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31. Olá, Amandla.

— Olivia Hamilton. — Beatriz começou a ler no computador as informações. — Vinte seis anos...

Hailee assistia tudo na sala com sua roupa rotineira e não com o uniforme de Goddess Woman. Do lado de fora da sala andando pelos corredores uma pessoa que não devia estar ali, mas que tinha trago pela primeira vez, Jill, em um péssimo dia por sinal.

— Perdeu o pai aos doze anos, desde então com a mãe, a irmã adotiva e a avó, moraram no orfanato que a família cuidava...

Beatriz ia lendo as partes mais relevantes e Hailee se surpreendia mais, Jill iria ficar tão brava se descobrisse, por sorte Scarlet estava com ela pelos corredores.

— Aos dezesseis a avó faleceu, aos dezoito entrou para o exército, e serviu lá por um ano e meio, antes de sair e alguns meses depois dar à luz à Amandla Hamilton...

— Porra! Você tem uma filha!

— Tenho, ela mora com minha irmã no orfanato da nossa família. — Olivia falou não muito alto.

Ela estava sentada em uma cadeira giratória. Beatriz também sentada em frente ao computador e Hailee de pé perto da mesa do mesmo.

— Ela sabe de você? — Hailee curiosa como sempre foi quem perguntou.

— Sabe, eu a vejo quase todos os dias. — respondeu, se sentindo envergonhada por abandonar a garotinha junto com crianças que realmente não tem família. — Desde que mamãe morreu ela fica com minha irmã.

— Posso conhece-la?!

— Na verdade, você já a conhece. — Olivia revelou e Hailee ficou confusa. — Lembra quando levamos aqueles presentes em um orfanato?!

— Lembro, claro, foi um dia incrível! — Hailee falou, se animando. — Não me diga que aquela garotinha de cabelos cacheados que pediu uma boneca de uma heroína que fosse negra!

— Sim, é a Amandla. — Olivia sorriu um pouco ao pensar na filha.

— Uau, ela é incrível, parabéns Olivia!

— Obrigada.

— Agora podemos falar de você roubar os poderosos da cidade...

Olivia concordou e esperou que Beatriz continuasse. A loira se levantou e correu até porta para olhar o corredor.

— Scarlet! Você nunca me obedece, por quê?!

— Mas o que eu fiz agora? — a latina perguntou.

Ela viu Jill sair correndo, mas não soube o porquê, já que estava conversando com agente Reyes.

— Você fez Jill escutar que a namorada dela é uma ladra! — Beatriz gritou com a latina.

— Minha vida está toda ferrada agora. — Olivia grunhiu se sentindo estúpida.

— Logo ela se acostuma. — Scarlet brincou, mas a única que esboçou um sorriso foi Hailee.

— Agora você faz piada, não é?! — Beatriz alfinetou.

— Jill é muito enxerida! Queria ver a sala dos prisioneiros! Acredita?!

— Não importa, Scarlet. — Beatriz falou em tom autoritário. — Apenas vá atrás dela... E você também, Hailee!

Scarlet saiu correndo assim que a ordem foi feita. Ela já contrariou Beatriz o suficiente.

— Tenho que falar com Jill, Beatriz, você tem que me liberar!

— Não vai ser o melhor momento. — Hailee falou antes de sair atrás de Jill também. — Estou falando por experiência própria.

*****

Jill passou a noite e o dia seguinte no apartamento na companhia de Hailee e Scarlet, chorando e as vezes enfurecida.

— Não vou ficar nesse apartamento cheio de coisas e lembranças de uma MULHER FALSA E MENTIROSA!

— Jill, não estou dizendo para ficar, apenas tentar entender o lado da Olivia. — Hailee falou, tentando tratar a amiga com toda a educação e paciência possível.

Scarlet estava parada perto da janela, do quarto de Jill e Olivia.

— Ela mentiu... Ela mentiu...

— Começou o mantra novamente... — Scarlet murmurou impaciente para si, mesmo assim Hailee que estava atenta escutou.

— Não seja insensível, você passou por isso e me fez passar também. — Sussurrou mostrando seu descontentamento com a situação que envolvia suas amigas.

Andou até Scarlet e logo voltou para cama, onde Jill estava agarrada em um travesseiro repetindo seu mantra.

— Desculpa, Hai. — Scarlet pediu ainda na janela.

— Tudo bem. — Hailee concordou. — Não acha melhor pegar suas coisas e você ir para o meu apartamento e da Scarlet?

Passou uma de suas mãos carinhosamente no braço e ombro esquerdo de Jill, que estava deitada de lado.

— Mas eu vou incomodar vocês. — Jill murmurou com a voz baixa e quase chorando.

— Nós sabemos que vai, mas você é nossa amiga.

— Hailee! — Scarlet repreendeu. Depois ela que era insensível.

— Nós não nos importamos. — Hailee não se abalou com a repreensão de Scarlet.

— Mas e Olivia? Quem vai cuidar dela? — A pergunta surpreendeu as duas.

— Nós vamos.

— Scarlet, vocês vão. — Jill retrucou. — Eu não.

— Entendo. — A latina concordou. — Você poderia me dizer o que vai levar para que eu possa pegar?

— Minhas coisas ficam do lado direito do closet. — Jill falou e se sentou na cama.

Scarlet logo começou a jogar, literalmente, as roupas de Jill na primeira mala que achou.

