~ ZEV ~
Sasha assentiu para ele, o rosto pálido e os olhos levemente vidrados. Merda. Ela não estava apenas assustada, ela estava em choque.
Com outro xingamento murmurado, ele se levantou e saiu do assento do motorista, engatinhando sobre o banco até o fundo da van.
Os olhos dela se arregalaram e ele percebeu que provavelmente havia feito aquilo com muita agilidade. Mas esperava que ela atribuísse isso ao próprio choque.
Elas ainda estava sentada no assento auxiliar, ainda presa pelo cinto de segurança, mas os olhos dela acompanhavam cada movimento que ele fazia. Então, ele se agachou no chão da van, colocando-se numa posição mais baixa que ela, e falou calmamente e calmamente enquanto desafivelava o cinto de segurança dela e segurava para que retornasse devagar e não fizesse aquele barulho de batida. Ela já estava à beira. Ele não precisava assustá-la.
"Então, aqui está o que vamos fazer: Vamos entrar e pegar uma bolsa com suas coisas. Não muita coisa, só o suficiente para você aguentar alguns dias. Mas as roupas, elas precisam ser confortáveis e resistentes. Apenas um par de jeans. Leggings e Roupas de esqui são melhores se você tiver - coisas que vão manter você seca e aquecida na neve. Você não vai precisar de maquiagem ou nada do tipo. E não traga identificação. Nenhuma carteira. Nada que possa te identificar para outra pessoa, tá bom? Além disso, você vai precisar deixar seu telefone aqui."
"O quê?! Por quê?"
Ele passou a mão pelo cabelo enquanto ela se afastava dele no assento. "Porque as pessoas de quem estamos fugindo vão conseguir rastreá-lo," ele disse honestamente. "A melhor chance que temos de escapar delas é não deixar trilha. Nenhuma maneira de rastrear você. Nenhum identificador."
Ela o encarou, a testa franzida em linhas. "Zev... por quê?"
Ele pôs a mão no rosto dela e sentiu a pele dela arrepiar, o cheiro de alegria e desejo se misturando ao seu aroma, e seu coração disparou. "Porque as pessoas com quem eu convivo são perigosas, Sash. E eles querem saber por que eu não consegui te deixar em paz por cinco anos. E por que eu apareci para te seguir hoje à noite. E por que eu te escondi deles. Me desculpa. Isso é culpa minha. Eles estão atrás de você agora por minha causa, mas você tem que saber, eu nunca quis isso. É por isso que eu te evitei todo esse tempo."
Ela estudou o olhar dele e quando ela falou, foi com uma voz quebrada e estrangulada. "Zev... você... você está na máfia ou algo assim?"
Ele soltou uma risada abafada e se controlou. "Não," ele disse, enfaticamente. "Isso é muito maior do que isso."
"O que pode ser maior—?"
"Confie em mim, Sash, você está mais segura se não souber. Mas aqui está a coisa que você precisa saber: eu nunca quis ir embora. Nunca escolhi isso. E nunca parei de cuidar de você. Sempre." Ele nunca a havia dominado antes — nunca quis quebrar a vontade dela. Nunca quis que ela lhe desse algo que ela não escolhesse por si mesma. Mas ele se permitiu sentir o peso daquelas palavras, sentir a verdade delas, deixá-las ecoar em suas costelas e fluir em suas veias. Deixar ela sentir a força e a certeza nele. Ela precisava saber.
Ela precisava lembrar que podia confiar nele.
Os olhos dela piscaram algumas vezes e a mão dela tremeu como se ela fosse tocá-lo. Uma dor floresceu em seu peito quando ela resistiu.
Ele teve que se lembrar que ela não sabia que ele havia estado tão perto por tanto tempo. Ela não sabia por que ele a havia deixado sozinha, que ele tinha protegido ela, mesmo então.
"Você acredita em mim?" ele perguntou, finalmente quando ela não respondeu.
Ela assentiu lentamente. "Só não tenho certeza se deveria," ela sussurrou, os olhos ardendo com medo e esperança e uma tempestade de emoções que ele não conseguia desvendar no cheiro dela.
"Você me conhece, Sash," ele sussurrou uma verdade que ele não havia dito a nenhuma outra alma viva. "Você é a única que já conheceu o verdadeiro eu. Confie nisso."
Ao contrário do que ele esperava, ela franziu a testa e recuou, empurrando-se mais para o fundo do assento. "Não posso confiar em nada que você diz," ela disse simplesmente. "Você mentiu para mim."
"Não, eu nunca menti, eu estava—"
"Você me disse que vinha me buscar. Depois você foi embora e nunca voltou. Eu esperei por você, Zev. Por cinco malditos anos eu esperei e agora você aparece e quase mata um homem na minha frente e você me diz confie em você?!"
Ela estava começando a tremer. Se ele não lidasse com isso com cuidado, ela ia quebrar.
"Não," ele disse, sua voz baixa e áspera. "Estou dizendo para confiar no Zev que você conhecia. E me assista. Porque você verá, eu ainda sou ele. Eu prometo."
"E se você estiver mentindo?" ela disse com uma vozinha.
Era um risco. Eles precisavam se mover, e ele precisava deixá-la clara sobre como eles iriam fazer isso. Mas ele estendeu a mão para ela, traçou seu cabelo da têmpora até atrás da orelha. Ela fechou os olhos e mordeu o lábio quando ele a tocou.
Apenas aquele pequeno momento, aquele pequeno toque... ela era como uma droga em seu sistema. Seu coração batia forte, mais rápido do que ele poderia correr. Sua pele pulsava com isso. Nada mais fazia isso com ele. Ele era frio como uma máquina. Ele tinha sido forçado a pensar como uma máquina. Ser intocável.
Mas ela o tocava, profundamente. Todas as vezes.
Havia algo entre eles que desafiava a explicação. Ele não sabia como, ou por que tinha acontecido, embora tivesse algumas suspeitas. Ele não sabia como era possível uma criatura sem alma como ele poder sentir tanto. Mas ela fazia isso com ele, ela sempre fez.
E ele daria qualquer coisa para mantê-la segura.
Qualquer coisa.
Até ele mesmo.