-O QUE?Dan não ouviu direito o que foi dito, mas o que pensou ter entendido, o assustou.-Ah nada, nada, esquece, é que estou pensando no tanto de caixa que tenho pra carregar, vai lá...Achando que ouviu coisas, talvez até preferindo acreditar nisso, Dan voltava a caminhar rumo a estação de areno-trem. Sua vida e os acontecimentos no bar passavam em sua mente e ele remoía como era horrível ser incapaz de reagir aquelas pessoas com tantos poderes. Ele chegava a estação e perdido em pensamentos cruzava a linha limite de até onde Clover os deixavam ir para não entrarem no alcance do trem, sua coleira lhe dava um enorme choque que o fazia saltar para trás e se acordar dos pensamentos, assim que o choque diminuía e parava, Dan ficava em pé e suando voltava a olhar para a areia bem a tempo de ver o areno-trem emergir de dentro das areias do deserto a sua frente, uma longa máquina escavadora usada para transporte de carga dos ricos no deserto que eram associados à Paraíso, maior corporação ainda existente na pangeia, "donos" da maior parte das terras em que se pode viver no mundo.A porta se abria dando visão a um gordo funcionário uniformizado que parecia transtornado de olhos esbugalhados e rapidamente tentava correr para fora do vagão, quando sua cabeça era chutada por uma botina negra que vinha em um chute de alguém que estava atrás da porta, o homem beijava a parede de metal e caía desmaiado logo antes de seu agressor sair do trem.Um homem jovem, de uns vinte e cinco anos, bem alimentado, saudável, de corpo bem treinado e definido apesar de esguio, cabelo curto negro e espetado, sobretudo de tecido longo e negro, sem camisa por baixo, deixando o abdômen e peito a mostra, onde uma tatuagem de caveira de boca fechada estava bem a vista no centro das costelas.Sua calça de tecido leve e gasto, parecia um jeans negro surrado e os icônicos coturnos negros de solado emborrachado e grosso, tudo na cor preta, as cores, as mãos nos bolsos, o jeitão frio em seus olhos, aquela pessoa era perigosa, não fosse apenas o chute que deu no cara, toda sua aura era... Muito calma, tal calma só podia vir de algo... Ele era turbinado... Algum assassino? delinquente? Um invasor?Calmo e observando Dan, o outro homem pisava fora do trem, olhava para o colar do rapaz a sua frente e dizia num tom de voz calmo e sereno.-Você é um dos escravos de Clover, não? Preciso de ajuda.Ouvindo isso Dan se levantou, talvez fosse mais alguém que quisesse falar com Clover, não um perigo direto.-O-ok, posso ajudar, mas tenho que pegar uma encomendo no areno-trem, você chutou o cara e eu não sei o que era pra pegar.-Era uma arma, pagaram para ele ser morto, então Clover comprou uma arma.A serenidade na fala daquela pessoa, quase dava raiva, falava como se não tivesse nada para fazer além de dar um passeio.-Ok, mas eu preciso dela para...-Ela não existe, quebrei ela... Preciso que leve os escravos para longe do Clover e tire os colares deles, aqui...O homem entregava um controle para Dan e apertava o botão do controle fazendo o colar de Dan se abrir e cair no chão.-Só aproximar do pescoço e apertar o botão, desliga e desmonta a coleira.Dan olhava perplexo, cinco anos de escravidão e o cara chegava do nada assim e o libertava como se fosse coisa comum.-Mas o que, por que... Por que está confiando isso a mim?O homem começava a andar lentamente com Dan curioso atrás dele.-Eu vou matar Clover, brigas de turbinados podem... Ser violentas... Se tiver escravos próximos eles podem se ferir e você não parece do tipo que não ajudaria os outros, posso ver nos seus olhos... Você morreria para voltar lá e libertar os outros... É por causa de uma mulher né?Dan arregalava os olhos, confuso e andando rápido ao redor do outro ou será que era o estranho que andava devagar?-Sim eu vou ajudar eles sim, mas não por causa da Alicia apenas, ela é minha amiga só... Mas olha, se vai encarar o Clover, não é uma boa hora, Gamite está aqui, dois cabeças-de-motor contra um é muito até para outro cabeça de motor.O homem erguia uma sobrancelha.