— Ei, vão amassar. — Hailee falou assustando a latina que estava distraída jogando tudo com a maior preguiça possível.

Jill passou pelas duas e foi para o lado esquerdo do closet, onde as roupas de Olivia estavam. Pegou algumas peças que Olivia usava para dormir e jogou por cima da mala que Scarlet agora lutava para fechar.

— Deixa comigo, Scar.

— Claro, Goddess Woman. — Retrucou fingindo sarcasmo.

— Eu sinto que você ainda me odeia quando fala dessa forma. — Hailee murmurou.

— Como assim "ainda me odeia"? Nunca te odiei realmente, apenas era uma ciumenta de merda. — Scarlet brincou.

— Você continua sendo uma ciumenta de merda, Scarlet. — Jill se intrometeu. — Trouxa.

— Pelo menos não sou eu que estou roubando roupas.

— Vamos fingir que não estamos vendo, Amor. — Hailee cutucou Scarlet enquanto sussurrava.

Jill nada respondeu, e as três logo pegaram tudo que fosse da polinésia para saírem do apartamento.

*****

— Onde estamos indo?

— Você saberá logo. — Hailee retrucou pela terceira vez para Jill.

A elladiana dirigia o carro de Jill, ao lado de Scarlet. A polinésia na parte de trás mas praticamente com os braços nos ombros das duas.

— Nem eu sei onde estamos indo. — Scarlet falou olhando pela janela. O centro da cidade ia ficando mais distante, dando lugar a casas e prédio menores.

Assim que pararam em frente a um grande casarão com grades e o portão azul claro, Hailee e Scarlet se olharam, esperavam que Jill não surtasse.

— Orfanato Hamilton? — Jill leu e ficou confusa. — Você me trouxe no orfanato que Olivia cresceu?

— Trouxe. — Hailee respondeu descendo carro.

Scarlet fez o mesmo e se aproximou do portão. Apertou o botão da campainha sem saber ao menos se Hailee entraria ou só mostraria à Jill o lado de fora.

— Por quê? — Jill perguntou e Hailee a olhou sem entender. — Me trouxe aqui... Dãr?!

— Espera, Jill, que mer...

— Tem alguém vindo. — Scarlet interrompeu Hailee que já estava ficando sem paciência.

Hailee ficou ao lado de Scarlet, no portão. Logo uma mulher apareceu. O cabelo em duas tranças, vestida com moletons que cobriam parte de sua pele negra.

— Hailee? Oi! — falou animada.

— Olá, Leigh-Anne. — A elladiana acenou.

— Veio ver as crianças sem a Olivia?! — perguntou surpresa enquanto destrancava o portão. — E quem são suas amigas?

— Sim, resolvi que seria bom trazer Jill aqui. — A negra arregalou os olhos e quis se estapear por não reconhecer a loira das fotos que Olivia havia mostrado algumas vezes. — E essa é Scarlet, minha...

— Eu sou dela, apenas isso. — Scarlet tentou ajudar Hailee. — Ainda não nos rotulamos.

— É, isso.

— Tudo bem. — Leigh-Anne sorriu. — Vamos entrar.

— Claro, com licença, Leigh-Anne. — A negra assentiu

— Hailee é elladiana ou inglesa? — Jill sussurrou para Scarlet que riu.

— A educação de lá deve ser a mesma dos ingleses. — respondeu para a polinésia.

— Ingleses são muito frescos! Não acha?

Scarlet nem se deu ao trabalho de responder, mas gostou de ver que estava distraindo Jill de seu mantra chato e se seu choro ainda mais insuportável.

— Você pode nos levar até Amandla? — Hailee olhou para o relógio ainda não era tão tarde mesmo que já fosse noite.

— Posso, as outras crianças já devem estar quase dormindo, mas Amandla parece ter energia para vinte. — a negra riu. — Ela sabe sobre Amandla?

Olhou sobre o ombro para Jill.

— Ainda não, mas ela vai ligar os pontos logo. — Hailee respondeu. — Jill descobriu coisas sobre Olivia ontem.

— Prenderam ela?

— Você sabia o que Olivia faz?

— Sou irmã dela! — Leigh-Anne respondeu. — Claro que sei.

— Não vamos falar disso agora...

— Tudo bem. — Concordou e continuou a levar as três orfanato a dentro.

Os burburinhos das crianças iam aumentando de acordo com a proximidade dos quartos. Scarlet estava louca para ver e talvez até brincar com as crianças, mas foi arrastada por Hailee até a parte de trás do orfanato, onde entraram em uma casa. E logo depois subiram uma escada para parar em frente a uma porta lilás.

— Mands, já está dormindo? — Leigh-Anne bateu na porta.

— Não, tia. — A voz infantil respondeu.

— Tenho visitas, posso deixá-las entrar?

Passos apressados vieram até a porta, e logo a mesma foi aberta.

— Tia Hailee! — a garotinha agarrou a mulher.

— Olá, Amandla. — Hailee acariciou a cabeça do ser agarrado em si. — Vejo que ainda se lembra de mim.

— Sim, a senhora veio com a Mommy... — olhava para Hailee enquanto falava, e quando percebeu seu erro arregalou os olhinhos. — Quer dizer Oli.

Jill estava em choque, mas conseguiu balbuciar.

— É a filha da Olivia... Meu Deus!

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