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CAPÍTULO 35 - DESFILE DE FANTASIA

Caminhando em passos lentos, Luna e Uzur chegaram ao cruzamento que dava acesso à via principal do país dos grandes muros.

Percebendo a grande movimentação que começava a partir da divisão de ruas, Luna fechou sua expressão, levantando a cabeça para o alto.

— Eu ainda não tinha pensado muito sobre isso mas, aqui não tem nenhum tipo de carruagem ou transporte?

— Eu não sei, infelizmente não tive nenhuma janela em todo esse tempo.

— Me perdoe por isso, a memória nunca foi meu forte.

Sorrindo de forma envergonhada, Luna bateu levemente em sua nuca enquanto levava sua mão para trás da cabeça. 

Rapidamente, ela convenceu o homem que a acompanhava a sorrir com ela e ignorar suas memórias de dor. 

— Você é bem animada, garota.

— Vocês todos de vila tem essa mania de não chamar as pessoas pelo nome mesmo sabendo o nome delas?

— Cale a boca, garota!

Discutindo em alto tom, os dois caminharam em linha reta pela via principal, indo em direção aos prédios políticos da cidade. 

Uma grande multidão de pessoas fantasiadas os seguia, enquanto eles também seguiam outro bloco de pessoas vestidas de formas exóticas e incomuns.

— Você não sabe nada sobre mim e também–

— Cala a boca! — Luna socou levemente o rosto de Uzur, impedindo que ele pudesse terminar sua fala.

O olhar da garota estava focado em algo que estava no bloco de pessoas à sua frente. Era uma fantasia diferente de todas as outras, usada por uma garota que se adiantou sobre o grupo de pessoas, os fazendo parar de andar.

— Ouçam todos! — Gritou a garota de roupas marrons que simulavam marcas de guerra. 

— O que ela quer fazer?

— Acho que isso faz parte do show, apenas aprecie de boca fechada, Uzur. 

Recebendo a atenção do grupo que estava à frente, esperou que todos do segundo grupo pudessem se juntar para formar uma única multidão, a qual prestava atenção em cada uma de suas ações.

— Meu nome é "mais forte" e eu declaro ruína sobre essa cidade.

Abrindo os olhos de forma evidente, Luna se paralisou após ouvir a fala confiante da garota que conduzia todo o povo a temer.

— Uzur, você… — Surpresa, Luna não pôde terminar sua fala enquanto olhava para o lado. — Onde foi parar esse idiota! 

Ao perceber que Uzur não estava mais em seu lado, Luna correu por entre a multidão enquanto buscava encontrar o velho homem que emanava energia de sobra. 

A garota à frente da multidão permanecia falando enquanto balançava seus braços para o alto em ato de vanglória. 

— Todos vocês estarão em risco durante os próximos dois dias. Eu declaro calamidade! 

— Aeee! 

Balançando os braços para o céu enquanto gritava palavras fortes, a garota foi fortemente aplaudida por toda a multidão, a qual admirava a interpretação da fantasia da garota, que interpretava naquele momento a lenda "o mais forte".

Em meio a sua corrida pela multidão, Luna percebeu o que se passava sobre a mente de Uzur, o qual ainda não estava em seu campo de visão.

— Que droga velho idiota, isso é uma fantasia!

Gritando em meio as pessoas, Luna fez abrir espaço para que pudesse correr o mais rápido que podia para fora da multidão. Sem levantar a cabeça enquanto corria, Luna encarou o chão por todo o momento até que pudesse ver as sandálias marrons da garota destacada da multidão.

— Você está a salvo, eu vou– — Levantando a cabeça, Luna não viu a garota, mas sim, um homem vestido com roupas de soldado.

— Olá, Luna

Segurando o ombro da garota de cabelos negros, o homem vestido com roupas de soldado a chutou na barriga, a fazendo sofrer todo o impacto sem que seu corpo se movesse.