-Dois contra um né... Hummm... Talvez vocês queiram sair da cidade e avisar os outros moradores.A calma do homem fazia Dan pirar, ele começava a falar e parava umas três vezes e então começava a ir de loja em loja onde se tinham escravos, os liberava e os informava do ocorrido, eles em sua maioria corriam, alguns poucos acompanhavam o estranho de preto de longe, ele os olhava e soltava um comentário quando os via.-Se me seguirem vão morrer...-Se Clover vai morrer eu dou minha vida pra ver o maldito levar uma surra.Obviamente era o grupo mais maltratado, não havia muito que ele pudesse fazer para evitar que viessem, era comum sempre ter alguns malucos assim nesses casos. Ele parecia acostumado. Sua lentidão e calmaria parecia dar tempo para Dan liberar os escravos, que o fazia bem furtivamente, sempre os tirando pelos fundos dos estabelecimentos, fazendo com que demorasse para os capangas de Clover notarem algo, mas assim que ele saía com Alicia alguns capangas apareciam de armas em mão, mirando no estranho de preto que chegava pela rua principal com uma pequena procissão atrás dele.-Ei ei ei... Pensou que ia levar nossa mercadoria assim, esse zé ninguém tá se achando demais na nossa cidade...O estranho olhava a arma, ela parecia um revólver como qualquer outro, mas suas balas brilhavam uma cor azulada.-Uhhhh... Revólver T-1... Que modelo é esse? Maxkill-350? -É o modelo que explode rabo de curioso, seu vacilão... Tá chapado? Tira a mão do bolso e se rende, desgraçado...O estranho respirava fundo, olhava no olho dos capanga a sua frente e dizia em tom de deboche.-To afim não...----------------------------------------Dentro do restaurante Gamite e Clover finalizavam algumas negociações e então Gamite comentava:-A qualé, eu to comprando as outras por dois mil a cabeça e a garçonete você quer me cobrar dez mil?-Você tem interesse especial nela... Oferta e procura Gamite, quer a garçonete, pague dez mil.O delinquente parecia incomodado enquanto coçava a cabeça.-Ok, mas comprar sem ver direito é complicado, trás ela aqui e manda arrancar a roupa para eu poder ver melhor a mercadoria a venda e me decidir.Clover ria vitorioso e estalava os dedos chamando a garçonete que não vinha, impaciente ele estalava novamente os dedos e começava a olhar ao redor e notar que nenhum escravo estava a vista.-Mas o qu...Um som de tiro próximo a eles chamava a atenção, os sons de uma multidão se misturavam a gritos, a multidão se espantava e depois comemorava.Clover e Gamite saíam do restaurante apenas para ver os capangas caídos espalhados na rua com um estranho vestido de preto e um grupo grande os observando, que agora recuavam ao ver os dois turbinados sair, Clover estava furioso e não percebia, mas Gamite estava atento e notou a boca da caveira da tatuagem no peito do homem se fechando, não era um simples adereço.-Ih alá, tem um turbinadinho vindo atrás de carne Clover, será que tá atrás de mim ou de você.Clover estava observando a cena e o revólver modificado quebrado no chão era mais do que prova, era uma arma para matar turbinados, se aquilo falhou, ele com certeza era um. Ele então começava a ver o rosto de seus escravos na multidão, todos sem colar, ele começava a entender o que estava ocorrendo e ao ver Alicia observando com Dan, sorriu:-Hein Gamite, façamos assim, se você matar esse cara, eu deixo você levar a garçonete de brinde...-Sendo assim...Gamite falava levando a mão direita para agarrar o ar onde uma espécie de metralhado circular enorme começava a se formar em sua mão.O estranho de preto começava a correr em sua direção mas a metralhadora se formava antes e começava a disparar uma corrente de disparos que pareciam mais uma linha reta do que diversos disparos, devido a enorme quantidade.Conforme os primeiros iam acertando o chão enquanto ele erguia a mira no estranho, crateras circulares de meio metro de raio apareciam no chão a cada disparo que relava o chão de terra batida, grandes pedaços do mesmo voavam, assim que a mira pegava no estranho, ele nem tentava desviar. As balas batiam em seu peito deixando feridas pequenas e sem perfurar, mas para surpresa de Clover, a tatuagem em seu peito abria a boca, onde parecia se incendiar numa chama azul, uma única bola de fogo azul flutuava a direita da caveira, enquanto as mangas de seu sobretudo se rasgavam em pequenos pedaços até a altura dos cotovelos, conforme isso ocorria a velocidade dele se tornava quase sobre humana, facilmente corria a uns 60 km/h e as balas não faziam mais do que atrasar seu avanço.