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Emboscada na floresta - parte 1

Eles não foram recebidos por Sor Leo como Lymond esperava, mas sim por um cavaleiro grisalho e com costeletas enormes. Sor Lymond, o fitou com olhos semicerrados e indagou-o.

— Onde está Sor Leo? — disse ele, com cenho franzido.

O cavaleiro fez uma cara como se estivesse em apuros.

Sor Lymond olhou para Gwayne, que estava ao lado.

— Gwayne.

— Senhor, eu achei melhor deixar Sor Leo como guarda do portão do Castelo enquanto nós estávamos longe — retrucou ele.

Sor Lymond ficou em silêncio e incitou o cavalo a avançar.

Por um momento, passou pela cabeça de Sor Lymond que seu neto era daqueles fidalgos que deixavam o poder os transformar em tolos, isso era, se Sor Leo tivesse sido tirado do posto sem motivo, mas pensou que o neto fez a coisa certa.

Eles cavalgaram pela estrada principal e por onde passavam, as pessoas do vilarejo comemoravam o retorno de seu senhor.

Lady Cerella vinha saindo a porta do Castelo com um sorriso no rosto, ficou parada na escadaria acenando.

Gwayne desmontou e subiu as escadarias removendo as luvas.

— O que fez vocês demorarem tanto? — disse ela, cruzando os braços.

Septa Lorren apareceu atrás dela, e o reverenciou de forma doce.

— Os rios transbordaram impedindo nossa passagem. — disse ele, a abraçando.

Então, se juntou para olhar o avô subindo as escadas.

— Está lento, vovô. — disse Cerella.

Ele bufou.

— Não é porque vocês cresceram que eu irei tolerar jovens malcriados, lembrem-se disso. — disse ele, então sorriu para ela.

— Aconteceu algo que eu deveria saber enquanto estive fora? — disse ele, a olhando, depois virou para Gwayne com olhos semicerrados. — espero não ter nenhuma surpresa. — disse por fim.

— Apenas um bêbado causando confusão no vilarejo, mas os soldados resolveram isso rapidamente. — disse Cerella, orgulhosa de si mesma.

Meistre Caster reverenciou-lhes da porta, no pátio os cavaleiros estavam levando os cavalos para os estábulos. Só sobrando a carroça com as coisas da viagem e o Will e seus filhos. Que pareciam deslocados.

Gwayne sorriu para eles e fez sinal para eles aguardarem.

Ele chamou o intendente e disse para ele arranjar uma casa para os novos moradores do vilarejo. — apontou para eles.

— e chame os servos, minha armadura está na carroça, diga para levarem ela para dentro.

— Com sua permissão, Senhor, irei alocar eles na estalagem do vilarejo até ser construída uma nova casa — disse o intendente a Sor Lymond.

— Não precisa, tem algumas casas vagas ainda no vilarejo, coloque-os em uma delas e devem ficar bem.

Ele assentiu e desceu para cuidar disso.

— Senhor, chegou um corvo de Rochedo Casterly e outro de Lorde Sarsfield — disse ele, puxando um papel do bolso de seu manto. — notícias urgentes, meu senhor.

Cerella e Daeron notaram o rosto de Gwayne mudar ao ouvir "Lorde Sarsfield" então, se entreolharam.

Sor Lymond entrou conversando com o Meistre, e Gwayne ia os seguir, mas Cerella o puxou tentando tirar-lhe a atenção do assunto.

— Então, como ela era? Indagou Cerella, calorosamente o tomando pelo braço.

— Uma bela senhora. — disse ele, com um sorriso frio no rosto. — Cyre, conversaremos sobre depois.

Gwayne se desvencilhou dela e foi atrás de Sor Lymond e da carta.

Cerella fez um rosto incomodado.

— Isso não vai acabar bem. — disse ela, olhando para Daeron.

— Achou ela... Bela? — Cerella estava com olhos curiosos.

— Eh... Claro, muito.

— Uma senhora valorosa então, estou ansiosa para a conhecer. — disse Cerella, animada.

Gwayne encontrou o avô lendo a carta, Meistre Caster e Sor Patrick estavam ao seu lado.

— Guerra. — disse o avô, com frieza na voz. — ela finalmente chegou, Sor Jaime está reunindo um exército em Casterly.

— Como chegou a isso? — indagou Gwayne.

