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Onde Ele Chama de Lar

~ SASHA ~

O olhar em seu rosto—a pura alegria—a arrastou de volta para aquele dia em que ela se entregou a ele. A última vez que ela vira aquela expressão foi depois, quando estavam enroscados na pequena cama dela e ele a estava abraçando.

—Tana? — ela perguntou meio atônita.

Ele acenou com a cabeça, os olhos cintilando. Depois, desviou o olhar dela para escanear a magnífica montanha roxo-azulada com neve no topo, do outro lado do vale, a floresta pontilhada de neve que a fazia lembrar de uma cena de Natal, e o rio tumultuoso no chão do vale.

O lugar era deslumbrante.

E assustadoramente frio.

Foi quando ela percebeu que Zev havia trocado de roupa. Em vez da camiseta justa e jeans escuros, ele estava enrolado dos pés à cabeça em peles.

Seus olhos azul-brilhantes a observavam por baixo de um capuz de pele e quando ela olhou para baixo, viu que até os seus pés estavam em uma espécie de mocassim feito de pele animal.

Com seus olhos tão abertos e o sorriso estampado, ele parecia... selvagem.

Ele não percebeu quão desequilibrada ela se sentiu de repente, estava muito ocupado olhando ao redor, sorrindo. —Eu queria te trazer aqui há tanto tempo, Sasha. Não consigo acreditar que finalmente está acontecendo.

—Onde é aqui, exatamente? — ela perguntou hesitante.

Ele ficou tenso então e levou um minuto para trazer seu olhar de volta para ela. —É... nenhum lugar com o qual você esteja familiarizada — ele disse. —E eu não posso te dizer como chegar aqui porque você não estará segura se souber. Apenas... apenas confie em mim, estar aqui te torna tão segura quanto é possível ser no meu mundo.

Algo na maneira como ele disse aquilo ecoou em seus ouvidos.

Ela abriu a boca para perguntar o que exatamente ele queria dizer sobre o mundo dele, quando um murmurado, "Merda!" e o som de uma rocha rolando como se tivesse se desprendido e caído montanha abaixo, fizeram ambos se sobressaltarem.

Zev se virou para olhar a trilha que vinha da entrada da caverna tão rapidamente que ela nem o viu se mover, empurrando-a para trás de suas costas, um braço estendido para mantê-la atrás dele e longe da beira do penhasco. Ele se agachou, silencioso e imóvel, observando.

Sasha pôs a mão em suas costas, o coração batendo forte. Se quem quer que estivesse lá fora pudesse fazer Zev sentir medo—

—Desculpe! — a voz chamou quietamente. Uma voz profunda. Mais profunda, Sasha pensou, do que ela jamais ouvira. —Não se assuste. Sou só eu. E estou sozinho. Não sabia que vocês estavam aqui. Não estava indo a lugar nenhum! Só estava esticando as pernas!

Os ombros de Zev relaxaram e ele se ergueu, balançando a cabeça. —Yhet?

Uma cabeça apareceu por trás de uma árvore que abraçava a trilha montanha abaixo, e então uma mão que acenou.

Sasha não respirou. Algo estava errado. Aquela árvore era gigante e esse homem... tinha que ser um truque da perspectiva... a trilha descendo e a árvore crescendo—

Então o homem pisou na trilha e a boca de Sasha se escancarou.

Ele era o homem mais alto que ela já tinha visto. Tinha que ter mais de sete pés, talvez até oito. Seus olhos eram de um marrom claro agradável, quase dourados, enquanto seu cabelo que obviamente já fora castanho estava ficando grisalho. Ele o usava em queixos fartos que saíam de seu rosto como pequenas sebes, grossos e selvagens como a touceira de cabelo em sua cabeça que parecia crescer em todas as direções.

Quando ele acenou, sua mão era do tamanho de um prato de jantar. Ele deu um sorriso radiante e seus dentes, embora quadrados, eram tão grandes que ela se lembrou da vez que assistiu um cavalo bocejando.

—O que diabos... — Sasha falou baixinho.

—Zev? — o homem disse, as sobrancelhas peludas subindo alto. —Você voltou? Caramba! Zev!

Zev percorreu a curta distância pela trilha até se jogar nos braços do homem imenso e eles se abraçaram como se fossem família.

Mas Sasha se sentiu tonta.

Zev era massivo. Bem mais de seis pés de altura e largo e musculoso. Ele sempre a fazia se sentir pequena—o que ela meio que gostava. Mas esse homem...

A cabeça de Zev nem mesmo chegava ao seu ombro. E ele era tão largo—embora claramente em boa forma, seus ombros massivos afunilando até o que, para ele, deve ter sido uma cintura esbelta, embora ele ofuscasse Zev.

Os dois homens então se afastaram, bateram nos ombros um do outro, e Zev quase caiu com a força do soquinho do homem.

—É tão bom te ver, Yhet! — disse Zev, com os olhos brilhando e as bochechas apertadas em altos círculos pelo tamanho do seu sorriso.

—Você também, Zev, você também. Devo dizer, não esperava te encontrar aqui! Há quanto tempo? —

Um sombra passou por trás dos olhos de Zev, então. —Três anos — ele disse, e seu sorriso morreu. —Sinto muito, Yhet, foi—

—Ah, não se preocupe, não se preocupe — disse o homem mais velho e massivo, acenando com sua mão enorme como se espantasse uma mosca. —Só não diga aos outros que eu estava aqui. Não estava indo a lugar nenhum! Só estava caminhando.

Zev lançou ao homem um olhar, mas seu sorriso voltou enquanto balançava a cabeça. —Bom, seja lá como for, Yhet, é realmente muito bom te ver, cara.

—Você também, você também. E... e quem é sua amiga? — Yhet perguntou, finalmente voltando seus olhos dourados para Sasha, cujo estômago se retorceu de medo quando o homem enorme se aproximou, a examinando de cima a baixo. Então suas narinas se alargaram e seu sorriso desapareceu. —Zev... Você trouxe um humano?

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