- Mas que merda é essa?Exclamava Gamite perante a aproximação do homem enquanto ele próprio começava a recuar.-Quero ver segurar essa então, TUNAR...Gritava Gamite, fazendo os canos de sua arma se modificarem, reduzindo em quantidade para quatro e aumentando cada um para dez centímetros de raio, logo antes de dispararem grandes balas dessa grossura contra o estranho cujos olhos arregalavam brevemente antes dele dizer num calmo e baixo.-Tunar...A velocidade do homem parecia dobrar e ele desviava das balas que acertavam o chão explodindo, Clover olhava abismado a luta, tentando entender e medir o inimigo que avançava contra Gamite agora numa velocidade muito alta.-VAMOS VER ENTÃO... MARCHA TURBO...Dizendo isso o ar ao redor de Gamite parecia pesar, os canos de sua arma se somavam em um enorme e único cano de cinquenta centímetros de raio, fazendo sua arma ficar gigantesca e disparar um enorme míssil.Sendo rápido o estranho desviava do míssil que fazia uma curva e começava a voltar, o perseguindo, a velocidade do míssil era alta e sua curva fechada tornava fugir quase impossível mesmo naquela velocidade.-Tunar...Sussurrava o estranho antes do impacto, o míssil o acertava bem no peito e o arrastava através de casas e comércios, isso antes de explodir todo um quarteirão e o arremessar voando contra o muro de concreto de uma construção, o qual ele atravessou de cabeça como se fosse um boneco arremessado por um bebê furioso.-Ora ora, tenho que dizer Gamite, não fosse por danificar metade da minha cidade, eu até aplaudiria.Um som começa a ser ouvido por entre a poeira e fumaça ao longe, um som estranho, parecido com um motor acelerando, conforme o som aumentava a poeira ia abaixando, até que pode ser visto, o estranho estava de pé, sua caveira estava toda em chamas, a esfera de chamas havia sumido e uma chama azulada acima dela corria da direita para a esquerda em um semicírculo ao redor da caveira acompanhando o som, imitando o conta-giros de um motor. O estranho expelia uma espécie de vento que saía de seus poros, as quais corriam pelo casaco vazando pela gola, mangas e parte de baixo, fazendo o som. Feridas graves pareciam estar se fechando muito rapidamente pelo corpo e então o homem falava.-A primeira forma, alta cadência de tiros, baixo dano, muita quantidade, baixa mobilidade e baixa resistência corporal, já segunda forma, sacrificou cadência e quantidade por dano, imagino quanta cadência você sacrificou para esse dano todo na terceira forma... Tunar...O som de motor rugiu e se aproximou, facilmente a corrida foi a uns 150 km/h, o chute que Gamite tomou na cara obviamente era muito mais rápido que ele jamais desviaria naquele momento, assim como o fato de ele não atirar mais, provava que ainda tinha que recarregar aquele tiro. O bandido teria saindo voando com a força, mas o estranho flamejante o agarrou pelo pé e o jogou contra o chão com tamanha força que uma cratera se abriu arremessando pedaços de chão no ar que ao caírem sepultaram o chuva de balas em uma poça de sangue.O som de motor reduzia aos poucos, a manga da roupa se refazia, a caveira da tatuagem se apagava e fechava a boca, toda a aura de poder do estranho sumia.-Muito interessante, matou o Gamite, mas o tanto que apanhou e teve dificuldade para essa luta, você tinha o mesmo nível de poder dele, ou seja, é apenas um mísero primeira marcha, HAHAHAHAHA.Clover ria alto e olhava para os escravos que ainda assistiam.-ESSE É O SALVADOR DE VOCÊS??? NÃO SABEM MEU PODER? MINHA HABILIDADE? EU VOU MATAR ELE E POR VOCÊS TODOS PARA SEREM TORTURADOS POR UMA SEMANA SEM FIM...Alicia se encolheu segurando o braço de Dan que observava tudo confuso.-Você viu isso? Não faz sentido...Alicia parecia não entender O que Dan queria dizer com aquilo.-O quê que não faz sentido? Um primeira marcha não vai conseguir ter chance contra um segunda marcha como o Clover, pela dificuldade que foi a luta com Gamite, aquele cara só pode ser primeira marcha.