Um Olhar Sob o Véu da Noite

Sangue gotejava pelas pontas dos meus dedos. Meu peito afundava, a risada maníaca de Micaela ao fundo perfura meu cérebro.

— Diga-me, eu não avisei...? E ainda assim, vocês... Vocês encostaram nela!!

— Estás morto...! Você está morto! ...O único filho do rei, você...

Antes que pudesse completar sua fala, com um estralo em seu pescoço, sua cabeça rola pelo carpete azul.

— Cala-te...

Meu coração doía, não conseguia reconhecer a voz saindo da minha boca. Não era mais eu, morri novamente quando a encontrei naquele estado.

Como se pudessem sentir meu desespero, por todo o condado, uma tempestade furiosa de pura escuridão cobriu os céus.

— Acho que vocês não entenderam algo...

Enquanto falava, fogo negro disparou das sombras em direção a todos aqueles que estavam ali presente, queimando-os.

— Todos vocês aqui vão morrer!!

O desespero consumia tudo.

Por um raio de milhares de metros, com a figura envolta em escuridão no centro, um inferno de fogo negro queimou tudo, consumindo todas as formas de vida que por ali viviam.

— Em tua memória, culpado algum sobreviverá! Eu prometo, está é uma promessa de sangue!

...

Para ser honesto, minha vida acabou há muito tempo.

Pois a morte, a cada instante em que estava consciente, era a única coisa que desejei.

Viver já não tinha propósito, só desejava que minha vida se encerasse sem dor.

Mas sou um covarde, por longos anos vivi acorrentado em minha própria prisão de covardia, não por medo de morrer, mas pela chance de sobreviver.

Eu queria desaparecer tanto...

E então, um dia meu desejo se realizou.

No dia em que notei a incomum agitação dos paramédicos, que estavam cada vez mais desesperados, algo estralou em minha cabeça. Eu sabia que enfim havia me libertado.

Mas ao contrário do que eu esperava o esquecimento eterno veio de uma forma diferente.