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noite cálida e outonal

O silêncio da noite envolvia a fazenda, apenas interrompido por sutil sugestão das folhas ao vento. Alexandre, inquieto em seu quarto, sentiu uma estranha sensação no ar, algo que não poderia definir. Era como se o peso de algo indefinido pairasse sobre ele.

Incapaz de ignorar essa sensação, Alexandre clamou-se da cama, deixando-se guiar pelo instinto até o quarto de Sebastião. Bateu levemente na porta, esperando uma resposta.

"Sebastião, posso entrar?", perguntou com preocupações, desejando oferecer algum conforto ao amigo.

A voz suave de Sebastião respondeu do outro lado da porta, "Claro, entre."

Alexandre entrou no quarto, encontrando Sebastião sentado na beira da cama, perdido em seus próprios pensamentos. A expressão preocupada do amigo não passou despercebida.

"Eu não sei explicar, mas algo parece fora do lugar esta noite. Algo incomum", Alexandre, tentando encontrar palavras para expressar o que sentisse.

Sebastião olhou para ele, seus olhos refletindo uma mistura de tristeza e preocupação. "Eu também tenho sentido algo estranho ultimamente, como se algo aconteceu para acontecer, mas não sei exatamente o quê."

Os dois amigos trocaram olhares significativos, entendendo a inquietação um do outro.

"Sei que as coisas têm sido difíceis para nós três", começou Alexandre, escolhendo suas palavras com cuidado, "mas estou disposto a fazer de tudo para podermos encontrar um caminho para a felicidade juntos. Quero que saiba que estou aqui para você, para você todos nós."

Sebastião concordou, emocionado pela sinceridade nas palavras de Alexandre. "Eu sei que podemos superar isso juntos. Você é como um irmão para mim, e não quero que nada nos separe."

Alexandre se mudou e abraçou Sebastião, transmitindo seu apoio e determinação em proteção o que restava de sua família. Era um gesto de solidariedade, um compromisso de cuidado mútuo.

Juntos, eles se reuniram por um momento, compartilhando silenciosamente o conforto e a determinação de enfrentar o futuro incerto, mas unidos pela força da amizade e do apoio mútuo.

O vento suave balançava nas folhas das árvores, criando uma melodia suave na fazenda. Petrônio, determinado e firme em sua decisão, decidiu por sua mãe, dona Elisa, para ter uma conversa séria sobre o futuro da propriedade e de seus moradores.

Encontrou-a sentada no alpendre, contemplando a vastidão dos campos que se estendiam à sua frente. Com passos decididos, orientado-se dela, o coração pesado com o peso das palavras que eu preciso compartilhar.

"Mãe, posso falar com a senhora?", perguntou Petronio, buscando um olhar de aprovação para iniciar a conversa.

Dona Elisa concordou, percebendo a seriedade no semblante do filho. "Claro, meu filho. O que você está preocupado?"

Petronio respirou fundo, buscando as melhores palavras para expressar seus sentimentos. "Mãe, tenho refletido muito sobre o que está acontecendo na fazenda. Percebo que algumas mudanças podem estar por vir, mas quero que saiba que minha presença aqui não será motivo para que ninguém seja despejado."

Dona Elisa franziu levemente a testa, olhando para Petronio com curiosidade e um pouco de preocupação. "Mas, filho, como assim? Você é parte importante deste lugar, todos sabem disso. Por que diz isso?"

Petronio respirou fundo, escolhendo cada palavra com cuidado. "Mãe, independente do que aconteça comigo, eu sei que uma fazenda é o lar de muitos. Eu não quero que ninguém se sinta ameaçado ou inseguro por minha causa. Minha vida não vai mudar o que esta fazenda significa para todos nós."

Dona Elisa olhou profundamente nos olhos do filho, compreendendo a nobreza de seus interesses. Uma mistura de orgulho e preocupação preenchia seu coração materno.

"Você sempre foi um filho dedicado e justo, Petronio. Mas não quero que sacrificar seu próprio futuro por nós", respondeu ela, com uma mistura de emoções.

Petronio abriu levemente os ombros da mãe, transmitindo seu compromisso. "Não se preocupe, mãe. Eu encontrarei meu caminho, mas é importante para mim que ninguém seja afetado injustamente. Todos merecem um lar seguro e estável aqui na fazenda."