-Sim a luta foi muito próxima para ele ser segunda marcha, mas ele nunca nem tirou as mãos dos bolsos apesar da luta apertada...-É mas ainda assim, mesmo com as mãos nos bolsos, ele usou o tunar e teve muitas dificuldades para ser segunda marcha, o cara no entanto liquidou com os tripulantes do areno-trem, meus pais sabem dirigir aquilo e vão levar os escravos para longe daqui antes que o Clover mate ele. Talvez de pra chegar em Libertad. Vamos.Ryan estava ali os chamando e se podia ver os pais dele e outros escravos se cutucando e saindo de fininho para Clover não notar. Alicia se movia para sair com Ryan, mas Dan estava imóvel, ele lembrava do rosto do estranho desde que o conheceu, toda sua calma irritante, se todos sabiam da diferença de poder sem serem turbinados, ele como sendo um, saberia ainda mais, porém ele estava calmo, nenhuma diferença no semblante .Dan assentiu pensativo e saiu com seus amigos levando todos para o areno-trem.------------------ Com a movimentação dos escravos fugitivos acontecendo, rapidamente Clover percebeu que estavam saindo dali de perto e foi fazer algo sobre isso, mas foi interrompido pelo estranho de sobretudo preto.-A alguns meses eu fui a Libertád, cidade perigosa, grande, ainda era apenas um mercenário solo, sem muitos trabalhos, uma garotinha pequena de uns sete anos se aproximou de mim e me pediu para ser contratado para salvar o gato dela que tinha ficado com a cabeça presa numa grade muito pequena para ele, de pagamento ela me ofereceu uma bala...O homem com um semblante agora mais sério do que em qualquer momento antes, tirava a mão esquerda do bolso, mostrando uma bala.-Ela era só uma pirralha de rua, essa bala era provavelmente tudo que tinha, mas em sua inocência ela achava que a importância que ela dava para a bala era a mesma que eu daria... Seis meses se passaram, eu já com uma organização formada, voltei a Libertád e a mesma menina me procurou, não por causa do gatinho, ela me disse que um homem mal a atacou num beco a noite, a tocou e fez... "Coisas"...O estranho mordia o lábio, enquanto falava com Clover, claramente perdendo a calma, suas pálpebras pareciam tremer, como se tentassem espremer um tanque vazio.-Ela tirou a mãozinha pequena do bolso e tinha uma quantidade enorme de dinheiro... Ela vendeu o corpo para a indústria farmacêutica testar drogas nela... E me pediu para matar aquele homem...Ele tirava a mão direita do bolso e mostrava um punhado de notas amassadas com manchas de sangue seco.-...Sim, ela estava tão mal com a quantidade de testes que cuspia sangue a cada frase, ainda assim ela me contou cada detalhe... CADA... MALDITO... DETALHE... Você não apenas acabou por matar ela... VOCÊ MATOU SUA INOCÊNCIA PRIMEIRO...Clover riu, um riso sarcástico e disse:-Ora mercenário, PARE DE FALAR GROSSO COMIGO... Eu já saquei a tua... Vou te contar como você vai morrer hoje...---------------------------------------------------No areno-trem os últimos escravos entravam e ele já começava a ligar, mas Dan não entrava e começava a sair dali.-Ei Dan... O que você vai fazer maluco.Alicia segurou a mão de Dan e o puxou para a olhar no olho enquanto ela olhava para ele preocupada, assustada, um olhar que ele nunca viu nela, nunca esperou ver.-Alicia aquele cara tem alguma carta na manga, talvez se eu conseguir ajudar ele possa sair vivo, também não acho justo um estranho que nem sabemos o nome ser o único a dar tudo de si pela fuga dos nossos.Ele tentou sair sem usar a força, mas ela o segurou mais forte.-Estamos saindo desse pesadelo finalmente, o trem vai pra Libertád, se você ficar vai morrer, entende isso... Não quero te perder, não logo agora..Dan observava os olhos acinzentados de Alicia em sua face cor de bombom e se aproximava, ambos pareciam um tanto inseguros mas seus lábios se tocavam. O rapaz tocava a mão no rosto dela e dizia:-Eu prometo que estarei lá, mas é errado não fazer nada...Ainda contrariada, ela aliviava as expressões, quase aceitando que era uma vontade do rapaz, mas não sem antes falar mais algo para tentar mudar sua opinião.