— …

— Aeeeee!! 

Logo, toda a multidão ao redor gritou euforicamente pela apresentação que viam acontecer diante de seus olhos. Todos contemplavam com olhares concentrados e até mesmo a garota que antes era o destaque correu para assistir em meio a multidão.

— Está vendo, somos famosos

Segurando o pescoço de Luna, o homem a levantou usando apenas uma de suas mãos, lançando novamente sobre o chão de pedra gasta, fazendo Luna sangrar pelo canto de sua boca.

— …

— Aeee!! 

Novamente, alguém em meio a multidão foi o primeiro a gritar, trazendo todos ao redor para o mesmo sentimento. A princípio, todos estavam preocupados e inseguros, porém bastava que um deles gritasse para que todos fossem consumidos pelo espírito da festa.

Percebendo a aclamação que surgia da multidão, o homem vestido de soldado levantou Luna pelas pernas, a batendo de costas no chão de pedra. 

— Eu sou Mexy, e garanto a segurança de todos vocês! 

— …

Após lançar a garota contra o chão, o homem chamado de Mexy levantou seus braços para que pudesse receber novamente os gritos da multidão, porém, todos estavam assustados de forma diferente de todas as vezes anteriores.

Os olhares inseguros e temerosos cobriam o ambiente que deixou de ter brilho e pareceu se encher somente de angústia. A festa parecia ter acabado para todos que estavam naquele local, porém…

— Aeee!! 

Um dos homens da multidão gritou sozinho. Era o mesmo que havia feito das últimas duas vezes, não sendo acompanhado por ninguém nesta tentativa. 

Percebendo sua solidão, ele andou para sair da multidão e se mostrou para todos como um soldado vestindo as mesmas vestimentas do homem que batia na garota de cabelo negro. 

— Parabéns, esse show está magnífico! — Batendo palmas de forma ele, sorriu enquanto gesticulava exageradamente. 

No chão, Luna parecia inconsciente enquanto manchava o chão com o sangue de sua boca.

— Ouçam com atenção.

Parando de sorrir, o homem que caminhava para perto de Mexy fez suas palmas se tornarem uma forma de chamar a atenção de todos, que pararam imediatamente para ouvir suas palavras.

— Nos desculpamos do fundo de nossa alma por esse desentendimento. Não queremos em hipótese alguma atrapalhar a festa de vocês. Festejem enquanto trabalhamos! 

Levantando as mãos para o ar, conduziu toda a multidão a gritar assim como todas as vezes. Era como se cada um deles esquecesse individualmente do que tinham visto acontecer a pouco. 

Logo, todos viraram suas costas para os soldados, saindo para festejar na direção contrária.

— Ótimo, Mexy.

Se virando para trás, o homem de cabelo grisalho percebeu algo que surgiu rapidamente em direção de seu rosto. Lançando o corpo para o canto da rua, desviou do soco da garota de cabelo negro que já havia se levantado.

— Você é rápido.

— Ha, você se levantou mais rápido do que eu imaginava. Prazer, meu nome é Rony.

Se pondo imediatamente em posição de ataque, Rony esperou que Luna desse o primeiro passo para avançar. 

— Você vai morrer junto de seu amigo!

Mexy, citado por Luna, estava paralisado por meio de uma das magias de Luna que decidiu focar suas forças primeiramente no homem que havia chegado a pouco.

Partindo em sua direção, Luna balançou seu braço, lançando ventos negros em direção de todo o corpo de Rony

   • • • • •

— Ai! Que merda! 

Uzur forçou sua voz para transmitir suas palavras de dor. Sua testa sangrava e todo o sangue quente e pulsante se espalhava externamente em todo o seu corpo. Toda sua aparência estava roubada por um cenário de terror.

Ele estava em um beco escuro próximo a via principal, porém não tinha forças suficientes para caminhar até seu destino. 

— Você é sinceramente mais resistente que a maioria dos que eu enfrentei antes. 