O silêncio preencheu o espaço entre mãe e filho, carregado de compreensão e afeto. Dona Mirtes abraçou seu filho, sentindo-se orgulhosa da compaixão e da determinação de que ele demonstrasse em proteger a comunidade que tanto amava.

O Senhor Herculano sentia uma inquietação crescente desde que o novo vizinho, um homem reservado de semblante sério, se tivesse mudado para uma propriedade vizinha. Decidiu então ir pessoalmente conhecer o recém-chegado, buscando compreender mais sobre seus interesses na região.

Caminhou até a propriedade vizinha, o coração pulsando forte enquanto se aproxima da casa do novo morador. Após um breve momento, fui recebido com uma expressão surpresa quando o homem abriu a porta.

"Boa tarde, senhor... Perdão pela visita inesperada. Sou Herculano, moro na fazenda ao lado. Gostaria de me apresentar e conhecer melhor nosso novo vizinho", disse o Senhor Herculano, mantendo-se cordial.

O homem pareceu surpreso ao ouvir o nome, seu semblante demonstrando uma confusão de emoções. "Herculano... Sou Joaquim. Entre, por favor."

Ao entrar em casa, o Senhor Herculano notou uma fotografia antiga em destaque na sala. Seus olhos se fixaram na imagem por um instante, reconhecendo imediatamente a pessoa retratada.

"Esse é...!", ele começou, surpreso.

Joaquim assentiu, completando a frase do senhor. "Sim, essa é minha irmã, Mirtes."

A revelação caiu como um peso no coração do Senhor Herculano. A surpresa e o entendimento se misturaram em sua mente. "Então você é irmão de Mirtes..."

Joaquim suspirou, pesaroso. "Sim, estou aqui para tentar evitar que ela me tome uma decisão que possa prejudicar a todos nós."

O Senhor Herculano ficou intrigado, querendo compreender melhor o que estava vencendo. "O que exatamente está acontecendo, Joaquim? Por favor, me explique."

Joaquim participou das preocupações e dos recebimentos, revelando detalhes sobre os planos de Mirtes que poderiam afetar a comunidade. Ele expressou a esperança de que sua presença pudesse dissuadi-la de tomar medidas drásticas.

O Senhor Herculano ouvia atentamente, absorvendo cada palavra com preocupação crescente. As peças começavam a se encaixar, e ele compreendia a importância de intervir para evitar possíveis conflitos.

"Compreendo sua preocupação, Joaquim. Vou fazer o possível para ajudar e garantir que as coisas não saiam do controle", prometeu o Senhor Herculano, sentindo a responsabilidade de agir para preservar a harmonia na região.

Joaquim assentiu, agradecendo pela compreensão e apoio do vizinho. O Senhor Herculano saiu de casa com um peso no coração, mas determinou encontrar uma solução que evitasse qualquer conflito iminente e protegesse a comunidade que tanto estimava.

O sol já declinava no horizonte quando o carro de Dona Idalina e Margarida retornou à fazenda vinda de Aimorés, onde fez alguns dias na casa de Margarida. A estrada de terra se estendia à frente, pontuada por árvores que balançavam suavemente ao sopro do vento.

Ao chegar à entrada da propriedade, o carro impulsiona a velocidade e as batidas por um caminho carregado por campos verdesjantes. Dona Idalina sorriu ao avistar a familiaridade da fazenda, enquanto Margarida observava, nostálgica, as paisagens conhecidas que se descortinavam diante delas.

O carro parou em frente à casa, e Dona Idalina desceu primeiro, esticando os braços para o céu enquanto absorvia a energia do ambiente familiar. Margarida acompanhou, um sentimento de pertencimento acolhendo seu coração.

"Ah, que saudade eu estava daqui!", exclamou Dona Idalina, olhando ao redor com carinho.

Margarida concordou, sentindo um calor reconfortante ao regressar à fazenda. "É bom estar de volta."

Juntas, caminharam em direção à entrada da casa, respirando o ar fresco da tarde. Os pássaros cantavam melodias tranquilas, saudando-as com sua característica serenata.

Ao cruzarem os limiares da porta, foram recebidos pelos familiares e pelos empregados da fazenda, que aguardavam com sorrisos calorosos e palavras de boas-vindas.

"Como foi a viagem, Dona Idalina? Margarida, como está sua irmã?", perguntou um dos empregados, ansioso por saber das novidades.