Sor Lymond entregou a carta para ele, que passou os olhos rapidamente.

"Defender a honra da casa Lannister... Senhora Stark e seus apoiadores nas terras fluviais tomaram Tyrion Lannister..."

— O Duende foi capturado pela Senhora Stark e ele convoca os vassalos. — terminou Sor Lymond.

— Sabe o que fazer. — disse Sor Lymond olhando para Sor Patrick, que saiu logo após isso.

— Quais os planos, senhor?

— Ele vai recrutar os jovens no vilarejo, e também os homens capazes de empunhar uma espada. — retrucou Sor Lymond.

— Isso é necessário?

— Não é para a guerra dos Lannister — disse Sor Lymond bruscamente. — isso é para nossa defesa aqui em ForteOrgulho, esses homens não vão morrer pelos Lannister.

Cerella entrou na sala.

— O que é dessa vez? — disse ela, com temor na voz.

Gwayne parecia perdido em pensamentos.

— E qual era a mensagem sobre o Lorde Sarsfield? Indagou ele a Sor Lymond, sua voz se tornou sombria.

Sor Lymond o ignorou e se levantou, indo até Cerella.

— Guerra, filha... Ela chegou. — disse ele.

Cerella estremeceu ao ouvir e foi para o lado de Gwayne.

— Então, vocês e... Daeron, todos vão partir para a guerra e me deixar sozinha? — disse com olhos chorosos.

— Você irá partir também. — disse Sor Lymond sem rodeios.

— Qual era a mensagem de Lorde Sarsfield, Meistre? Indagou Gwayne novamente de forma branda.

— Gwayne! — exclamou Cerella, mas ele não pareceu ouvir.

— Ele informou que irá passar aqui durante a ida para Rochedo Casterly, vira com seu exército e quer tratar sobre o tributo...

— Não entendo, o que tem o tributo? — disse Sor Lymond bruscamente.

O Meistre gaguejou.

— Eu enviei apenas uma parte do tributo. — disse Gwayne.

— Você o que? — Sor Lymond estava incrédulo e a fúria tomou sua voz. — Como você ousa, o que você estava pensando, o que está tramando? — indagou Sor Lymond furioso. — Saiba que se isso for uma tentativa sua de vin...

— O senhor me deixou no comando de ForteOrgulho, e como senhor eu não achei a cobrança justa e fiz o que achei melhor para a nossa casa.

— Minha casa! — gritou Sor Lymond. — seu garoto insolente, é minha cas...

— Vovô! — interrompeu Cerella. — como você pode dizer uma coisa dessas?

A sala se tornou silenciosa por um momento.

Então, Gwayne quebrou o silêncio.

— Eu não cometi nenhum erro, eu coloquei esse lugar em ordem enquanto o senhor não estava, eu paguei uma quantia justa aos desgraçados. — disse Gwayne em tom irritado. — e para onde Cerella vai? você me prometeu esperar.

— Esperar o que? — disse ela.

— Eu cometi um erro ao deixar você no comando, não irei cometer esse erro novamente, está me escutando! — trovejou Sor Lymond.

— Eu não estou pedindo sua permissão, senhor. — retrucou Gwayne com dureza na voz.

Após ouvir isso, Sor Lymond avançou contra ele, trovejando maldições no ar.

Cerella se colocou no caminho, estava com lágrimas nos olhos mas com raiva no rosto.

— Para onde o senhor planeja me enviar? — exclamou ela.

— Vamos Cyre. — falou Gwayne.

— Não! Retrucou ela.

Gwayne saiu da sala furioso, Daeron foi logo atrás. — Sor Lymond continuou gritando para ele enquanto saia.

— Ele deixou esse lugar completamente organizado e liderou os homens como poucos conseguiriam, ele me disse que conquistou a lealdade de muitos entre os cavaleiros, ele cuidou dos jovens e os deu ofícios no vilarejo...

Sor Lymond ficou em silêncio, então ela saiu da sala bufando.

Ele bateu com as mãos na mesa, fazendo um enorme estrondo.

— Deseja ficar sozinho, senhor? — indagou o Meistre.

Lymond suspirou e sentou-se.

— Não deveria ter me comportado dessa maneira, não foi uma maneira muito régia.

— Sobre o que ela estava falando, Meistre Caster? — indagou ele, logo após.

