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Prólogo

Eles sussurravam na cidade sobre ele. Chamavam-no de besta. Chamavam-no de cruel. Chamavam-no de feio.

As pessoas se repeliam por seu rosto. Tratavam-no como se ele fosse uma doença mortal, evitando-o como a peste. Eles não ousavam falar com ele ou na frente dele, mas atrás de portas fechadas eles contavam histórias assustadoras sobre ele; algumas enviavam arrepios pela espinha, outras eram apenas absurdas e não podiam ser verdadeiras.

Os pais usavam histórias sobre ele para assustar seus filhos a fazerem o que queriam.

"Não me faça chamar a besta," eles ameaçavam.

Mas as crianças não o chamavam de besta. Elas o chamavam de 'cara de monstro'.

Outros o chamavam de Senhor das Trevas.

Lorde Rayven.

Ele vivia em um castelo escuro no topo da colina mais alta da cidade. As pessoas chamavam-no de castelo amaldiçoado. Ele havia sido abandonado por muito tempo até que Lorde Rayven chegou ao reino como o novo guarda do Rei há alguns meses. Todos ficaram chocados quando ele se mudou para o castelo abandonado.

"Um homem amaldiçoado em um castelo amaldiçoado," as pessoas sussurravam sobre ele.

Foi também após sua chegada que algumas mortes ocorreram na cidade. Todos diziam que era ele. Na verdade, tudo de ruim que aconteceu após a sua chegada era culpado nele, mas ninguém ousava confrontá-lo. Afinal, ele era um homem poderoso. Estava próximo do Rei e acusações falsas poderiam levar à morte.

Mas quanto era verdade e quanto eram apenas rumores? Ninguém realmente sabia.

Angélica olhou para o castelo sombrio. Parecia ainda mais assustador sob o céu nublado da noite. Nuvens escuras pairavam sobre a torre mais alta, bloqueando a lua e as estrelas. As nuvens pareciam fantasmas tentando afugentá-la, mas fantasmas não assustavam mais Angélica.

Humanos sim.

Ela subia a colina, os pés descalços sangrando depois da longa caminhada sobre as pedras. A dor e o frio adormeceram seus pés, mas ela ainda tinha uma longa distância a percorrer, então continuou.

O castelo parecia mais distante do que parecia ser e Angélica logo ficou cansada. Ela parou para respirar e olhou para trás para ter certeza de que ninguém a seguia. Quem ousaria segui-la até aqui à noite? Ninguém sequer suspeitaria que ela fugiu para o assustador castelo. Não era um lugar para se correr para, mas um lugar para se fugir.

Angélica perguntava-se se era sã ao fugir de monstros apenas para se esconder na toca da besta. O que a fazia pensar que o Senhor das Trevas a manteria segura ou aceitaria sua oferta? Ela deve pensar muito bem de si mesma.

Apesar dos nomes horríveis que as pessoas lhe davam, ele ainda era considerado muito mais honrado aos olhos das pessoas do que ela era. Ele era um nobre e ela... ela era a filha de um traidor, e agora ela era algo ainda pior. Ela era uma...

Balançando a cabeça, ela nem conseguia dizer a palavra.

Apertando as mãos em punhos, ela deixou a raiva motivá-la a subir o restante da colina, mas o clima estava contra sua decisão. Uma tempestade irrompeu, o vento frio empurrando-a colina abaixo com toda a sua força.

Isso era um aviso?

Um sinal do alto?

O céu respondeu com um som estrondoso e a chuva começou a cair pesadamente. Angélica hesitou, mas não tinha muita escolha. Era isto ou voltar para onde veio.

Juntando mais força e coragem, ela prosseguiu em direção ao castelo amaldiçoado. Uma vez que alcançou o topo da colina, lutando contra o vento e a chuva em sua subida, ela parou um momento para recuperar o fôlego.

Ela olhou para o castelo à sua frente. Tinha uma estrutura monumental. Erguia-se sobre ela com sua forma retangular e tinha quatro torres redondas em cada canto em alturas diferentes. As paredes eram robustas e obsidianas, e as janelas apagadas estavam espalhadas pelas paredes em um padrão simétrico.

A vasta entrada era feita de uma grande porta de madeira e tinha duas pequenas torres de cada lado. Degraus de pedra levavam à entrada.

Titubeante, Angélica caminhou em direção à porta de madeira. Ela tinha dois grandes batentes em forma de morcegos.

Estranho, ela pensou. Ela estava acostumada a ver cabeças de leão.

Com o coração acelerado, ela bateu levemente na porta e esperou no frio sob a chuva. Tremendo, ela se abraçava enquanto esperava. Quando ninguém atendeu à porta, ela bateu novamente, mais forte desta vez. Ela não suportava mais o frio.

A porta de madeira abriu-se com um som de rangido. Angélica esperava ver alguém do outro lado, mas só foi recebida pela escuridão. Ela espiou a cabeça para dentro.

"Olá!" ela chamou, sentindo-se um pouco assustada. "Tem alguém em casa?"

Sua voz ecoou na escuridão, mas ninguém respondeu. Cautelosa, ela entrou do frio e a grande porta de madeira fechou-se atrás dela com um estrondo alto.

O coração de Angélica saltou para a garganta enquanto a escuridão a envolvia.

Era provavelmente apenas o vento fechando a porta. Ela não tinha motivo para ter medo.

Ela olhou ao redor, mas não conseguia ver nada. "Tem alguém em casa?" ela repetiu, desta vez sua voz tremendo um pouco.

Novamente, ela foi recebida pelo silêncio. Poderia ser que ele não estivesse em casa? Talvez ele tivesse ido em uma viagem com o Rei. O que ela deveria fazer agora? Ela poderia ficar aqui até ele voltar? Bem, ela tinha pouca escolha. Ela não tinha para onde ir.

Com uma mão esticada, ela tentou encontrar seu caminho. Ela não sabia exatamente onde estava indo, mas precisava de um lugar para dormir até o sol nascer novamente. Mas enquanto se movia pelo chão, de repente sentiu uma presença fria atrás dela.

Apesar de não ter medo do escuro e não acreditar em fantasmas ou monstros, um arrepio percorreu sua espinha. Tremendo, ela se virou e ficou cara a cara com uma criatura do inferno.

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