-O que um homem comum pode fazer na luta entre dois monstros?O jovem pálido e magricela, abriu um tímido sorriso e disse:- O que é certo...Com dor eles soltavam a mão um do outro e Alicia observava Dan correr com a porta se fechando atrás dele, logo antes daquela enorme máquina sair escavando as areias rumo a Libertád.O jovem Dan se despediu e correu como se fosse a última vez, mas não queria que fosse, ele teria que dar seu melhor para ajudar sem se expor, o que fazer? Talvez se ele pegasse a arma turbinada do capataz para atirar no Clover?Conforme ele pensava isso o bar feito de pedras e barro a sua direita explodiu ao ser atravessado por Clover que estava voando descontrolado arremessado por quem o perseguia, o estranho que agora tinha toda as duas mangas destruídas até os ombros e duas orbes de fogo azulado ao redor de sua caveira boquiaberta na tatuagem.O homem vestido de preto pegava Clover pela perna ainda no ar, o jogava por cima de si no chão, dava um soco no rosto dele que abria uma cratera de uns dois metros na terra abaixo do oponente.Vendo o rapaz ainda ali, o homem acenava para que ele se escondesse, afinal Clover podia matar com um simples olhar, se arrastando Dan se escondia atrás de um prédio de madeira, que não fazia ele se sentir muito bem escondido após a última cena que ainda o mantinha de coração acelerado.-Mercenário, como você é cheio de surpresas, não imaginei que você demonstraria ser um segunda marcha assim que eu usasse meu olhar da morte em você, mas com isso eu li completamente o seu truque, não te bati mais depois... 3...2...1...Conforme a contagem de Clover se acabava, a caveira no peito do mercenário voltava ao normal, assim como sua roupa.-...Hahahaha Que interessante, uma habilidade poderosa e simples diria eu, quando te batem com algo, seu poder gera poder igual ao que usaram em você, provavelmente você joga sua própria vida na fornalha por isso e ai para baratear um pouco esse poder todo, você tem uma limitação de que precisa apanhar primeiro para se igualar, bem simples, muito poderosa, isso se eu quiser te matar, posso apenas te amarrar ou te ignorar, já que sem estar recebendo ataques, você não é um incômodo.Ainda impassivo, os olhos do mercenário corriam pela cidade vazia.-Todos fugiram, garoto?-Sim... Só fiquei eu para tentar ajudar, as pessoas livres foram com seus carros, os escravos pegaram outras máquinas para fugir, apenas eu fiquei para te ajudar.Clover parecia incrédulo com a fala e começava a andar rumo a voz do garoto.-Ajudar ele? Você? Que audá...-Shhhh...O mercenário cortava a fala de Clover.-Ele acabou de te condenar simplesmente por me dar essa informação, pois você leu errado meu poder... Ele não é um esteróide baseado em dano, ele é um limitador, meu poder é mais alto e ele me restringe ao seu nível medíocre para eu não obliterar com o seu rabo num único chute, porém se eu realmente quiser te matar, posso forçar a tranca do poder o suficiente para sair a força que preciso sem receber dano... Meu nome é Ragna... Ragna Rok... Líder da Octagon e se não ficou bem claro para você, eu odeio escravagistas e odeio ainda mais pedófilos. Falando isso a caveira de Ragna abria a boca novamente, duas esferas flutuavam sobre ela, suas mangas se desfizeram e ele estava pronto pra atacar, a cara de Clover se contorcia em surpresa.-Blefe, tem algum truque ai, não importa o ataque que mande, eu vou ver e desviar e ai seu poder vai desativar pois não foi atacado... TUNAR...Ragna chutou o ar na horizontal e Dan ouviu o maior barulho de destruição que já ouviu na vida, em seguida, o mercenário colocou a mão no bolso e suas mangas voltaram ao normal conforme sua caveira fechava a boca e apagava. O jovem aos poucos colocou a cara para ver o que ocorria e se assustou com a cena, metade da cidade havia virado entulho e uma mancha de sangue esparramada no chão onde Clover antes estava.-O quê? Ele... Ele não conseguiu se defender?-Ele não se defendeu garoto, ele não viu o ataque...-Eu já vi turbinados se defenderem de ataques invisíveis...Ragna sorria de canto da boca.