— O Jovem Senhor não deixou os soldados se tornarem preguiçosos e desleixados enquanto o senhor não estava, consertou umas partes disfuncionais no vilarejo, contratou homens para deixarem o vilarejo limpo e para ajudarem em serviços diversos, conciliou os donos de lojas e os entregou jovens para aprender seus ofícios... Ele estudou a situação financeira da casa, meu senhor.

— Ele é jovem e as vezes arrogante, mas fez um bom serviço. — terminou o Meistre.

— Não importa ele saber tudo isso, ele vive uma farsa, uma mentira que ele inventou para se proteger... Ele é inteligente, disso eu tenho certeza, sei que ele sabia que o pagamento para os Sarsfield era algo político, mas ao invés da razão ele preferiu a emoção. — Sor Lymond suspirou. — ele não esquece o que aconteceu no passado, ele não esquece o que fizeram com ele, nem o que tiraram dele. — suspirou.

— Ele tem o gênio da mãe...

— O ódio de Gwayne é sobre o que aconteceu a seis anos atrás, meu senhor?

— Eu tinha esperança que ele esquecesse tudo aquilo, mas ele não é do tipo que esquece...

Tudo começou naquele ano que precedeu a morte dos pais de Gwayne, minha filha, a mãe de Gwayne, era amiga da esposa do Gerard, lembra-se dele? — indagou Lymond.

— Um pouco senhor, minha memória está se esvaindo com a idade.

— Bem... — suspirou Lymond.

Ele era um ótimo cavaleiro, era o capitão da guarda na época e era um bom homem...

A Janne gostava tanto de sua amiga que a trouxe para servir no castelo, não tinha motivos para eu negar isso a ela.

Tudo aconteceu tão rápido, tudo se desenrolou após a visita inesperada do Lorde Sarsfield. Eu tinha visto ele poucas vezes, mas já tinha ouvido falar sobre seus gostos... e sua aparência asquerosa, naquela época ele já era gordo, acredito que isso não mudou.

Ele chegou durante a noite com apenas alguns cavaleiros e homens de armas, disse estar indo para o Rochedo e ficou conosco durante uma semana, abusando da nossa hospitalidade, Tywell incitou me a mandá-lo embora após o Lorde gordo causar uma confusão com Gerard e sua esposa, Janne me pediu a cabeça dele, e eu daria com prazer se não soubesse o que aconteceria depois. Não poderíamos sustentar uma guerra contra eles, mesmo se vencessemos, ainda seríamos massacrados como rebeldes pelos Lannister. Bom, depois de tanta hospitalidade o Lorde Sarsfield cuspiu na minha cara com um tributo extremamente alto. Isso foi mais do que eu poderia suportar, mandei o embora, claro, não da forma como eu gostaria.

Gerard renunciou ao cargo depois disso, ele me disse que eu não era um bom homem e que não fiz nada para proteger ele e sua família. Tywell desembainhou a espada e ameaçou cortar a cabeça dele por isso, mas eu aceitei os insultos e mandei ele guardar a espada. Gerard estava certo.

Eu não quis sacrificar minha casa e meus planos por eles, e irei me arrepender disso pelo resto da minha vida. No outro dia, designei Sor Patrick Hiks para o cargo, assisti Sor Gerard e sua família partirem um uma carroça. Eu me lembro do choro de Janne e do Gwayne correndo atrás da carroça conversando com a filha do Gerard. Depois disso eu entrei para dentro do castelo, Gwayne retornou horas depois com o rosto todo machucado, o sangue escorria por sua boca e seu corpo estava machucado, mas o sangue em sua roupa não era dele, ele disse que a família foi emboscada na estrada, Gerard foi morto e sua esposa abusada, Levaram a filha deles para uma carruagem esverdeada.

Eu reuni meus cavaleiros e fomos até o local, encontramos os corpos de Gerard e Mary, mas nenhum sinal da garota, mandei metade dos meus cavaleiros atrás dos homens que fizeram isso, mas não encontraram nada.

Tudo que aconteceu com eles foi minha culpa. — Lymond suspirou de forma exaustiva.

— Que história terrível — disse o Meistre. — Gwayne mencionou como ele ganhou os machucados?

— Ele não falou sobre e acredito que nunca irá falar. — disse Sor Lymond — tudo que ele disse foi "O guerreiro não desceu para nos salvar, meu pai não estava lá para me salvar."

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