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CAPÍTULO 9 - PRIMEIRO PLANO

Uma casa medianamente grande estava sendo invadida pela garota de cabelo escuro, que apenas entrou quebrando a janela da lateral da casa.

– "Finalmente um lugar digno."

– "Você faz isso com uma naturalidade assustadora." – Respondeu o garoto, chegando em seguida dela na casa.

A casa na qual eles invadiram era uma casa mediana em tamanho e totalmente feita com paredes e um chão de pedra lisa de cor branca, dando um ar extremamente sofisticado para o local.

Luna nem mesmo esperou se acostumar com a nova ambientação e, assim que pôde, se deitou no sofá extremamente confortável que estava na sala.

O garoto a seguiu, porém, preferiu se manter em pé naquele momento.

– "O que você veio fazer nesse país?" – Perguntou Mizu, direcionando sua pergunta para a relaxada garota.

– "Você já vai começar de novo com esse papo chato?" – Retrucou Luna, se estendendo ainda mais na extensão do grande sofá de couro de animal.

– "Eu apenas quero alinhar nossos objetivos. Mesmo não sendo o que eu mais queria na vida, é melhor ter você como aliada do que como uma adversária." – Disse Mizu, caminhando para se sentar no chão ao pé do sofá que a garota estava deitada.

A garota apenas observou o garoto se sentar e ao perceber que ele realmente faria, se sentou no sofá para formalizar a conversa de forma minimamente respeitosa.

– "Quer que eu seja sincera?"

– "Transparência é essencial."

– "Eu nunca seria sua inimiga ou adversária, isso seria perda de tempo. Nem teria graça te matar."

– "Ah, mas quem vocês pensam que são?!" – Mizu levantou a voz enquanto generalizava Luna em relação aos guardas do país em que estava naquele momento.

A garota apenas manteve seu clássico sorriso irônico ao perceber que o garoto estava aos poucos perdendo sua paciência novamente. Irritar e provocar tinha se tornado um hábito divertido para ela.

Por sua vez, o garoto se mostrou inquieto após a primeira provocação da garota e, mais do que nunca, ele se pôs em semblante sério e tom de voz definido.

– "Você ainda não entendeu. Se nossos objetivos não forem alinhados, não podemos seguir juntos."

– "Você está preocupado demais." – A garota se levantou do sofá e caminhou em direção a uma das paredes do cômodo onde estavam. A parede coberta de quadros de armas fazia com que o garoto perdesse seu primeiro foco da garota, que completou – "Na verdade eu nem tenho um objetivo."

Por mais simples que fosse, aquela frase parecia criminosa aos olhos do garoto, que não pôde acreditar no primeiro momento.

– "Como assim?! Para de provocações." – Disse Mizu, inclinando seu corpo para a direção de Luna, quase se pondo de pé.

– "É exatamente como eu disse, na verdade eu não tenho nenhum objetivo."

A garota respondia de forma calma, porém, não conseguia convencer o teimoso garoto, que permaneceu demonstrando desconfiança em suas falas

Ela, por sua vez, parecia nem mesmo se importar com a descrença do garoto sobre suas falas.

Saindo da parede de quadros, Luna caminhou em direção ao garoto, que retomou sua primeira perspectiva, focando apenas na garota que agora andava em sua direção.

– "Você é extremamente persistente em ser idiota, sua criança." – Disse Luna, inclinando seu corpo praticamente na frente de Mizu.

"Ela é extremamente bonita" – Foi isso que ele pôde pensar enquanto ouvia a repreensão da garota que estava a poucos metros de seu rosto.

Sem dar atenção para as palavras dela, Mizu puxou sua atenção para o mundo real após ver a garota à sua frente se afastar assim que terminou de o repreender. Por mais de não saber o motivo e não ouvir a repreensão, ele torcia por mais daquilo.

– "Tudo bem. Se você diz que não tem objetivos, porque está aqui comigo?" – Disse Mizu, recobrando sua linha de pensamento e retornando ao assunto principal.

A garota que estava em pé, decidiu se sentar no sofá, fazendo com que o garoto também se levantasse do chão para sentar no sofá.

– "Simplesmente te achei interessante e acho que formamos uma boa equipe." – Disse Luna de forma confiante.

Mizu estava a ouvindo com atenção, porém, dividia seus pensamentos entre ouví-la e entender a melhor forma de se aproximar fisicamente sem causar uma estranheza grande ou um desconforto desnecessário.

Aparentemente incomodada, a garota já tinha percebido as intenções e pensamentos do garoto apenas ao ver seus olhares alternados entre encarar diretamente seus olhos e encarar o espaço físico dos dois no sofá.

– "Me diga então."

Se colocando para o lado, ela ocupou todo o espaço que havia entre eles e seguido disso, segurou sua mão, fazendo com que ele se perdesse totalmente em meio a vermelhidão de todo seu rosto e corpo.

– "Me diga seus objetivos, gato." – Ela disse enquanto piscava um de seus olhos, indicando novamente uma provocação ao garoto, que dessa vez nem parecia se incomodar.

