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Capítulo X - Conto 38: Sombra...

Acordo de madrugada, o quarto está escuro. Ouço um grunhido bem baixinho, quase inaudível.

"Tem alguém no quarto. Será que está dizendo algo? Não consigo entender!" – penso curiosa.

Presto mais atenção no grunhido, percebo que ele se aproxima devagar, aproxima-se mais, ouço melhor. Está perto agora...

- O que você quer? – pergunto, tentando entendê-lo.

Responde com urro alto, parecendo um cão raivoso! Vejo uma sombra translúcida do meu lado, que avança sobre mim. O que é essa sombra?

Minhas mãos começam a se retorcer... tenta controlar minhas pernas, braços e boca. Percebo que essa sombra é um ente maligno!

- Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino... – recito, com a mente.

Ela se vai e recupero meus movimentos. Esse tipo de entidade odeia orações. A reza os incomoda, e, elas se afastam.

Fico indignada, a sombra me instigou, aproximou-se bem devagar, e quase conseguiu dominar meu corpo! Como me deixei enganar? A partir de agora não caio mais nesse truque!

Uma semana depois tenho um sonho... Estou sentada no banco de uma igreja. As paredes são douradas e têm arabescos. Ouço uma música religiosa ao órgão. É um lugar frio e sombrio. Olho para o lado e não vejo os fiéis, encontro-me só.

Que estranho! A igreja não tem púlpito! Mas, o que estou fazendo aqui?

Percebo que um detalhe, no canto da parede, parece mudar de forma, bem devagarinho... Fixo o olhar nele.

O que será? Parece que está se formando um rosto... tento entender...

Presto mais atenção... surgiu um rosto! O que está saindo da boquinha dele?

Dessa boca sai a sombra, urrando, e me ataca!

Percebo que tenta controlar no meu corpo. Caí no mesmo truque, não acredito!

- Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza... – recito o "Salmo 91"

Uma luz branca o atinge, numa explosão...

E a sombra desaparece.

Em seguida, dois espectros vêm e deitam na cama, um de cada lado, apertando-me.

- Você é muito bonita, sabia? – diz um deles, lascivo.

- Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas estarás seguro... – continuo orando.

E os espectros fogem, voando para longe. Percebo que esses são de natureza diferente da sombra pois conseguem se comunicar claramente.

­- Obrigada Senhor, pela sua proteção. – agradeço a Deus, num suspiro.

Durante a tarde, ligo para minha mãe:

- Mãe, não acredito que o ente manipulou meu sonho! Criou uma igreja, que parecia real! O estranho é que nela não existia púlpito.

- O púlpito é o altar do Senhor, ele é sagrado, e por isso não apareceu. – explica.

- Ele me instigou duas vezes, de formas diferentes! Tenho certeza que o anjo do Senhor estava lá!

- O Senhor te protege.

- Mas, como chegou até mim?

- Curiosidade... eles também veem através da curiosidade. – avisa.

- Será que alguém mandou?

- Não sei, Deus não diz nada.

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