-Não... Você viu eles se defenderem de ataques que VOCÊ não via... Seres humanos normais, não enxergam a energia, mas nós sim, por isso muitas coisas das habilidades para vocês é... "Invisível"... Mas em combates entre pessoas assim, normalmente tudo tem cores e formas, se acostuma a se ver tudo, mas com muito treino e usando a enorme força das marchas, você pode golpear o ar tão forte que ele forma um vento poderoso, com força de impacto e até de corte... Eu chamo de golpe fantasma, é meio que uma especialidade minha. Dan parecia confuso e andava atrás de Ragna que ainda andava muito vagarosamente perto dele.-Tá, você é forte, ok e chutou de forma que o vento da tua perna apagou meia cidade e como não tinha nenhum poder no vento, ele não é visível... Por que todo mundo não faz isso então...Ragna respirava fundo enquanto revirava algumas pilhas de destroços e via uma caixa registradora onde ele pegava o dinheiro que tinha nela.-Por que não é fácil, Sherlock... Agora me diz, você sabe onde ficava o cofre do Clover?Dan levava as mão a cabeça, era pouca informação dada muito lentamente por Ragna, sua calma como sempre era irritante.-Não não sei onde ele mantinha um cofre, mas eu tenho que procurar um carro funcionando para ir pra Libertád, encontrar meus amigos.Ragna já estava em outros destroços quando respondia calmamente.-De boa, te levo de areno-trem, ainda vai chegar antes deles.Dan dava uma arregalada nos olhos e abaixava um pouco o tom de voz.-Então...Dan explicava a fuga dos escravos com o maquinário e o grito de Ragna era ouvido de longe na cidade agora fantasma.-O QUÊ?Ele corria até a estação com Dan no encalço dele, o qual tentava dar o motivo da situação.-É que todos acharam que você ia perder a luta e de carros simples ainda seriamos pegos pelo Clover...Ragna ouviu isso.-Mas... Meu deus... Você acha que eu comprei aquela porra e vim numa boa? Como você acha que eu peguei o trem? E o que você acha que vão fazer quando pegarem ele, o que acredite... Estão procurando muito...O garoto ia começando a pensar na situação e nas possibilidades e começava a se desesperar.-Precisamos ir atrás deles e salvar todos...O homem de roupas pretas apertava os lábios e aproximava seu rosto do de Dan.-Vamos aproximar como? Tem algum carro turbinado na cidade?-Não...-Você é turbinado focado em velocidade?-Não...-Então a viagem daqui para Libertád leva sete dias de carro comum, porém eles não vão chegar lá, vão ser parados no meio do deserto e não vamos conseguir passar pelo deserto com um carro comum...Dan parecia lembrar de algo e apontando para Ragna começava a correr e gritar para ele...-A MOTO DO CLOVER... ELE COMPROU NOVA... ERA MUITO VELOZ E PASSAVA PELO DESERTO.Pulando por entre os destroços atrás de Dan, Ragna parecia ter esperanças.-Porra moleque, ai sim, poderia ter lembrado disso antes.Eles vasculharam os destroços por uns dez minutos até o Dan erguer uma placa de madeira de cima de uma grande e bela moto futurística, que tirou toda a esperança do rosto do Ragna que passava a mão em seus cabelos.-É uma moto auto motora garoto, o motor é você mesmo, precisa de um turbinado dirigindo.Dan confuso, olhava para Ragna sem entender.-Sim, você é turbinado e me leva na garupa...Com as mãos na cintura e olhando pro chão, Ragna pensava enquanto respondia.-Garoto, minha habilidade sela minha energia a menos que eu apanhe de um turbinado ou esteja lutando com alguém que eu queira MUITO matar... Nada disso vai ocorrer enquanto dirijo a moto, ela não vai nem ligar, precisaríamos de outro pra ser motor.Ragna passava seu indicador da mão direita na tatuagem em seu peito e dizia:-Preciso de ajuda no deserto de Typu...Alguns segundos de silêncio fizeram Dan perder a paciência.-ENTÃO COMO VAMOS SALVAR MEUS AMIGOS????E então uma voz feminina e sedutora emanou do peito de Ragna.-Ora ora capitão, o tal Clover foi muito para você? Estranho...-Muito engraçado Quiina, mas não, enquanto eu lutava, os escravos tiveram a brilhante ideia de fugirem no areno que eu roubei pra chegar aqui, não tem nenhum veículo decente na cidade tirando uma moto automotora.-Hmmm... Estamos em nossa maioria no Qg, levaria um dia ou mais para chegarmos em Typu, seria tarde demais e o Calisto está em Hairona numa missão, mesmo ele levaria uma semana para chegar ai devido as cordilheiras.Ragna esfregava as têmporas pensativo, quando uma nova voz masculina saía da tatuagem.