– "É… eu… é…" – Gaguejou Mizu, antes de apenas desistir de responder a pergunta da garota.

– "Tudo bem, eu já entendi." – Disse Luna enquanto se distanciava novamente do garoto, soltando sua mão.

Tendo que se separar daquele bom momento, ele se sentiu triste, porém, sabia que não conseguiria bancar aquela ação por muito tempo sem que fizesse alguma ação ou comentário idiota. No fim, por mais ruim que a distância fosse, ela ainda era uma grande aliada.

Respirando fundo, ele retomou sua confiança e pouco a pouco se livrou do forte tom vermelho de seu rosto.

– "Eu vim aqui para acabar com as guerras. Eu quero conquistar todos os cristais do poder e me tornar o governador total de todos os países-estado, assim eu poderei unificar todos os lugares em apenas um, diminuindo as guerras e mortes."

Em forma triunfante, o garoto recuperou foda sua confiança ao decorrer de sua fala e, com intensidade, exibiu toda sua determinação e planejamento de vida para a garota, que sinceramente respondeu de forma séria.

– "Isso não me parece uma simples mania de super herói. Um dia quero que me conte o que te leva a toda a sua hipocrisia."

– "Hipocrisia?" – Respondeu Mizu, aumentando seu tom e praticamente se levantando do sofá.

– "Esquece isso por agora, não é importante." – Respondeu Luna de forma rápida, cortando qualquer ação impensada pelo garoto.

Os dois se mantiveram em tom baixo de voz e após a fala de Luna para acalmar Mizu, aproveitaram o curto período de silêncio para relaxar no couro macio do sofá.

– "Se seu objetivo é chegar até o Cristal da Defesa, eu tenho uma ideia inicial." – Retomou Luna.

– "O que lhe vem à cabeça, Luna?" – Respondeu Mizu.

– "Enquanto você dormia, eu passei por alguns pontos da cidade e encontrei um laboratório ao fundo da parte oeste do país, ao lado dos muros."

– "Lá está o cristal?"

– "Parte dele."

Mizu se mostrou em forte dúvida durante o passar da conversa, o que apenas dava mais margem para que Luna mostrasse todo o conhecimento que tinha sobre o país em apenas uma manhã de passeio por ele.

– "O cristal de defesa é separado em vários pedaços, cada um representa uma porcentagem do poder. Alguns membros do exército tem fragmentos do Cristal, alguns maiores, alguns menores, outros não possuem." – Disse Luna enquanto gesticulava com suas mãos para exemplificar de forma vívida para o garoto.

– "Então quer dizer que tenho que pegar cada fragmento?" – Respondeu Mizu enquanto diminuía seu semblante.

– "Exatamente. Porém, quando se tem um fragmento do cristal, fica mais fácil conquistar o resto."

Luna sorriu enquanto levantava seu polegar, mostrando simplicidade em sua dica. Sem deixar margem para Mizu responder, Luna completou:

– "No final, mesmo com vários fragmentos espalhados por diversos guardas e pessoas, o mais poderoso deles está em posse do líder do país. É por isso que vamos buscar um pequeno fragmento primeiro e isso começa no prédio de pesquisa." – Finalizou Luna.

Mizu estava com o semblante baixo e a injeção de ânimo que a garota tinha lhe dado até aquele momento não era suficiente. Ele precisava de algo a mais.

Percebendo isso, Luna novamente se aproximou dele e, segurando sua mão, o beijou na bochecha. Era uma forma provocativa e fofa de fazê-lo ter confiança.

Sorrindo, ele finalmente se deu conta que não estava mais sozinho. Porém, sua compaixão ainda era menor que sua impressão de estar sozinho em sua missão. Por mais de tudo, ele ainda pensava ser o único capaz de realizar seu plano.

– "Muito obrigado." – Sorriu Mizu em direção ao rosto de Luna, que largando sua mão apenas sorriu de volta de forma simples.

– "Tudo bem, cale a boca e vamos invadir o prédio."

Luna se levantou do sofá e saiu em direção a porta da casa, na qual parou para esperar o garoto, que após se desgrudar do confortável sofá, caminhou lentamente até a porta.

– "O plano é o seguinte. Você vai invadir o lugar e limpar de todos aqueles que forem necessários. Enquanto isso, eu procuro a planta descritiva do local para te guiar lá de dentro." – Luna disse antes que saíssem finalmente da casa.

– "Ao final de tudo eu acho que cabe uma boa noite de sono." – Comentou Mizu.

– "Esqueça seu sono quando estiver perto de mim." – Disse Luna, usando um forte tom provocativo

– "Vindo de você isso me assusta." – Respondeu Mizu, de forma cuidadosa.

– "Não disse nesse sentido, seria mais provável eu te matar durante a noite."

– "Ah, cale a boca, Luna!"

Finalmente os dois saíram andando normalmente em direção ao prédio que estava ainda longe, porém, não demoraria tanto a chegar tendo em vista o ritmo da boa conversa entre os dois jovens invasores.

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