Dona Idalina e Margarida compartilharam um olhar cúmplice, expressando a alegria de terem passado bons momentos em Aimorés. "Foi uma visita maravilhosa. Margarida está bem, agradecida pela hospitalidade da sua irmã", respondeu Dona Idalina, transmitindo tranquilidade e satisfação.

Enquanto se acomodavam, o começaria a mergulhar na fazenda em tons dourados e alaranjados. Dona Idalina e Margarida sentiram-se em casa, cercadas pelo aconchego daquele lugar que sempre viram chamar de lar.

O sol mergulhava no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e violeta, enquanto Francisco e Saulo retornavam do passeio pela roça. Eles caminharam pelo caminho familiar até chegarem à margem do rio que serpenteava próximo ao barraco.

"Esse rio aqui é meu lugar favorito para um mergulho, Saulo. Vamos tomar um banho para refrescar", disse Francisco, sorrindo enquanto descalçava as botas e arregaçava as calças.

Saulo concordou animado, pronto para desfrutar da água refrescante. Juntos, eles seguiram pela margem do rio até encontrarem um ponto tranquilo, onde a água cristalina convidava para um mergulho revigorante.

Com um sorriso largo no rosto, Francisco mergulhou na água, sentindo o frescor envolvendo seu corpo. As risadas alegres ecoavam à medida que ele nadava, aproveitando cada momento daquele banho no rio.

Saulo o abafa, mergulhando na água com entusiasmo, sentindo o intervalo do calor enquanto nadava ao lado de Francisco. A água fluía suavemente ao redor deles, refletindo os últimos raios do sol que se despediam.

Os dois amigos brincavam na água, compartilhando histórias e aproveitando a liberdade daquele momento. A correnteza os levava suavemente rio abaixo, e eles se deixavam levar, desfrutando da calmaria e da serenidade do ambiente.

O som suave da água correndo e o crepitar das folhas ao vento criavam uma trilha sonora relaxante. A atmosfera tranquila do entardecer preenchia o ar, enquanto Francisco e Saulo flutuavam, livres de preocupações, desfrutando da simplicidade e beleza daquele momento no rio.

À medida que o sol se despediu no horizonte e o céu ganhou tons mais profundos, Francisco e Saulo saíram da água, sentindo-se revigorados e em paz após o banho refrescante. Com sorrisos tranquilos, vestiram suas roupas secas e caminharam de volta ao barraco, gratos pela harmonia e amizade compartilhadas naquele rio sereno.

Mauro Augusto e Cícero caminharam lado a lado pela estrada de terra que conduzia à fazenda. O silêncio entre eles era necessário apenas pelo som suave dos passos na terra e pela brisa fresca que soprava.

Após um tempo, Mauro parou por um instante, olhando para o horizonte. Cícero, percebendo a pausa, também parou ao seu lado, observando a mesma paisagem.

"É um dia bonito, não acha?", disse Mauro, rompendo o silêncio com simplicidade.

Cícero focado, olhando para o céu azul salpicado de nuvens brancas. "Sim, é um dia esplêndido."

Um breve momento de calma envolvendo dois homens, um momento de tranquilidade compartilhada entre eles.

Sem dizer uma palavra, Mauro se mudou de Cícero e o abraçou de forma suave, mas significativa. Foi um gesto espontâneo, carregado de entendimento e solidariedade.

Cícero, surpreso inicialmente, retribuiu o abraço, sentindo uma emoção sincera naquele gesto. Era como se um elo de compreensão tivesse se formado entre eles naquele instante, um gesto que transcendeu as diferenças e desentendimentos do passado.

Eles se abraçaram por um momento, sem pressa, como se o tempo tivesse desacelerado ao redor, permitindo-lhes desfrutar daquele breve instante de conexão.

Quando finalmente se afastaram, trocaram um olhar que expressava uma nova compreensão mútua. Era como aquele abraço teve laços estreitos invisíveis, criando uma ponte de entendimento entre os dois.

"Obrigado, Mauro", murmurou Cícero, com um leve sorriso nos lábios.

Mauro concordou, sem precisar de mais palavras para expressar o sentimento compartilhado naquele momento especial.

Juntos, eles retomaram a caminhada em direção à fazenda, não como estranhos, mas como homens que, mesmo com diferenças, aprenderam um momento de conhecimento e familiaridade.

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