Antes que pudesse tirar a expressão desesperada de seu rosto, ouviu uma voz surgir de suas costas. Ele conhecia aquela voz e não queria ouvi-la novamente naquele momento.

— Você ainda está aqui?!

— Você foi esperto, mas não forte o suficiente.

Uma garota surgiu do outro lado do beco e caminhou em passos lentos em direção a Uzur, que não podia se mover rápido por sua limitação física.

Aquela garota era uma das pessoas que estava em meio ao desfile e, durante a apresentação destacada, sequestrou Uzur que havia se adiantado a correr em direção ao centro da apresentação.

— Você caiu como um animal em uma gaiola. Ouvir apenas o codinome daquele homem os faz ter tanto medo assim?

— Você não sente medo? 

— Porque eu sentiria temor em algo assim?

Se aproximando do rosto de Uzur, a garota de cabelo curto de cor azul reluzente e roupas de festival revelou um corte profundo que havia sofrido na cabeça, causado pela resistência de Uzur em sua fuga que havia acontecido outrora. 

— Ter medo das lendas é algo que nos faz sobreviver por mais tempo.

— Eu poderia realmente acreditar nas palavras de um velho como você, porém eu não estou afim disso agora.

— Você é novinha, mas não pense que eu não aguento o esforço!

Desistindo de andar contra a garota, Uzur se colocou de frente a ela, preparando para um combate corpo a corpo.

A garota que estava do outro lado do beco sorriu ao ver o velho homem decidir lutar ao invés de fugir. Os dois estavam machucados na cabeça por resultado de sua última luta física, algo similar a uma troca de momentos de resistência.

— Seja justo velho, você continua tendo vantagem em ser homem.

— Ser mulher não te dá desvantagem alguma. Conheço uma mulher que me faria morrer preso às trevas se quisesse.

Uzur partiu correndo o mais rápido que pôde em direção da garota, porém não teve efetividade em sua velocidade, dando tempo suficiente para que ela desviasse e o atacasse em revanche.

Tendo passado diretamente pela garota, foi atingido por um forte chute no centro de sua coluna, caindo para a frente apoiado com os braços no chão.

— Ai, eu não consigo…

Se aproximando do velho com pouca velocidade, a garota o chutou novamente nas costas, o fazendo perder o apoio do braço e cair diretamente ao chão.

— Isso é sem graça, me fizeram uma ótima propaganda de você e de sua luta com Alon.

— …

O nome proibido foi entoado diretamente na boca da garota, causando o silêncio total de Uzur, que respirava profundamente no chão.

Sua expressão variou totalmente, saindo de sua decepção para sua força, a qual surgia de sua alma quebrada há anos. 

— Penso sinceramente o porque Alon perdeu para alguém como você.

— Não repita…

Olhando em direção da voz que vinha do chão, a garota aproximou seus passos em busca de zombar ainda mais do velho caído.

— O que é velho? Não consigo te ouvir se você falar baixo assim, ha ha. 

Logo, o sorriso da garota se transformou em um vazio literal. Uzur tinha se levantado rapidamente logo que sentiu a presença dela, acertando um soco direto em direção a seu sorriso, o qual foi desfeito totalmente.

Caindo para trás, cuspiu sangue enquanto via seus três dentes da frente voarem para o decorrer do beco.

— Nunca repita o nome daquele miserável.

Virando o rosto da garota para que o olhasse nos olhos, Uzur a acertou com outro soco, o qual a desmaiou quebrando seu nariz.

Seu olhar de ódio queimava em sua face, transmitindo algo que não havia sido visto em toda sua vida. Sua dor era eterna em relação a perda de seu melhor amigo. 

Largando a garota caída no chão, decidiu poupar sua vida e sair daquele beco em busca de completar o objetivo que lhe faltava para tornar a sua rotina planejada.

— Tenho que ir atrás da garota mistério.