-Hein chefe, o corpo de um turbo ainda emana energia um tempo após a morte, amarra o corpo desse prego na moto e usa ele de bateria para se aproximar do areno...-Então...-O cara virou purê...-Basicamente...-Ai a sorte está muito ruim para esses escravos.-Não há nada que possa ser feito?Já desesperado ouvindo a conversa, Dan se aproximava e falava com a tatuagem ele mesmo. Uns segundos de silêncio se passavam e então a voz feminina voltava.-Quem é você, figura?-Sou Dan, sou um dos escravos, fiquei para trás para ajudar...-O quanto você quer ajudar garoto?-Faço o que for preciso...-Ohhh é uma menina não é? Ou um garoto? Mas você gosta de alguém no trem, então talvez se você...-QUIINA...Ragna cortava a fala da moça e Dan ficava indignado.-A moça ia me falar como ajudar...-Ela ia falar para você se matar de forma a eu usar seu corpo como bateria para a moto... normalmente para virar turbo, você precisa de anos de treinamento e contato com energia, mas se tiver um contato íntimo com um turbinado, como por exemplo beber uma gota de sangue, você recebe tanta energia de uma única vez que destrava seu motor... Mas isso te joga numa dor absurda por horas e a chance de morrer no processo é de 70% e ainda assim não é certeza que chegaríamos a tempo, não dá pra saber o exato momento que seriam parados e qual seria a abordagem da patrulha que os pegar, você poderia se matar à toa...Dan olhava ao redor pensativo, respirando fundo, lembrando dos olhos de Alicia.-Faça...Ragna ia falar algo, mas Dan o impedia...-FAÇA...Percebendo a decisão no tom de voz do garoto, Ragna apontou para a moto.-Sobe nela...O garoto fez como foi dito e o homem colocou umas peças em suas pernas que tinham cabos que iam pro motor da moto, então ele pegou umas correntes e amarrou o rapaz na moto.-Pra que isso? Não vou correr...Ragna parecia sério e preocupado ao ouvir Dan, uma expressão nova em seu rosto.-Você vai ter espasmos, isso vai impedir que você caía devido a dor e vai te manter como motor da moto mesmo depois que morrer...Dan ouvindo isso, respondia meio baixo pela tensão.-Você realmente acha que eu vou morrer né?-Não é questão de achar, isso tem altas chances de morte, não estamos numa história para criancinhas nas quais você vai passar por algo que geral morre e virar um cara foda super forte, você vai morrer e eu vou ter que largar seu corpo no deserto para os animais comerem...Ragna falava isso pegando um caco de metal do chão e cortando de leve sua pele do braço esquerdo enquanto sentava atrás de Dan e colocava o metal com seu sangue na frente de sua cara.-Lambe...Indignado, Dan reclamou:-Podia pelo menos me dar para eu lamber mais de perto né.-Quer se matar tenha a decência de fazer isso sozinho, não me force a te ajudar nisso...Dan então esticou o pescoço e a língua colocando o sangue em seu alcance e dando uma lambida, o gosto era como o de uma bala efervescente com sabor de sangue e parecia se espalhar pela boca para a garganta e assim pro corpo todo, a dor era absurda, era como estar deitado em brasas.-AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH...Conforme Dan gritava ele começava a ver algo sair dele, era como uma fumaça espessa ou talvez tinta na água e tinha uma cor azul claro, era lindo, mas ele não conseguia admirar aquilo através da sensação absurda de dor. A moto ligava, o som dos gritos de Dan se misturando ao do motor que Ragna acelerava logo antes de sair em velocidade máxima passando por cima de escombros e entrando direto no deserto deixando um rastro enorme de areia no ar atrás deles, o som de motor, rodas na areia e berros de Dan se misturando ao vento, até que se esticando numa pose desconfortável, Dan desmaiava, Ragnar estalava a língua infeliz com a situação.-Maldito Romeu...Com o passar dos quilômetros no entanto, Dan começou a mover os dedos, uma leve camada azul claro de energia cobriu sua pele.-Chegamos?Ouvindo a voz fraca e vendo o rapaz acordando, Ragnar que achava que ele já estaria morto, abria um sorriso enquanto cruzava o deserto de madrugada com a moto.-Saímos tem algumas horas, ainda não alcançamos o areno... Seu sortudo da peste...
You May Also Like