Correndo para a saída do corredor em direção a via principal, não desviou o olhar para trás em nenhum momento, deixando para trás a garota e o cenário de uma vitória extrema. 

   • • • • •

Parado a frente de Luna, o homem chamado Rony via todos os ventos negros que partiam em velocidade extrema em sua direção. Por mais de vê-los, nem sequer moveu seu tronco para desviar deles, apenas moveu sua mão esquerda para a frente para que pudesse bloqueá-los.

Logo, todos foram rebatidos para o céu e se desfizeram em meio ao vento incolor que pairava sobre o ambiente. 

Agora, Rony usava em suas mãos o cristal de Defesa, o qual tirou da expressão de Luna um enorme desgosto.

— Ah, todos vocês tiveram coragem de falar com aquilo?

— Está falando do mestre? Sim, tivemos coragem e prazer. 

— Vocês são sujos, figurativamente e literalmente. 

— Você foi rejeitada, Ravena? 

Incitando o ódio de Luna, a provocou com um forte sorriso, tirando dela sua principal fonte de paciência. 

Partindo em direção a seu alvo sem pensar duas vezes, Luna lançou de sua palma direita um dos ventos negros em direção de Rony, o qual o defendeu usando o escudo.

Rodeando rapidamente o corpo dele, ela lançou diversos ventos negros, os quais  foram defendidos e repelidos sem dificuldade alguma. 

— Você persiste! 

Aumentando a velocidade de seu próprio corpo, Luna atravessou seus limites físicos para que pudesse correr e lançar os ventos negros de forma ainda mais imprevisível.

— Você é forte, porém eu também tenho um troque.

Se cobrindo por completo de um fino vento branco, Rony recebeu todos os ataques de Luna de uma vez em cerca de três segundos. Haviam sido pelo menos vinte cortes profundos lançados contra o corpo de Rony, que estava escondido pela fumaça negra do conjunto dos ataques.

— … 

O silêncio pairou sobre o ambiente após o término dos ataques de Luna. Apenas sua respiração cansada podia ser ouvida juntamente ao vento que balançava seu vestido preto 

— Você viu?! Ha ha!

A voz que ecoou não vinha da frente de Luna, porém de suas costas, a qual foi atacada de forma repentina.

A tempo apenas de olhar para trás, Luna minimizou o impacto do ataque recebido usando seu joelho como principal alvo.

Lançada para longe pelo escudo que estava nas mãos de Mexy, caiu sobre o chão com um forte sangramento no joelho direito.

Mexy, que havia se livrado de sua paralisação, sorria sem controle. 

— Ai! Isso não foi o que eu pedi. — Murmurou Luna, deitando rapidamente sua cabeça ao chão antes de se levantar novamente.

— Vamos logo, Rony. Não temos todo o tempo do mundo para esse show.

Lançando imediatamente toda a fumaça negra para longe de seu corpo, Rony apareceu novamente, estando totalmente intacto aos ataques de Luna. Seu corpo evidentemente estava cansado, porém, não haviam ferimentos ou marcas em todo seu corpo.

O forte vento branco que o cobria permanecia, porém, estava aparentemente um nível mais forte que antes.

— Você ainda não aprendeu nada, não é Rony? Deixe com o experiente nisso. A partir de agora você luta comigo, Luna.

— Fico feliz que pelo menos um de vocês decidiu abrir a exceção de parar de me chamar de garota nesses momentos.

Se levantando completamente, Luna se pôs de pé com dificuldade, mancando em seu joelho direito.

A luta começaria a partir daquele momento. Os dois adversários já estavam frente a frente, porém, algo os fez perder sua atenção de forma repentina.

— Eu ouvi falar que vocês são amigos do Homem que matou meu melhor amigo, não é? Bom ver vocês!

Uzur finalmente tinha retornado ao campo principal e agora fazia parte da batalha do Festival de Fantasia do país do Escudo.

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